Bolsonaro diz não achar 'nada de mais' dar carona em avião oficial

'Não vejo nada demais nisso aí', afirmou o presidente

O presidente Jair Bolsonaro falou com a imprensa no Palácio da Alvorada - Antonio Cruz/ Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (3) não achar "nada de mais" que uma autoridade do Poder Executivo conceda carona em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) durante uma viagem oficial.

Em maio, como revelou o jornal Folha de S.Paulo, a mulher do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pegou carona para passar férias em Paris, na França, onde o chanceler participaria de encontro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Ela, que foi e voltou com a aeronave oficial, ficou em Paris como turista, sem pagar passagem e compartilhando o quarto com o marido. A hospedagem foi custeada pelo governo, uma vez que Ernesto estava em missão oficial.

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"Se um avião presidencial nosso vai para algum lugar a serviço, não vejo nada demais levar alguém no avião. Não vejo nada demais nisso aí. Agora, se está errado, se tiver alguma norma dizendo o contrário, eu vou conversar com ele", disse o presidente.

Poucos dias antes de assumir o Palácio do Planalto, Bolsonaro distribuiu uma cartilha com normas e procedimentos éticos. No capítulo sobre voos oficiais, o documento estabelece que somente o ministro e a equipe que o acompanha no compromisso podem utilizar as aeronaves.

O presidente lembrou que, em julho, um helicóptero da Presidência da República foi autorizado por ele a transportar seus parentes, como primos e sobrinhos, para o casamento de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), realizado no Rio de Janeiro.

"É a mesma coisa quando uma irmã minha, um primo, uns três ou quatro entraram em um helicóptero no Rio de Janeiro. Eu estava indo a um casamento e o helicóptero estava vazio. Eu apanhei para caramba de vocês e o gasto ia ser feito", afirmou.

O presidente disse ainda que, de vez em quando, dá caronas no avião presidencial e ressaltou que pessoas humildes e pobres têm prazer em andar em um helicóptero oficial. "Você sabe o que é o prazer de uma pessoa humilde, pobre, entrar em um helicóptero presidencial? Eu tenho levado de vez em quando pessoas em carona no avião", ressaltou.

O decreto 4.244/2002, que dispõe sobre os voos da FAB, permite o uso da frota "somente" para o transporte de vice-presidente, ministros do Estado, chefes dos três Poderes e das Forças Armadas, salvo nos casos em que há autorização especial do ministro da Defesa.

A norma não autoriza expressamente o embarque de pessoas sem cargo ou função pública. Ernesto e a esposa se hospedaram no Hotel Bedford, localizado no centro histórico de Paris, a menos de três quilômetros da avenida mais famosa da cidade, a Champs-Élysées. Tradicional, o hotel é conhecido por ter abrigado o imperador brasileiro Pedro 2º e o maestro e compositor Heitor Villa-Lobos.

Segundo o site do estabelecimento, as diárias variam de 160 euros (R$ 734) a 490 euros (R$ 2.250) mais taxas, que mudam de acordo com o número de ocupantes.

A assessoria de imprensa do Itamaraty confirma que a mulher do ministro foi para a França de férias, tendo se hospedado com o marido, mas disse que os custos de alimentação foram bancados por ela.