Brasil, enfim, inaugura nova base na Antártida

A cerimônia, que ocorreu um dia depois da data prevista porque os aviões com as autoridades não conseguiram pousar por falta de visibilidade, contou com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão

Estação Comandante Ferraz - Arquivo/Mauricio de Almeida/ TV Brasil

Sob uma temperatura de -3°C e debaixo de neve, a nova base científica brasileira na Antártida foi, enfim, oficialmente inaugurada na noite desta quarta-feira (15), oito anos após o incêndio que a destruiu e deixou dois mortos e três anos depois do início das obras de reconstrução.

A cerimônia, que ocorreu um dia depois da data prevista porque os aviões com as autoridades não conseguiram pousar por falta de visibilidade, contou com a presença de 70 convidados, entre eles o vice-presidente Hamilton Mourão e os ministros Marcos Pontes (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa).

Para chegar à base, Mourão, os ministros e outros convidados saíram de Punta Arenas, no Chile, em um avião da FAB e pousaram no aeroporto da base antártica chilena, o mais próximo da base brasileira.

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Um helicóptero com Mourão e os ministros decolou por volta das 15h em direção à Estação Comandante Ferraz, mas teve que retornar em seguida por conta da pouca visibilidade. Ele seguiram a viagem de navio por três horas, sob neve.

Do navio, os convidados foram transportados de helicóptero até o local da cerimônia. A estrutura montada tinha mais de 15 toneladas de material, que foi trazido por dois navios da Marinha e um avião da FAB.

A empresa V3A, responsável pelo evento e contratada pela empresa chinesa que executou a obra, não informou o valor gasto na cerimônia de inauguração. Alegou cláusulas de confidencialidade do contrato.

Nos últimos dias, o governo Bolsonaro vem tentando assumir a paternidade da obra. "Um grande projeto do governo Jair Bolsonaro", tuitou Marcos Pontes na segunda-feira (13). A reconstrução teve 90% do investimento, de quase US$ 100 milhões, vindos dos governos de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) –tanto que a inauguração chegou a ser prevista para março de 2019.

Só R$ 2 milhões na compra de equipamentos para os laboratórios vieram do atual governo, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

Durante a cerimônia, o primeiro tenente da Polícia Militar da Bahia Vinicius Figueiredo e a cabo da Marinha Aline Santos foram homenageados. Eles são filhos dos dois miliares mortos no incêndio de 2012, o suboficial Carlos Alberto Figueiredo e o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos.

A base só estará funcionando plenamente nos próximos três meses, quando terminará a fase de testes e treinamento do grupo que vai operar a estação. Ainda há vários ajustes a serem feitos, como a temperatura dos laboratórios.

A nova estação conta com muito mais recursos tecnológicos que a anterior. Tem, por exemplo uma central inteligente que controla as quatro zonas do edifício, cada uma com seus próprios sistemas de alarmes contra incêndio.

Em todas as unidades também foram instalados sensores de fumaça e portas corta-fogo. Nas salas de máquinas e geradores, as paredes são feitas de material que suporta chamas por até duas horas.

O projeto de engenharia foi desenvolvido para reduzir os impactos ambientais. Cerca de um terço da energia consumida vem de fontes renováveis produzida por placas solares e por uma miniusina eólica instalada no local.