Menino do Violino mostra música e arte pelas ruas do Recife

Conhecido como "Menino do Violino", o músico Max Antônio chama atenção pelas ruas da Cidade com o seu talento e a sua criatividade

Menino do Violino - Rafael Furtado/Folha de Pernambuco.

As ruas das oportunidades, das criações, das artes e das pessoas. São as mesmas que fizeram Max Antônio, conhecido como Menino do Violino (no Instagram, @meninodoviolino), ter espaço para o mostrar o seu trabalho, se encontrar e viver disso. No centro do Recife, o violinista prende a atenção de várias pessoas, com sua mistura entre música, poesia e reflexão, contribuindo para a arte de rua da Cidade. É envolvido com música desde os seus 14 anos, mas só agora, aos 28, que se sente realizado com o que faz, e com o que proporciona para as pessoas. “Toco nas calçadas, no metrô, nos ônibus, nos parques, em pontos turísticos, na praia, e em todos esses lugares é possível apresentar música e arte para as pessoas, mas, no começo, eu digo que, na rua, eu tive a oportunidade que eu precisava para trabalhar, comprar um instrumento melhor e me realizar como artista", inicia a conversa.

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Em se tratando de começos, tudo partiu de uma necessidade de mostrar seu trabalho como forma de burlar o sistema comum de trabalho, e também para encontrar seu espaço no mundo. "Eu já tinha a vertente para as artes. Toco violino, violão, canto, escrevo poesia e já fiz malabares e dancei breakdance no sinal, mas meu pai acabou descobrindo e fui proibido (risos). Sempre tentaram me fazer ter um emprego convencional, algo fixo, mas nessa época eu já era envolvido com música, pois estudava na orquestra sinfônica da UFPE", explica. Mas todo trabalho tem seus looping, e com Max não foi diferente: "Devido a alguns problemas durante a caminhada, acabei ficando desmotivado e cogitei até vender o instrumento e ser ambulante".

O impulso para a carreira partiu de amigos visionários, que acreditavam no seu potencial e lhe apresentaram a rua. "Foi um amigo que me estimulou a ir para rua tocar. Na primeira vez, comecei a tocar na esquina da Gervásio Pires. Depois, as coisas foram se ampliando, depois de mostrar a cara na rua, e acabou chegando um parceiro que tocava violão nos coletivos, e me chamou para tocar nos ônibus. Foi a pessoa que me ensinou e mostrou que no ônibus eu também tinha público", lembra.

Os espaços públicos também foram os lugares onde o Menino do Violino encontrou um norte para o seu repertório, através de simples envolvimentos, ou não, com sua arte. “O que as pessoas esperam do violino é a música clássica, a erudita, e tem isso já bem construído na visão das pessoas, e da instituição. A academia tem o pensamento de que o violino toca em orquestra, quarteto de cordas, indo no viés da erudita. Para mim, é europeia, e a rua não pede isso, até porque a grande maioria das pessoas não tem acesso a isso, e eu precisava alcançar as pessoas com algo que elas conheciam para o meu empreendimento dar certo, então toco ritmos brasileiros como frevo, chorinho, baião, samba, maracatu, ciranda", justifica.

As ruas da Cidade também servem de inspiração para a criação do repertório, utilizado para envolver o público tal qual um espetáculo teatral. "Gosto de utilizar a arquitetura do lugar ao meu favor, eu gosto de ligar um pouco a música ao sentimento da poesia, ou da situação, até porque, em cada lugar que estou, é uma situação diferente". Entre uma música e outra, Max também leva sua forma de viver para o público, em forma de mensagens para interagir e prender a atenção, "A rua me ensinou que no dia em que for para ser feliz, que eu aproveite bem o momento, e no dia em que há alguma dificuldade, que eu seja grato e saiba aproveitar todas as situações para somar no dia. E eu tento passar isso para quem me ouve através de poesia", sentencia.