Volume de vetos expõe Maia, dizem deputados

Presidente havia sido informado sobre dificuldade em manter vetos sobre pontos não pacificados. Parlamentares acham que ele quer fazer “fazer média”

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia - Evaristo Sá/AF

Após o presidente Jair Bolsonaro sancionar a Lei de Abuso de Autoridade com vetos a 36 dispositivos, compreendendo 19 artigos da lei, ontem mesmo, os parlamentares já apontavam, nos bastidores do Congresso Nacional, "clima muito ruim". Leia-se: os vetos precisam ser analisados pelo Congresso e só haveria consenso em torno da proibição do uso de algemas quando o preso não oferece resistência. A cúpula do Congresso avisara a Bolsonaro que haveria dificuldades para garantir vetos a pontos que não estivessem pacificados. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, foi um dos mensageiros, e é alinhado a Rodrigo Maia.

Ontem, deputados definiam a iniciativa de Bolsonaro como um "enfrentamento" ao Congresso. Em reserva, um parlamentar do centrão apontou intenção do presidente de "ficar bem perante a opinião pública", a despeito de isso representar uma "exposição de Rodrigo Maia". Outra fonte avalia o seguinte: ainda que os vetos sejam derrubados, Bolsonaro colhe os frutos e deixa o Congresso na berlinda. Críticos do texto dizem que ele pode inviabilizar investigações do Ministério Público e da Justiça Federal. Apoiadores alegam que o projeto visa a coibir abusos.


Divisões internas no MP
Sobre a indicação de Augusto Aras para comandar a PGR, o procurador do Ministério Público de Contas, Cristiano Pimentel, avalia o seguinte: “Aras está sendo recebido no MPF com resistências, primeiro porque não fez parte da lista tríplice, segundo por ser um advogado atuante com escritório privado”. Em 16 anos, é a primeira vez que o PGR não sai da lista tríplice.
RH - Cristiano explica que Aras ingressou na advocacia antes de 1988 e manteve, assim, a prerrogativa de advogar e manter escritório após a Constituição. Para o procurador, há dúvidas se ele vai conseguir compor sua equipe com nomes representativos no MPF, especialmente na área de combate a corrupção.
Próximo passo - O PGR influi no combate à corrupção, investiga quem tem foro privilegiado e tem influência na pauta dos costumes em julgamentos no STF. O escolhido vai passar por sabatina na CCJ do Senado e a aprovação depende ainda de votação em plenário. O mandato é de dois anos.
Malas...- No Republicanos, presidido no Estado por Silvio Costa Filho, o ingresso do vereador Rinaldo Júnior no PSB já é dado como certo. Há compreensão na legenda de que Rinaldo começou “andar com o prefeito Geraldo Julio” há algum tempo.
...prontas - A chapa do Republicanos tem dois vereadores de mandato, o que pode ter contado a favor da saída de Rinaldo das hostes republicanas. Nas coxias, a bolsa de apostas dá conta de que ele pode ser o líder do governo.
Projeto... - No início da semana, Augusto Coutinho cumpriu o ritual de caminhadas matinais, em Brasília, ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, como de costume. Ontem, entretanto, fez o exercício sozinho. “Maia embarcou para o Catar e eu fui me catar sozinho”, brinca Augusto.
...de peso - Todo dia, às 6h30, eles se encontram e vão caminhar. Dá para relaxar numa caminhada com Maia? Coutinho devolve: “Dá! Pelo menos, é a única hora que ele fica sem o celular”. Coutinho também deixa o telefone em casa e anda disciplinado depois que precisou colocar dois stents coronários.