Famílias fazem protesto marcando 100 dias de tragédia em Paraisópolis
Na ocasião, nove jovens foram mortos depois de ação da polícia
Famílias dos nove jovens que morreram em dezembro do ano passado, em um baile funk, e moradores de Paraisópolis fazem nesta segunda-feira (9) um ato em homenagem aos jovens mortos. No protesto, que marca os 100 dias da tragédia, as famílias cobram a resolução do caso e a punição dos culpados.
Os manifestantes criticam o resultado do inquérito da Corregedoria da Polícia, que exime os policiais envolvidos na ação no baile funk de culpa pelas mortes.
Para as famílias, o resultado do inquérito da Corregedoria “é um escândalo”. “Alegar que a ação foi em legítima defesa aumenta o sentimento de injustiça e de impunidade. É muito grave. Os nove jovens do Baile da DZ7 novamente estão sendo encurralados, pisoteados e asfixiados com esta decisão, deixando a sociedade perplexa diante das imagens das ações policiais no baile. E, a cada dia que passa, sem que as famílias e a comunidade sintam que a justiça foi feita, bem como reconhecem ausência do Estado, nas ações de prevenção e de transformação da comunidade, a situação se agrava”, diz o comunicado que chamou o ato de hoje.
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A concentração da manifestação teve início às 17h, na mesma viela onde os jovens foram mortos, pisoteados, após uma ação policial no baile funk em Paraisópolis. Além de cobrarem por Justiça, os manifestantes pediram ainda políticas públicas para a comunidade. A intenção é fazer uma caminhada até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, localizado no Morumbi, zona sul da capital.
Investigação
O Inquérito Policial Militar (IPM) da Corregedoria apurava a conduta dos policiais que participaram da ação no baile funk em Paraisópolis, ocorrida no dia 1 de dezembro do ano passado, e que foi seguida do tumulto que resultou nas mortes dos jovens. O inquérito correu sob segredo de Justiça e pediu, como conclusão, o arquivamento do processo.
No entanto, ao final do inquérito, o Ministério Público solicitou novas diligências que, segundo a Secretaria de Segurança Pública, estão agora em andamento. Após a conclusão dessa etapa, o IPM será remetido novamente à Justiça Militar e ao Ministério Público, órgãos competentes para a análise. A decisão pelo arquivamento caberá ao Ministério Público. Há um outro inquérito sobre o caso correndo no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Polícia Civil, que ainda segue sob investigação.