Exercícios físicos fazem bem ao corpo e à mente

Não importa a densidade da atividade, pois os hormônios do bem-estar são liberados proporcionando prazer e saúde

Estudante e praticante de pilates Ana Adalgisa Dornelas, 19 anos - Ed Machado/Folha de Pernambuco

Engana-se quem pensa que praticar exercícios ou atividades físicas faz bem apenas ao corpo. A mente também é uma das grandes beneficiadas, pois já é cientificamente comprovado que há uma ligação entre ser fisicamente ativo e ter uma boa saúde psicológica. Estudos mostram que ao movimentar nossa estrutura corporal estamos estimulando a produção de serotonina e dopamina, substâncias responsáveis pelo bem-estar e felicidade.

Uma boa corrida, por exemplo, pode ajudar a espantar sentimentos e pensamentos negativos, fazendo você se conectar com a natureza e com o seu eu interior. Basta um par de tênis confortável para iniciar essa atividade. Quem conhece bem os benefícios é o jornalista Roberto Neves, 61 anos.

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Há quase uma década ele começou a correr por ter asma, mas o que deveria ser uma ajuda no tratamento acabou se tornando uma paixão. Em casa ele expõe as centenas de medalhas que ganhou ao longo dos anos participando de competições. A meta dele para este ano é correr 2 mil km e para ajudar a alcançar este objetivo conta com um caderno onde anota as informações de todas as corridas, como percurso e tempo.

Ele conta que com a corrida aprendeu a ser mais paciente. "Minha profissão é bastante estressante e quando corro alivio um pouco a tensão. No meu cotidiano quando estou em uma situação estressante eu paro, respiro fundo e me acalmo. Este foi um dos aprendizados que tive com a corrida", comenta. Segundo Neves, a prática de exercício de físico o fez ter um cuidado maior com a saúde. "Correr é muito fácil, mas tem que passar um processo preparatório. Todo ano me preocupo em fazer um check-up, geralmente no início do ano, quando começa a temporada, para ver como está o coração, pulmão", comenta.

Já a estudante Ana Adalgisa Dornelas, 19, optou pelo pilates e há cerca de um mês começou as aulas. "Eu já tentei fazer diversas atividades físicas, mas nunca consegui me adaptar a nenhuma delas. Após minha mãe e minha tia começarem a fazer pilates elas me incentivaram a tentar. Eu vi que os efeitos nelas estavam sendo bastante interessantes e resolvi fazer", disse. A jovem acabou se surpreendendo e gostando. "Ajuda o condicionamento físico, aumenta disposição, melhorou minha respiração, a autoestima. Passei a me sentir mais confiante. Atividades simples que tinha dificuldade para fazer no dia a dia já não tenho mais", falou.

De acordo com a fisioterapeuta Ivy Pires, o criador do método, o alemão Joseph Hubertus Pilates, queria uma atividade que integrasse mente, corpo e espírito. "Então, ele trabalha muito a respiração, que é o princípio número um do pilates. Através da respiração e exercícios de alongamento e relaxamento a gente consegue ter a liberação de hormônios como a serotonina e dopamina, hormônios que dão a sensação de prazer e bem-estar", comenta.

Ela disse ainda que a atividade pode auxiliar no tratamento de transtornos como ansiedade, estresse e depressão, por conta dessa liberação hormonal. "Além de trabalhar a parte física, como o fortalecimento muscular, a postura, condicionamento físico, coordenação, equilíbrio", acrescenta.

Pós-graduada em fisioterapia nas disfunções do assoalho pélvico e obstetrícia, a profissional explica que não há contraindicações para o pilates. "É uma atividade física altamente moldada para a particularidade de cada paciente. É uma atividade para todos e todas as idades, desde criança ao idoso consegue fazer. Cabe ao profissional avaliar bem esse paciente para entender o que ele pode ou não fazer dentro da atividade", disse. Há exercícios que atendem alunos do nível iniciante, intermediário e avançado.

O psicólogo Gabriel Medeiros, mestre em Saúde Mental e doutorando em Psicologia Clínica, conta que, além de ajudar a manter o corpo em dia, ao praticar atividades físicas ventilamos nosso cérebro e mantemos nossos neurotransmissores nos níveis de cortisol regulados.

"Na infância a importância passa pela maturação psicológica da criança. A gente sabe que o exercício físico nessa fase da vida está muito atrelado ao brincar, mas dentro disso vem a competição, as relações de trabalho em equipe, de liderança, do saber ganhar e saber perder. São coisas que a gente precisa desenvolver enquanto habilidade social para a fase adulta", comenta. Ainda de acordo com o especialista, para o adulto e o idoso o exercício físico está atrelado também com a integração social e construção de novos laços.

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