Militar detido com cocaína na Espanha é condenado a seis anos de prisão

Sargento da comitiva presidencial levava 39 quilos da droga

Segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues - Reprodução

O militar brasileiro preso na Espanha , o Manoel Silva Rodrigues, com 39 quilos de cocaína, após desembarcar de um voo da Força Aérea Brasileira (FAB), aceitou cumprir uma pena de seis anos de prisão e pagar uma multa de $ 2 milhões de euros.

De acordo com a agência EFE, o tribunal concluiu o processo que enviou para que a sentença seja lida, tendo o Ministério Público reduzido o pedido inicial de oito anos de prisão e uma multa de quatro milhões de euros, depois de o sargento brasileiro ter reconhecido as ilegalidades cometidas e ter-se mostrado "profundamente arrependido".

O homem foi preso no dia 25 de junho, na cidade de Sevilha, quando passava pelo controle alfandegário. Ele partiu do Brasil em missão de apoio à viagem presidencial ao Japão para a reunião do G20, integrando a tripulação que ficaria em Sevilha. O sargento foi acusado pelas autoridades espanholas por crime contra a saúde pública, categoria em que se encontra o delito de tráfico de drogas.

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O representante do Ministério Público salientou que considerou o arguido "sincero" e a defesa do militar concordou com a alteração da acusação e a correspondente redução da pena solicitada.

Quando foi à presença do juiz, o sargento admitiu que levava a cocaína na sua bagagem e que a droga lhe tinha sido entregue no Brasil.

"A pessoa que me entregou disse-me que o seu destino era a Suíça e que eu deveria introduzi-la na Europa", explicou o arguido, acrescentando que tinha por missão ir a um centro comercial "por volta das três ou quatro horas da tarde", no dia 25 de junho de 2019, para dar a cocaína a outro homem que não conhecia. "Eu tinha de ir com roupa camuflada e uma camisa verde, e a outra pessoa iria identificar-me através de uma fotografia", afirmou.

Expulsão
Segundo o militar, que também é alvo de um processo de expulsão por parte do Exército brasileiro, foi "a primeira e única vez na vida" que "fez de forma equivocada uma coisa dessas". "Passava por dificuldades econômicas. Estou no Exército há 20 anos e nunca tive nenhum caso, mas um militar no Brasil não tem um bom salário. Sempre compro coisas nas minhas viagens, como telemóveis, e vendo-as para ganhar algo extra", disse.

Os guardas civis (correspondente à GNR) que apreenderam a droga também estiveram no tribunal e concordaram que o acusado lhes explicou na altura que a substância "era queijo", tendo aberto as suas bagagens porque "é proibido introduzir alimentos de origem animal de países não comunitários", acrescentando que os "tijolos" que continham as drogas estavam "empilhados como se fosse uma enciclopédia".

"Estou profundamente arrependido. Peço ao Estado e ao povo espanhol que me perdoem por trazer isso para o seu país", disse o militar, que concordou que "o castigo é justo" e que depois de cumprir a pena irá voltar ao seu país para estar com a família e tentar encontrar um novo emprego.

A cocaína, 80% pura e avaliada em 1,4 milhão de euros, foi interceptada num controle feito à bagagem do militar de 39 anos que pertencia a uma equipe avançada da comitiva que acompanhava o presidente brasileiro. Na época, a detenção levou o governo brasileiro a mudar a escala do avião do presidente, que deveria ser feita também em Sevilha, para Lisboa.

O presidente brasileiro ia a caminho de Osaka, no Japão, onde se realizou uma reunião do G20, as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia.