Perigo na BR-232 por falta de sinalização

DER iniciou longo procedimento de requalificação de placas na BR-232. Acidentes são frequentes no trecho

Wesley Safadão - Divulgação

Sem contrato para requalificar placas, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) tem visto um trecho da BR 232 que liga Jaboatão dos Guararapes ao município de Moreno, na Região Metropolitana do Recife, permanecer particularmente perigoso para os condutores. O risco de acidentes no local tem se intensificado pela precariedade - ou mesmo ausência - da sinalização. Em um intervalo de apenas três dias, quatro ocorrências foram registradas no local. Quatro pessoas morreram. O problema não tem prazo para ser solucionado.

De acordo com a assessoria de imprensa do DER, três equipes fixas realizam manutenção no trecho da BR 232 de responsabilidade do Estado, entre Recife e Caruaru. Mesmo assim, a sinalização não pode ser modificada ainda. O início de um longo processo burocrático acabou de ser iniciado. Um levantamento das condições de sinalização será concluido esse mês, o que permitirá a elaboração de um projeto. Local e tipos de placas serão revisados antes da substituição. A licitação, passo seguinte ao projeto, pode durar até 120 dias. Só depois o DER coloca a mão na massa.

Enquanto isso, o risco de acidentes continua. Era noite de segunda-feira quando José Wellington Bezerra Braz, 26, e o irmão dele, Jefferson Bezerra Braz, 16, saíram de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, às 20h, para o Recife. Tinham ido ao aniversário de uma sobrinha. No meio da viagem, na altura do km 28 da BR 232, no município de Moreno, o carro em que estavam capotou e caiu numa ribanceira coberta por vegetação densa.

Os corpos só foram encontrados e retirados das ferragens na manhã de ontem. Ainda na segunda-feira, outro engavetamento com oito veículos deixou quatro feridos no quilômetro 31 e uma pessoa ficou ferida em um atropelamento no km 15. No sábado, outra pessoa morreu depois da moto que pilotava ter se envolvido em um engavetamento com outros 10 veículos, causado pela baixa visibilidade devido a invasão da fumaça de uma queimada em um matagal no km 19.

De janeiro a agosto deste ano, a PRF registrou 16 mortos, em decorrência de 255 acidentes ao longo de um trecho de 65 km que vai de Jaboatão a Gravatá, no Agreste, e que compreende a área das últimas ocorrências. “Vários fatores podem causar acidentes, como excesso de velocidade, a falta de atenção e a utilização do celular enquanto dirige.

Temos feito várias fiscalizações e, no primeiro trimestre de 2016, 11.612 autuações foram feitas”, afirmou o chefe de comunicação da PRF, Cristiano Mendonça. Segundo ele, sete pessoas morreram atropeladas na 232 até agosto deste ano. Duas por capotamento no mesmo trecho que os irmãos foram encontrados.

Diretor de Mobilidade da Associação Nacional Do Transportador e dos Usuários de Estradas Rodovias e Ferrovias em Pernambuco (Antuef), Jaílson Silva critica a má sinalização da BR-232. “Toda a BR é cheia de problemas. O asfalto está desnivelado e pode causar capotamentos por causa das pequenas lombadas que se formam para unir as placas. A sinalização é deficiente, algumas placas estão encobertas pela vegetação e falta iluminação”. “O engavetamento do sábado poderia ter acontecido em outra circunstância como, por exemplo, em um dia de nevoeiro, sem luz e com a pouquíssima luminosidade da via”, afirmou. 

Para o aposentado Carlos Gomes, 65, o problema demonstra falta de interesse do poder público. “As poucas placas nas rodovias estaduais estão encobertas pelo mato, amassadas ou enferrujadas. O governo não se preocupa com a vida das pessoas. Até as campanhas educativas de trânsito são temporárias."