Após 5 anos preso, ex-diretor da Petrobras Renato Duque sai da cadeia e põe tornozeleira
Renato deixou o Complexo Médico Penal, em Pinhais, escoltado pela Polícia Federal até a sede da Justiça Federal na capital do Paraná
O ex-diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque, condenado na operação Lava Jato, deixou a prisão na tarde desta quinta-feira (12) depois que teve a liberdade concedida pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).
Ele deixou o Complexo Médico Penal, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, por volta das 16h30, e seguiu escoltado pela Polícia Federal até a sede da Justiça Federal na capital paranaense, onde colocou equipamento de monitoramento eletrônico. Ele deixou o prédio por volta das 18h.
Essa é uma das condições que Duque terá que cumprir para permanecer em liberdade. Ele também teve que entregar o passaporte e deverá comparecer mensalmente à sede do Juízo, além de não entrar em contato com os demais investigados e réus da operação.
Leia também:
Preso mais antigo da Lava Jato, Renato Duque recebe habeas corpus do TRF-4
Petrobras corta preço da gasolina em 9,5%; diesel cai 6,5%
Preso mais antigo da Lava Jato, Duque estava detido desde março de 2015. Nesta quarta-feira (11), ele teve um habeas corpus acolhido pelo TRF-4. Ele havia sido preso pela primeira vez em 2014, mas obteve soltura no STF (Supremo Tribunal Federal) depois de três semanas.
O relator do caso, desembargador João Pedro Gebran Neto, foi voto vencido na sessão da 8ª Turma da Corte, que apreciou o pedido da defesa do ex-diretor. O voto contrário, pela soltura, partiu do desembargador Leandro Paulsen e foi seguido por Carlos Eduardo Thompson Flores.
O habeas corpus discutia a permanência de três prisões preventivas em diferentes ações da Lava Jato, em vigor há cinco anos. Com a decisão do TRF-4, as cautelares foram revogadas.
Duque foi condenado em sete processos envolvendo o escândalo de corrupção na Petrobras, mas nenhuma sentença chegou ao trânsito em julgado (quando não cabem mais recursos).
Em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal decidiu mudar o entendimento que permitia o início de cumprimento da pena após condenação em segunda instância, o que atingiu réus da Lava Jato, incluindo Duque.
Procurada, a defesa de Duque não quis se manifestar sobre a decisão do TRF-4.
Condenações
Em setembro do ano passado, o TRF-4 aumentou a pena de Duque, de dez anos para 28 anos e cinco meses de prisão, pelo crime de corrupção passiva em apenas uma das ações da Lava Jato, ligada a contratos firmados entre a Petrobras e a construtora Andrade Gutierrez.
Com esta, foram sete condenações confirmadas pela segunda instância no âmbito da operação, envolvendo crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Todas as penas somadas chegam a cerca de 124 anos de prisão.
Ao longo de sua prisão, o ex-diretor tentou firmar acordo de colaboração com os investigadores. Embora não tivesse acordo formalizado nem fosse réu, foi um dos principais acusadores do ex-presidente Lula no caso do tríplex de Guarujá (SP), cuja sentença provocou a prisão do petista por um ano e sete meses.
Duque também passou a colaborar com autoridades estrangeiras. Ele contribuiu para apurações de ao menos cinco países: Itália, França, Noruega, Panamá e Singapura.