Idoso que atacou mesquita na França queria vingar incêndio em Notre Dame
O agressor, identificado como Claude Sinké, um ex-candidato da extrema-direita a cargos locais, tentou na tarde de segunda-feira incendiar uma mesquita
O homem de 84 anos que admitiu ser o autor do ataque a uma mesquita na França queria "vingar a destruição" da catedral de Notre Dame, cuja autoria do incêndio ele atribuiu aos muçulmanos, informou nesta terça-feira (29) o gabinete do promotor que investiga o caso.
O agressor, identificado como Claude Sinké, um ex-candidato da extrema-direita a cargos locais, tentou na tarde de segunda-feira incendiar uma mesquita na cidade Bayonne, no sudoeste do país, e fez disparos contra dois homens, de 74 e 78 anos, que o flagraram durante o ataque.
Os feridos, ambos em estado grave, foram hospitalizados e encontram-se em condição estável, de acordo com informações oficiais divulgadas nesta terça.
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Segundo o promotor Marc Mariée, Sinké disse durante o interrogatório que "queria vingar a destruição da catedral de Paris", que na sua opinião teria sido causada pelos muçulmanos.
Em abril passado, a catedral de Notre Dame sofreu sérios danos em um incêndio que, segundo os investigadores, foi acidental.
"Todo o seu depoimento traz à tona seu estado de saúde mental e por isso foi levado a um psiquiatra para determinar sua responsabilidade civil", disse o promotor.
O idoso, que admitiu que queria incendiar a mesquita, afirmou que não pretendia matar ninguém, acrescentando que "foi ao templo várias vezes para ter certeza de agir num momento de pouco movimento", disse Mariée.
Transtornos psicológicos
Claude Sinké havia se candidatado pelo partido de extrema-direita Frente Nacional (agora Agrupamento Nacional) às eleições regionais de 2015, mas desde então se distanciou do partido.
Mike Bresson, vice-prefeito da cidade natal de Sinké, Saint-Martin-de-Seignanx, disse que ele era conhecido entre seus vizinhos por seus "excessos verbais".
"Dava a impressão de ser alguém com distúrbios psicológicos. Ele não gostava de pessoas da esquerda ou do centro, e poucos da direita", contou à AFP.
Segundo o jornal local Sud-Ouest, na semana passada Sinké enviou uma carta exaltada às autoridades e promotores de Bayonne, para apresentar denúncias contra o presidente Emmanuel Macron.
A publicação, que recebeu uma cópia da carta, não a divulgou porque continha declarações "discriminatórias, xenófobas e difamatórias".
Sinké atacou a mesquita na segunda-feira enquanto os dois homens a preparavam para as orações da tarde.
O agressor "se aproximou do prédio num carro e lançou um artefato incendiário contra a porta lateral da mesquita", relatou o prefeito de Bayonne, Jean-Rene Etchegaray.
"As duas pessoas saíram, e ele fez os disparos, atingindo uma no pescoço e a outra no tórax e no braço. Em seguida fugiu".
O autor do ataque foi detido em casa graças a testemunhas que anotaram a placa de seu carro. Uma fonte próxima à investigação disse que Sinké admitiu ser o autor dos disparados.
Na segunda-feira, numa postagem no Twitter, Emmanuel Macron condenou este "ataque atroz". "A República nunca tolerará o ódio", escreveu o presidente.
"Será feito tudo que for possível para punir os autores e proteger nossos compatriotas muçulmanos. Me comprometo com isso", afirmou o presidente.