Novabio quer etanol dos Estados Unidos no Centro-Sul

Associação propôs ao Governo Federal que combustível seja direcionado para estados que não têm produção de etanol

Renato Cunha cobra mais esforços pela competitividade dos combustíveis limpos - Úrsula Freire

A Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bionergia (Novabio Nordeste), que representa indústrias produtoras de açúcar, etanol e bioenergia propôs ao Governo Federal que parte dos 750 milhões de litros de etanol oriundos dos Estados Unidos tenha como principal destino a região Centro-Sul do Brasil, com a justificativa de que o Nordeste não suportaria receber grande quantidade devido à produção local do etanol.

A proposta foi apresentada em Brasília durante um evento com representantes do setor sucroalcooleiro e do governo federal, que deverá se posicionar na próxima semana.

A proposta sugere que dos 750 milhões de litros que serão enviados para todo o Brasil, 700 milhões (93%) seja destinado para os estados do centro-sul, enquanto os 50 milhões de litros restantes (7%) sejam destinados para a região Nordeste apenas na entressafra de junho, julho e agosto do próximo ano.

A liberação de mais etanol sem imposto dos Estados Unidos para o Brasil foi anunciada pelo Governo Federal no último domingo, e aumentou em 150 milhões de litros por mais um ano a entrada do produto.

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O presidente executivo do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE) e da Novabio Nordeste, Renato Cunha, participou do encontro e destacou que a região Nordeste não tem condições de receber etanol de fora no período da safra. “O Nordeste não tem condições de absorver essa quantidade na safra, ele precisa ir para o Centro-Sul mantendo equidade na produção. Esse etanol se entrar representa 30% da nossa produção, e no Sul apenas 3%, é mais racional colaborar para eles por ter estados que não produzem”, explicou.

O presidente do Sindaçúcar-PE reforçou que na próxima semana o governo federal irá se posicionar acerca da proposta, e reforçou que é preciso uma solução para não prejudicar a produção local. “Já que houve essa concessão sem contrapartida do mercado, achamos melhor destinar ao Porto de Santos, para abastecer estados que não fazem etanol, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Se for necessário, a gente iria receber esse produto, mas nunca entre setembro e maio, temos produtos na região e precisam ser escoados”, destacou Renato Cunha.

O encontro aconteceu no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com a ministra Tereza Cristina, o secretário especial de Comércio Exterior do governo federal, Marcos Troyjo, representantes do Ministério das Relações Exteriores, da Novabio Nordeste, do Fórum Nacional Sucroenergético e da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Única).