A Noronha dos Sabores

O setor gastronômico da ilha vem evoluindo e é possível explorar cozinhas variadas

Gastronomia de Joca Pontes é o leme da pousada Maravilha - Wagner Ramos/Divulgação

FERNANDO DE NORONHA - Há duas semanas, começamos a falar da gastronomia da ilha de Fernando de Noronha, com nossas escolhas de endereços confiáveis para uma refeição. Hoje, trazemos mais dicas de onde comer bem no destino paradisíaco, com sugestões de diversos estilos.

Durante a viagem da reportagem, em novembro passado, pudemos notar um salto qualitativo do setor e, apesar dos preços altos praticados pelos estabelecimentos - justificados principalmente pelo abastecimento oneroso -, é possível comer bem como se estivéssemos no continente.

COZINHA DE AUTOR
O grande atrativo da Pousada Maravilha, do grupo Ecocharme, definitivamente, é o cenário de novela que a piscina de borda infinita proporciona ao visitante, que ainda oferece uma vista paradisíaca para uma das praias da ilha. Mas não só. A gastronomia do lugar ganhou upgrade com o trabalho de um dos cozinheiros mais experientes de Pernambuco, Joca Pontes (Ponte Nova, Villa e Bercy), atualmente consultor do restaurante da Maravilha, que atende hóspedes e clientes passantes, sob reserva.

Em se tratando da assinatura Joca Pontes, não se pode esperar nada além de uma cozinha elegante e delicada, rica em texturas e sabor. Ele marca o cardápio da Maravilha com algumas referências clássicas dos seus menus, como o uso do atum, camarão e arroz basmati. 

Na categoria de entradas, um dos hits de pedidos são os camarões crocantes (R$ 115), com crustáceos empanados com farinha de pão, à perfeição, acompanhado com aïoli de pimenta sriracha e molho ponzu de limão verde. É uma das formas mais certas de se começar uma refeição no restaurante da pousada.

Não desconsidere o ceviche de pescado, montado com peixe branco marinado no limão, ervas frescas e picles de cebola roxa, mais tomatinhos, feijão verde crocante e chips de macaxeira (R$ 70). A entradinha é farta, para compartilhar, e bem leve.

Joca não deixou escapar a vocação do lugar e apostou suas fichas na criação de pratos com peixes, crustáceos e moluscos, praticamente todos individuais, com algumas exceções, como a moqueca Mara e o Mix do Marujo. Difícil escolher.

Mas o tuna tropical oferece um casamento que o chef adora realizar: ingredientes brasileiros com toques orientais. O prato é feito com atum levemente grelhado, teriyaki de mel de engenho com cachaça, creme de wassabi, e purê de banana da terra (R$ 110).

Tropicalíssimo, o polvo promete fisgar os amantes do ingrediente em uma versão aromática. São tentáculos grelhados sobre risoto ao creme de ervas e parmesão, anéis de polvo, tomatinhos, cebola roxa, acelga e manjericão, farofa de ervas e calda de acerola com pimenta e gengibre (R$ 135).

A oferta de sobremesas tem de petit gâteau ao tradicional cappuccino de frutas vermelhas - um verdadeiro clássico do Ponte Nova -, mas provoca o gourmet mais curioso com o creme de papaya com redução de catuaba e crûmble de castanha de caju (R$ 45). Funcionamento: diariamente no almoço e no jantar (é preciso fazer reserva). Endereço: BR 363. Informações: (81) 2626.1227 e reservas@pousadamaravilha. com.br.

REDUTO DOS CELEBS
Auricélio Romão é uma das figuras mais atuantes de Fernando de Noronha e é o chef-proprietário do Cacimba Bistrô, um restaurante super aconchegante no centro da Vila dos Remédios (o centrinho antigo de Noronha), e ponto de encontro certo de celebridades.

Dividido em varanda, salão principal e lounge Daniela Mercury - uma homenagem à cantora baiana, amiga pessoal de Auricélio - com almofadões no chão e mesinhas baixas, um verdadeiro convite a matar o tempo tomando uma das excelentes caipiroscas da casa. Difícil é ficar em um drinque só.

O estilo gastronômico de Auri, como é conhecido na ilha, prioriza o conforto do paladar. Afinal, o que dizer do estrogonofe de camarão Edna Moura? O crustáceo ganha novos sabores com a flambagem antes de ir à receita cremosa. Custa R$ 179. O bobó de lagosta de Giovanna Ewbank, uma das frequentadoras assíduas, vem com a proteína refogada no alho-poró, acompanhado por arroz de coco e curry (R$ 202). Há ainda opções com carne vermelha e frango. Funcionamento: diariamente no almoço e no jantar.

INFORMAL
Em qualquer lugar do mundo, pizza é sinônimo de segurança culinária. Ou seja, quando não se quer arriscar em combinações extravagantes, a receita é pedida certeira. A Forno Noronha, do empresário Hélio Levinbuk, agrega boa massa assada em forno à lenha com a informalidade do atendimento. O estabelecimento divide espaço com a escola de mergulho Águas Claras e tem mais um diferencial, além do tipo de forno, que é o uso de madeira de linhaça, uma espécie invasora da vegetação de Noronha, com aprovação do Instituto Chico Mendes.

No cardápio da Forno Noronha há 40 opções salgadas, como a portuguesa, a de lombo canadense e de abobrinha, além das coberturas doces. As pizzas especiais receberam nome de praias da ilha e são as melhores. A Praia da Atalaia se destaca (R$ 95 e R$ 110) com cobertura de muçarela, tiras de filé e Catupiry.

A pizzaria acomoda 80 pessoas, vende cerveja especial e ainda funciona com pratos variados no horário do almoço. A massa da pizza é aberta na hora e é possível acompanhar o pizzaiolo Thiago em ação. Faz delivery. Tem serviço de transfer ida/vinda de pousada. Funcionamento: diariamente no almoço e no jantar. Endereço: Alameda do Boldró, s/n, Vila do Boldró. Informações: (81) 3619.1929.

PRATICIDADE
Para quem vai passar o dia inteiro fora da pousada, entre um passeio e uma caminhada até uma das praias preservadas, boa ideia é comprar o serviço Petit Gourmet. O serviço funciona assim: o cliente encomenda uma bolsa tipo mochila com vários potinhos preenchidos com comida fria assinada pela chef Rafaela Suassuna (bufê Porto Fino), podendo ficar o dia inteiro com o turista.

A bag tem cargas de temperatura para 12 horas e espaço para garrafa de vinho ou latinhas. A empresa fornece guardanapos e talheres que, assim como os potes, são retornáveis. A bolsa pode ser encomendada para três pessoas (com 12 potinhos) ou menos, é entregue e recolhida na recepção das pousadas pela equipe da Petit Gourmet no começo da noite. Custa R$ 300 se o pagamento for em dinheiro ou transferência e R$ 330 se for no cartão de crédito.

CONCORRIDO
Se você é o tipo de viajante que busca experiências gastronômicas, então não titubeie em conhecer o Mesa da Ana. Recomendo, inclusive, fazer reserva com meses de antecedência, pois o projeto de menu degustação da chef carioca Ana Jabur, que toca o negócio junto ao marido Rock, artista plástico conhecido na ilha, é bastante concorrido (a reportagem, por exemplo, não conseguiu reservar com uma semana antes da viagem).

Ana é formada pela Cordon Bleu de Paris, cidade onde morou por oito anos, depois passou mais uma temporada em Barcelona trabalhando em restaurantes, e adotou Fernando de Noronha como lar ao conhecer Rock, há oito anos. Chegou à ilha para passar seis meses e nunca mais saiu.

O Mesa da Ana consiste num menu surpresa com quatro etapas - duas entradas, um prato principal e uma sobremesa -, mais pães artesanais. A decoração fica a cargo de Rock, desenvolvida com material reciclável, cuja estrela é a mesa compartilhada que acomoda 12 pessoas por vez. Só trabalha com reserva. Funcionamento: terça a quinta abre para almoço e de segunda a sábado abre para jantar. Valor: R$ 250 por pessoa, com bebidas à parte. Endereço: fica na Vila do Trinta. Informações e reservas: reservas@mesadaana.com.br.

Na próxima edição, acompanhe mais dicas gastronômicas em Fernando de Noronha 

*A jornalista viajou a Fernando de Noronha com apoio da Administração da ilha (www.noronha.pe.gov.br) e da Pousada Zé Maria