Ditadura venezuelana libera Edgar Zambrano, vice de Guaidó, preso desde maio
A soltura de Zambrano foi um gesto para demonstrar que essas negociações poderiam continuar
O vice-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Edgar Zambrano, que atuava como número dois de oposição venezuelana, foi libertado na noite desta terça-feira (17).
O anúncio da soltura foi feito pelo procurador-geral Tarek William Saab, que afirmou que os processos contra o opositor da ditadura seriam revistos. Zambrano foi detido no dia 8 de maio, na porta da sede de seu partido, o Ação Democrática.
Ele estava dentro de seu carro, que foi guinchado por agentes do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência) depois que Zambrano se recusou a sair do veículo. Ele foi acusado de "traição à pátria" -no entanto, não houve audiências formais nem o início de um julgamento.
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A ditadura apresentou a liberação de Zambrano como um "gesto de boa vontade", segundo o comunicado, após conversas com um setor minoritário da oposição.
Na segunda-feira (16), Nicolás Maduro pôs culpa nos opositores dos principais partidos -Vontade Popular, Justiça Primeiro, Venha Venezuela e Ação Democrática- por terem colocado um ponto final nas negociações mediadas pela Noruega.
Depois disso, o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, iniciou um diálogo com partidos pequenos e pouco representativos da oposição, a quem os partidos grandes rejeitam, para dizer que as negociações continuavam.
A soltura de Zambrano foi um gesto para demonstrar que essas negociações poderiam continuar.
Guaidó, porém, afirmou, por meio das redes sociais, que "a soltura de Zambrano é uma vitória da pressão cidadã e internacional, após o informe de [Michele Bachelet, alta-comissária de direitos humanos da ONU], não foi uma gentileza por parte da ditadura. Dizemos hoje: Zambrano jamais deveria ter estado atrás das grades".
Em transmissão oficial na TV estatal, Maduro disse que o "governo está de portas abertas para continuar as negociações de Oslo", o que contradiz com ação a tomada há algumas semanas, quando seus enviados deixaram a mesa de negociações.
Zambrano, apesar de ser civil, estava preso numa base militar, a do Forte Tiuna, e passou quatro meses incomunicável, sem poder sequer receber visitas de familiares.