Petróleo que atinge litoral do Nordeste vazou de navio, diz pesquisa da UFPE

Pesquisa aponta que o vazamento ocorreu em um ponto localizado entre 40 e 50 quilômetros da costa, entre a Paraíba e Pernambuco

Manchas de óleo começaram a aparecer em setembro - Adema/Governo de Sergipe/Divulgação

As manchas de petróleo encontradas em 133 praias dos nove estados do Nordeste desde o início de setembro podem ter vindo de uma embarcação que navegava entre os litorais de Pernambuco e da Paraíba. Uma pesquisa que está sendo desenvolvida pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) indica que o vazamento tenha ocorrido em um ponto localizado entre 40 e 50 quilômetros da costa. O estudo deve ajudar as investigações sobre a origem do óleo que estão sendo conduzidas pela Polícia Federal.

A descoberta foi divulgada pelo professor Marcus Silva, do Departamento de Oceanografia da instituição, em entrevista à TV Globo. A pesquisa levou em consideração a intensidade das correntes marinhas, além da força e direção dos ventos e marés. De acordo com o pesquisador, o monitoramento dos navios petroleiros que passaram pela região antes do vazamento é o que determinará a origem exata do petróleo.

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“Uma vez que todos os navios têm suas rotas descritas por satélite e, coincidindo os resultados de simulação com essa metodologia, acredito, sim, que a gente possa chegar ao agente causador desse derrame”, afirmou ele à emissora. A Folha de Pernambuco tentou entrar em contato com o professor, mas não obteve retorno.

O presidente Jair Bolsonaro disse nessa terça-feira (8) que as manchas podem ter sido despejados “criminosamente”. “É um volume que não está sendo constante. Se fosse de um navio que tivesse afundado estaria saindo ainda óleo. Parece que criminosamente algo foi despejado lá”, declarou ao deixar o Palácio da Alvorada após reunião com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Análises feitas pela Petrobras apontaram a Venezuela como provável origem do petróleo. A estatal realizou uma série de testes bioquímicos em amostras coletadas nas praias e, oficialmente, afirmou apenas que não era óleo produzido no Brasil. Na última segunda-feira (7), Bolsonaro não quis confirmar o país de onde veio a substância. “É complexo, existe a possibilidade, temos no radar um país que pode ser da origem do petróleo, e continuamos trabalhando da melhor maneira possível para dar uma, não só uma satisfação à sociedade, bem como colaborar na questão ambiental”, disse.

O problema afetou os nove estados nordestinos. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o material oleoso é petróleo cru. A Petrobras já recolheu 133 toneladas de resíduos contaminados pelas manchas. Os responsáveis pelo problema podem pagar uma multa que vai de R$ 5 milhões a R$ 50 milhões pelo crime ambiental, que é considerado gravíssimo. O cálculo leva em conta o impacto causado pelo incidente.