Caso Aldeia: irmão de Denirson acredita que assassinato foi motivado por dinheiro

Edirson Paes mora na Bahia e veio a Pernambuco acompanhar a sentença da ex-cunhada

Irmão de Denirson, Edirson espera condenação da ex-cunhada - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Um dos irmãos do médico Denirson Paes, Edirson Paes da Silva, de 54 anos, acredita que a motivação do assassinato do cardiologista tenha relação com a possível herança que o irmão poderia deixar para a esposa, Jussara. “Eu acho que ela [Jussara] cometeu o crime por questões de dinheiro, de riqueza. A condição financeira do meu irmão era muito boa e pelo que eu sei, ela não ganhava muito”, disse ele, no fim da manhã desta terça-feira, à entrada do Fórum de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, onde se realiza o julgamento de Jussara Paes, acusada de matar o esposo.

Morador de Campo Alegre de Lourdes, no norte da Bahia, e veio a Pernambuco nesta terça-feira (5) para ouvir a sentença da juíza Marília Falcone, prevista para hoje. Emocionado, o irmão contou à reportagem do Portal FolhaPE que possui muitas lembranças boas de Denirson: “Ele era uma pessoa muito boa. Desde a infância, a gente brincava, éramos muito amigos. Estamos sofrendo muito pelo que aconteceu”.

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Depois do assassinato, Edirson diz que precisou realizar tratamentos psiquiátricos e que o trauma da perda do irmão é enorme. “Estou melhorando um pouco, mas está sendo muito difícil pra gente por causa de um crime tão covarde e de uma crueldade muito grande que jamais imaginaríamos que ela [Jussara] fosse capaz de fazer”, acrescentou.

O irmão de Denirson disse que chegou a morar com o casal durante quatro anos, de 1990 a 1994, mas que nunca presenciou nenhuma agressão entre eles. “Os meninos não eram nascidos ainda. Denirson foi quem me chamou para morar com eles. Nós éramos muito unidos, e ele queria sempre estar perto de mim. A gente sabia do relacionamento conturbado por parte dela, porque ela era uma pessoa doentia, mas nunca presenciei brigas nem violência”, contou.

Edirson contou que Denirson tem outras duas irmãs, que ainda estão muito abaladas com o crime. “Uma delas, a Cleonice, de 56 anos, veio ontem [segunda], mas hoje ela não teve condições psicológicas de vir. E minha irmã Erenice, de 51 anos, também não veio por questões psicológicas, assim como a minha mãe, de 77 anos, e meu pai, de 80”.

Ele lembrou ter sabido da separação do casal através da imprensa e que não teve nenhum contato com Danilo Paes, filho mais velho do casal, que também está sendo investigado por participação no crime. “A polícia que fez a investigação, é que pode falar a respeito dele. O nosso sentimento é de que a justiça seja feita porque um crime como esse é inaceitável. A sociedade não pode aceitar. Nossa família não quer vingança, nós queremos justiça”, finalizou.

Relembre o caso
O cadáver do médico cardiologista Denirson Paes foi encontrado em 4 de julho de 2018 dentro de uma cacimba da casa onde morava, no condomínio de luxo Torquato de Castro I, localizado no km 13 da Estrada de Aldeia, em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife. O desaparecimento do médico vinha sendo investigado desde o início de junho.

Em um Boletim de Ocorrência registrado em 20 de junho sobre o desaparecimento do marido, a farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes alegava que a vítima teria viajado para fora do País e que não teria retornado desde então. A delegada Carmem Lúcia, de Camaragibe, desconfiou do envolvimento dos familiares e solicitou um mandado de busca e apreensão no condomínio em que eles moravam.

Na busca policial, realizada em 4 de julho, foram encontrados os primeiros restos mortais do médico na cacimba da residência. Para a polícia, havia indícios suficientes da participação de mãe e filho na ocultação do corpo de Denirson, Danilo. Em 5 de julho, Jussara e Danilo foram presos temporariamente suspeitos de ocultação de cadáver.

Danilo foi encaminhado para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everaldo Luna (Cotel), em Abreu e Lima. Jussara foi levada para a Colônia Penal Feminina do Recife. Em 20 de agosto, um laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou asfixia por esganadura como a causa da morte do cardiologista. Os três pedidos de habeas corpus feitos pela defesa de Jussara. Em dezembro passado, Danilo recebeu habeas corpus, obtendo liberdade.