Encolhida, LBF 2020 tem início neste domingo (8)

Principal campeonato de basquete feminino do País, a Liga terá oito times participantes nesta temporada

Em 2019, o time pernambucano jogou com a camisa da Uninassau - Robson Neves/Divulgação

Neste domingo (8), Dia Internacional da Mulher, será dado o pontapé inicial da edição 2020 da Liga de Basquete Feminino (LBF), principal certame do basquete feminino profissional do País. Das 16 equipes que manifestaram interesse em disputar a atual temporada, apenas oito de fato jogarão, uma redução de quatro participantes em relação ao torneio de 2019. Desses oito times, cinco são de São Paulo - Ituano, Santo André/Apaba, Pró-esporte/Sorocaba, Sesi/Araraquara e Vera Cruz/Campinas -, um é de Santa Catarina (Blumenau), um do Rio de Janeiro (LSB/Sodiê Doces) e outro do Maranhão (Sampaio Corrêa).

Ituano x Santo André, às 15h, é o jogo de abertura da Liga 2020, que manterá o formato de disputa com fase de classificação em turno e returno, seguida de séries de mata-mata de quartas de final, semifinais e final. Como são apenas oito times, todos já estão assegurados nos playoffs, sendo a fase classificatória determinante para formar os chaveamentos.

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Pernambuco, que nos últimos sete anos esteve representado na LBF, com direito a um título, três vices e três presenças em semifinais, não terá um time na disputa nesta temporada. O projeto capitaneado pelo treinador Roberto Dornelas, que foi campeão na edição 2013/2014 vestindo a camisa do Sport, passou pelo América, Uninassau e retornou ao clube rubro-negro no final do ano passado, quando iniciou uma busca incessante por patrocinadores, está na lista nos desistentes.

“Montamos um projeto, mas não conseguimos captar recursos a nível empresarial nem governamental. Para nossa surpresa, não fomos aprovados na Lei de Incentivo do Estado. O que conseguimos foram alguns parceiros, aí estamos negociando para a próxima Liga”, comentou Roberto Dornelas, deixando claro que o planejamento é retornar ao certame em 2021 e que, para isso, já tenta costurar aliados. No caso da Lei de Incentivo especificamente, a Secretaria Executiva de Esportes do Estado explicou que o projeto não estava em total conformidade com as diretrizes de formatação exigidas e, por isso, não avançou.

Além de não ter conseguido um patrocinador máster para montar o elenco, Dornelas lamentou ainda uma mudança de planos da Liga para esta temporada. “Embora Molina (Ricardo Molina, presidente da LBF) não goste quando eu falo isso, a Liga sempre deixou para gente uma esperança em relação ao contrato de patrocínio com a Caixa. Uma delas era que em 2020 os times se preocupassem em manter a equipe, enquanto as despesas de passagens aéreas, hospedagem e alimentação nas viagens e a taxa de arbitragem seriam custeadas através desse patrocínio. Só em dezembro foi anunciado que não teria isso, o que fez muitos times pré-inscritos desistirem”, comentou o treinador.

O contrato vigente da Caixa - para as temporadas 2019 e 2020 - rendeu R$ 2,5 milhões à Liga, que acabou utilizando parte desses recursos para quitar dívidas de gestões anteriores. Houve uma tentativa de antecipar a renovação da parceria, mas, segundo dirigentes da LBF, a instituição financeira não deu retorno oficial sobre o assunto. Procurada, a Caixa disse que não se manifestaria sobre o contrato atual ou perspectivas de renovação para edições futuras.

Na visão da LBF, a redução no número de participantes é ruim, mas não chega a enfraquecer o certame. “Não podemos dizer que enfraqueceu porque já tivemos edições com cinco times. Antes da Caixa, as equipes se bancavam. O problema é que as equipes não têm patrocinador hoje, então fica difícil custear elenco e despesas”, pontuou o vice-presidente da Liga, o pernambucano Valter Ferreira, frisando ainda que a LBF tinha mais parceiros antes, a exemplo da Eletrobras e do Bradesco. “A Liga também tem projetos via Lei de Incentivo (Nacional) aprovados, mas captar os recursos junto às empresas está muito difícil, embora haja um funcionário apenas para atuar nessa área”, completou o dirigente.

Secretário geral da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), que chancela a LBF, Carlos Fontenelle vai além e reforça que as dificuldades não se restringem ao basquete e que a redução de times no certame implica não só na diminuição de ofertas para as atletas, mas para vários outros profissionais.

“O problema de manutenção de equipes e patrocínios é um desafio, em geral, do esporte olímpico brasileiro. Porém estamos trabalhando para trazer soluções alternativas para o desenvolvimento dos campeonatos adultos. Esta semana foi anunciada a parceria da LBF com a GOL, por exemplo (será dado um desconto de 40% nas passagens para as equipes). Nosso objetivo é aumentar o mercado de trabalho para todos os envolvidos no basquete feminino: atletas, técnicos, preparadores, médicos, fisioterapeutas… E por isso vamos realizar no segundo semestre o sub-23 de clubes, que servirá como uma Divisão de Acesso para a Liga, aumentando as oportunidades de trabalho de todos estes profissionais”, adiantou.