Zélia Duncan: ativismo no palco do Carnaval do Recife

Cantora e compositora carioca se apresenta no Pátio de São Pedro e na Praça do Arsenal, durante os dias de folia

Zélia Duncan - Reprodução/Instagram

O palco como “ponte, rampa, asa para voar com o público”. Foi assim que Zélia Duncan definiu o espaço que ela vai ocupar no Carnaval do Recife, mais precisamente na programação dos polos do Pátio de São Pedro (Sábado da Diversidade) e da Praça do Arsenal, respectivamente nos dias 22 e 24 de fevereiro, ocasião em que a cantora e compositora carioca, veterana do Festa de Momo de Pernambuco, se apresenta para com repertório variado e surpresas para "cantar seu discurso em formato de música".

"O que tenho para dizer vou dizer cantando. 'Tudo é Um' e o trabalho 'Eu Sou Mulher, Eu Sou Feliz', estarão representados", garante ela, fazendo menção aos seus mais recentes projetos - o primeiro deles, permeado por sutilezas, como resposta às agruras diárias dos últimos tempos; e o segundo, feito em parceria com Ana Costa, traz o tom feminista e assumidamente explorado nas faixas protagonizadas por outras artistas da música. Em conversa com a Folha de Pernambuco, Zélia fala de si, do momento atual em que o País atravessa e do futuro próximo que será vivido por ela em plena folia pernambucana.

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Juntos e livres
"O palco é a ponte, a rampa, a asa para voar com o público. Já cantei muito em Carnaval, inclusive no Marco Zero, são momentos de estarmos juntos e livres. Eu amo cantar na rua e a abertura de Recife no Carnaval, para todo tipo de som e artista, é uma metáfora do que precisamos reconquistar no Brasil, o direito de sermos diferentes e sermos ouvidos".

Fascistas no poder
"Qualquer pessoa com o mínimo de sensibilidade e honestidade se sente aviltada com o que temos vivido no Brasil. Fascistas no poder, ignorância orgulhosa, agressão e violência".

Carnaval como manifesto
"O que eu sou, sempre me acompanha, isso é inevitável. Estou indo para cantar, meu discurso é a música nos meus shows, o que tenho para dizer, vou dizer cantando. Meu álbum 'Tudo é Um' e o trabalho 'Eu Sou Mulher, Eu Sou Feliz', estarão representados sim".

Mulher nasce para lutar
"Estamos numa lama danada no Brasil e mulher, a gente sabe, nasce para lutar. Mas temos dado passos no meio do caos, passos que não vão voltar atrás. O feminismo negro, o mais urgente, hoje tem vozes sensacionais e todas nós, mulheres, estamos começando a entender que precisamos contar umas com as outras, antes de mais nada. Precisamos sobreviver a cada dia".

Zélia Duncan em 2020
"Acabei de lançar dois álbuns, vou cuidar deles e fazer TUDO que eu puder, principalmente nesses tempos. Vou realizar no mínimo, mais dois projetos pessoais, ainda esse ano, fora escrever e me formar na Faculdade de Teatro".

Do Recife, saio com saudade
"De Recife eu sempre saio alimentada de música e amor. Sempre saio com saudade. Almério vai cantar comigo no segundo show, ele é um presente na minha vida, ele que me aproximou de Juliano (Holanda) e (Thiago) Martins, quero esse caras perto de mim, por mim, trago todos para o palco".