Reverbo: três dias de 'ocupação' na Torre Malakoff

Edição com 30 artistas é apresentada em três dias no Bairro do Recife, com acesso gratuito

'Ocupação Reverbo' está nesta quinta (5), sexta (6) e sábado (7) na Torre Malakoff - André Sidarta

É provável que, neste exato momento, novas composições, melodias, arranjos e produções estejam sendo pensadas por Juliano Holanda. Mas onipresente e incansável que é, o multiartista pernambucano também carrega em si o papel de agregador de vozes, cores, poesias, falas e vivências, tal qual faz com Reverbo desde sua criação, em 2016, projeto musical que nesta quinta (5), sexta (6) e sábado (7) toma as vezes de "ocupação" na Torre Malakoff (Bairro do Recife), sempre a partir das 19h e com acesso gratuito ao público (sujeita à lotação do espaço).

O espaço recebe trinta nomes ouriçados em provocar e trocar experimentações e, dessa forma, reverberar a potência do fazer coletivo. “Há grandes músicos desenvolvendo sonoridades e composições instigantes”, frisa o produtor de uma movimentação que circulou algumas dezenas de vezes Pernambuco afora e nestes dias está na Praça do Arsenal com sua maior edição. "A ideia original era uma mostra com 60 artistas. Mas fui vencido na época pela inviabilidade prática e o bom senso dos amigos próximos. Foi a melhor coisa. O processo foi amadurecendo aos poucos e sei que ainda está em construção", explica ele.

Sem revelar a ordem e o dia de apresentação de cada um dos nomes escalados para a edição, a Ocupação Reverbo consolida o intuito de uma ação iniciada por Juliano em sua casa, assumindo um de seus tantos papeis na arte, o de produtor musical e de sua Mery Lemos (da Anilina Produções), que também tomou para si o projeto que converge para unissonantes compartilhamentos, resistências e afetividades.

"É um espaço para o aprendizado. Acredito que o caminho vai se inventando, mas creio que a grande ambição é que esses artistas tão incríveis, dos quais sou fã, possam desenvolver dignamente sua arte e alimentar outros tantos que virão, e trazer de volta outros, de outros tempos e lugares", enaltece o multifacetado artista de Goiana, que tem na arte a crença de que ela "pode salvar uma vida". "Alguns versos já salvaram a minha muitas vezes", revela.

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E já que a troca é o que importa, é com intensidade que a caruaruense Gabi da Pele Preta se entrega ao ato de cantar e ser cantada por outras vozes na Reverbo. Para um dos nomes de maior relevância da música local, compartilhar trajetórias e exaltar raízes é motivo de felicidade imensa, principalmente em se tratando de uma mulher preta e artista. "Quando subo no palco, não subo só, subo por todas nós, e levo o Agreste que me reconhece. É um super poder que se reverbera, reforçado por uma trama de artistas diversos, de lugares e referências" orgulha-se ela que, inserida na proposta do coletivo, ora pode dar coro a canções de Flaira Ferro, Luíza Fittipaldi ou Alexandre Revoredo, assim como pode ceder canções a (Thiago) Martins ou Isabela Moraes. "É uma troca afetuosa, um exercício de escuta".

Assim como ela a inquieta Isadora Melo acha a mesma coisa desse "grande encontro". "Esse lance do afeto é o que mais resume, porque é uma transposição para o palco do que acontecia nas varandas na casa do Juliano, na casa do Martins, em um formato que situa as pessoas como se estivessem em um sarau. Todos sabem a música do outro, isso é de uma potência enorme, com a ideia de que o público que me assiste vai conhecer a música do PC Silva que também vai trazer um público para mim e que não me conhece".

Helton Moura, Tonfil, Vinícius Barros, Ágda, Mayra Clara, Sam Silva, Camila Yasmine, Almério, Marcello Rangel, Igor de Carvalho, Rogéria Dera, Gean Ramos, Thiago Mazuli, Mayara Pera, Álefe, Jr. Black, João Euzé, Larissa Lisboa, Una Martins, Joana Terra e Lucas Torres completam a diversidade de vozes da Ocupação Reverbo. Rodas de diálogo com Benjamin Taubkin, Ronaldo Bastos e Stephany Metódio também integram a programação destes três dias de (re)criações musicais.