Academia Pernambucana de Medicina: preservar o passado para construir o futuro
Membros da APM visitam a Folha e defendem preservação da memória médica no Estado, as atividades promovidas pela entidade em alusão ao seu cinquentenário e a ética médica na saúde pública brasileira.
Membros da Academia Pernambucana de Medicina (APM), instituição que completa 50 anos em 2020, estiveram reunidos com a diretoria da Folha de Pernambuco, na manhã desta quarta-feira (4). Durante a visita de cortesia, foi discutida a preservação da memória do conhecimento médico no Estado, as atividades promovidas pela entidade em alusão ao seu cinquentenário, e a defesa da ética médica e da saúde pública brasileira.
O neurocirurgião Hildo Rocha de Azevedo, presidente da APM, acompanhado da diretoria da instituição, foram recebidos pelo diretor-executivo da Folha de Pernambuco, Paulo Pugliesi e pelos diretores José Américo Góis (Operacional), Mariana Costa (Administrativa), Joana Costa (Marketing) e Domingos Azevedo (conselheiro). No encontro, foi apresentada missão da APM de conservar a memória da atividade médica pernambucana, contruída por personalidades destacadas como os médicos Fernando Figueira e Octávio de Freitas.
"A intenção é que a Academia também faça parte do complexo médico de Pernambuco como o Cremepe, o Sindicato, e também seja um ponto de referência na formação da medicina. Nesse ano do cinquentenário teremos diversos momentos para divulgar a Academia, fazendo visitas a órgãos como a Folha de Pernambuco, como também já estivemos na Assembleia Legislativa, para fazer uma divulgação sobre a APM, que defende a medicina mais humana, que está desaparecendo. Esta é a nossa função", disse Hildo Azevedo. "Ao longo do tempo, essa Academia Pernambucana de Medicina foi angariando mais acadêmicos e hoje tem seu quadro com 50 membros e o respeito das demais instituições de medicina", lembrou.
O presidente da APM aproveitou a oportunidade para defender o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Hildo Azevedo, o SUS é um sistema que deu certo em vários países desenvolvidos, a exemplo da Inglaterra, mas que precisa ser melhor gerido no Brasil. Ele cobrou uma auditoria profunda no Sistema para punir desvios e otimizar a utilização dos recursos, para melhorar a saúde pública brasileira.
Também participaram do encontro Fernando Cavalcanti (vice-presidente), Luiz Gonzaga Barreto (secretário-geral), Renato Dornelas Câmara Neto (primeiro secretário), e Miguel Doherty, professor e membro da APM.
Memorial da Medicina
O Memorial da Medicina de Pernambuco é um espaço de memória da Universidade Federal de Pernambuco, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEXC) e à Diretoria de Extensão e Cultura (DEC), e instalado no antigo prédio da Faculdade de Medicina do Recife, situado à Rua Amaury de Medeiros, nº 206, Derby - Recife-PE. Seu prédio, construído para abrigar a primeira Faculdade de Medicina do Estado, é tombado como Patrimônio Cultural Pernambucano.
A Faculdade de Medicina funcionou nesta edificação desde sua inauguração, no dia 21 de abril de 1927 até o ano de 1958, quando foi transferida para o Campus Universitário. O prédio foi restaurado e reinaugurado em 27 de novembro de 1995, com a designação de Memorial da Medicina de Pernambuco.
Hoje se constitui no mais importante centro de cultura da área da saúde de Pernambuco, pela produção e difusão de conhecimentos científicos e cultural que contribuem para promoção da saúde e preservação de sua memoria.
Instituto de Medicina
O Instituto Pernambucano de História da Medicina foi fundado em 25 de agosto de 1946, pelo sanitarista Octávio de Freitas. Sua missão é estudar, debater e divulgar as questões referentes à história da medicina e das ciências afins e contribuir com as autoridades constituídas e emitir pareceres sobre assuntos referentes à sua órbita de pesquisas e estudos e estabelecer relações de correspondências e intercâmbio cultural com as associações congêneres, nacionais e estrangeiras. O espaço conta com a sala Octavio de Freitas, um anfiteatro e uma sala que recria as aulas como eram ministrada em 1927.
Museu de Medicina
Um dos braços do Instituto Histórico da Medicina de Pernambuco, o Museu de Medicina foi criado em 1946 por Octávio de Freitas, grande nome da medicina pernambucana e criador da Faculdade de Medicina. O Museu está atualmente parado, devido a uma inundação que comprometeu sua infraestrutura em 2014. A Academia de Medicina está ajudando financeiramente a sorguer o espaço.
Quartas históricas
Além de abrigar o Museu, o Instituto oferece reuniões abertas ao público todas as segundas e quartas-feiras de cada mês. São seminários sobre a história da medicina e temas de interesse nacional. No próximo dia 25 de de março, às 9h, o convidado será o ex-ministro de Educação, Mendonça Filho, que dissertará sobre a Educação no Brasil. "A gente se reúne para discutir temas que nos interessa. E não são reuniões apenas para discutir o passado, mas para falar sobre o que podemos aprender para construir o futuro", destacou Renato Dornelas Câmara Neto, responsável pelo projeto.
"Estamos tentando dar via ao que merece ser vivido, dar vida ao museu, com uma visão da história voltada para o futuro, não de memorialismo, mas uma visão voltada para o futuro. Mostrando o caminho que o passado nos indica", destacou Renato Câmara.
50 anos da APM
Até o dia 17 de dezembro, quando completa 50 anos de fundação, a instituição prepara uma série de ações, discutindo os desafios para o presente e o futuro. Fundada no dia 17 de dezembro de 1970 pelo médico e professor Fernando Figueira (1919-2003), a Academia Pernambucana de Medicina, atualmente composta por 50 membros, funciona na antiga Faculdade de Medicina do Recife, um casarão tombado às margens do rio Capibaribe, nas imediações da praça do Derby, na área central da Capital.
Para celebrar essa história, a entidade programa uma série de atividades neste ano. Entre elas, está a reedição, em parceria com o Conselho Regional de Medicina, de três livros do sanitarista Octávio de Freitas: “Os nossos médicos e a nossa medicina”, “História da Faculdade de Medicina do Recife” e “Medicina e costumes do Recife do século 19”.