[Crítica] 'Os Órfãos': roteiro confuso e que não mete medo

Filme, que estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas, tem roteiro confuso e se perde na proposta de amedrontar

Cena de 'Os órfãos' - Divulgação

Alguém pode avisar aos diretores de cinema que faz tempo que elementos clássicos de filmes tidos como de terror não metem medo em mais ninguém? Casarões escuros enfiados no esmo de florestas distantes compõem o que há de mais previsível em se tratando de cenários do gênero, ainda mais quando somados a apostas como “Os Órfãos”, dirigido por Flora Sigismondi, com estreia nesta quinta-feira (30) nas telas País afora.

Além do mais do mesmo da ambientação, a falta de nexo do roteiro entrega uma nada memorável história de uma babá, vivida por Mackenzie Davis, contratada para cuidar dos irmãos (órfãos) Flora (Brooklyn Prince) e Miles (Finn Wolfhard). Diferente de tentativas bem sucedidas de outras adaptações como "Os Inocentes" (1961) e "Os Outros" (2001), a ideia de reconstruir o que Henry James escreveu em "A Outra Volta do Parafuso" (1898) não deu certo.

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O pontapé inicial para o clima fantasmagórico - e nada assustador - começa com a recepção que a babá tem ao chegar no novo trabalho, quando a governanta, a Sra. Grose (Barbara Marten), surge repentinamente e com maquiagem que muito mais remonta a uma assombração do que aos seus anos de vida dedicados à família dos órfãos. A casa, aliás, é habitada apenas pelos irmãos e por ela, além dos espaços abandonados do ambiente, tomado na parte externa por lagos de água suja, que logo introduz o espectador ao cenário.

Outros personagens, supérfluos como a maioria, exceção à pequena Flora e ao irmão Miles, talentos visivelmente perdidos em meio à bagunça do filme, integram o longa. São eles Quint (Niall Greig Fulton), um antigo criado da casa e Jessel (Denna Thomsen), que, mortos, assustam a protagonista que corre alopradamente em meio a bonecas decapitadas, escadas e porões escuros. Fugindo de que ou de quem é o grande mistério. Nem ela própria sabia ao certo.

Kate, a babá, parece ter levado para o casarão as alucinações maternas, já que sua mãe, no filme, aparece de relance com perturbações mentais. Talvez uma explicação para os desacertos de um roteiro que quase nada entrega, inclusive no desfecho sem pé nem cabeça que deixa livre o espectador para interpretar cerca de uma hora e meia de cenas que arrancam com facilidade risos frustrantes e cheios de interrogações.