Em tempos de coronavírus: suplemento ou alimento?

Especialistas falam qual recurso é o mais indicado para fortalecer a imunidade

Oleaginosas - Ed Machado/Folha de Pernambuco

Desde que o novo coronavírus se espalhou pelo Brasil, o interesse da população sobre os alimentos que fortalecem a imunidade aumentou por todos os lados. Embora não haja ingrediente ou remédio que possa conter a covid-19, a solução tem sido blindar as defesas do corpo da maneira que pode. Para muita gente, vale até o reforço de cápsulas contendo vitaminas importantes à manutenção do organismo nesse período. No entanto, essa procura desenfreada por suplementos exige direcionamento adequado, segundo profissionais de saúde.

De acordo com o nutrólogo Humberto Arruda, especialista em medicina preventiva, antes mesmo de as restrições sociais começarem, o perfil do paciente no seu consultório no Recife e em Limoeiro já havia mudado. Tanto que ele precisou dobrar o estoque de vitamina D3 injetável por conta da procura. “Maior parte da população adulta no Brasil sofre com insuficiência de vitamina D e ela desempenha um importante papel no bom desempenho do sistema imunológico”, afirma. A demanda de pessoas atentas ao emagrecimento já havia caído, abrindo espaço para os interesses sobre a imunidade.

Para quem segue uma rotina preocupada com boa alimentação, associada a hábitos como exercício físico e boa noite de sono, a suplementação não se torna algo obrigatório e, sim, uma alternativa. “Se temos uma alimentação variada, muito provavelmente, ela oferecerá todos os nutrientes que permitirão uma imunidade garantida. A exceção está em casos específicos, como indivíduos imunocomprometidos, que tenham sido submetidos a cirurgias do trato gastrointestinal, a gastroplastia, ou até em determinadas fases da vida como gestantes e idosos”, explica a nutricionista Helen Lima.

Leia também:
Desnutrição e obesidade
Saúde da mulher começa na mesa

Vale lembrar que os nutrientes importantes para o funcionamento desse sistema responsável pelas defesas do corpo são a vitamina C, a vitamina D, o zinco e o selênio. “Estes podem ser oferecidos por um conjunto de alimentos, como peixes e crustáceos, frutas regionais, como acerola, goiaba, caju, além de sementes oleaginosas, como as castanhas de caju ou do Pará. No caso da vitamina D, a baixa exposição solar, sobretudo em atividades físicas ao ar livre, podem gerar a necessidade de suplementação desse nutriente, sobretudo para idosos e gestantes.


Grupos de risco
Nessa época em que pessoas acima de 60 anos são mais vulneráveis, há necessidades específicas de suplementação, a partir do estilo de vida. Ainda segundo a especialista, seria baixa movimentação e atividade física, redução do consumo de alimentos e muitas restrições alimentares para controle de outros problemas clínicos, como diabetes, doenças ou alterações intestinais.

Já para o médico Humberto Arruda portadores de doenças crônicas também estão na lista de risco e mais propensos a desenvolver complicações da covid-19, devido ao comprometimento da resposta imune. Leia-se diabéticos, hipertensos, asmáticos e pacientes com doenças cardiovasculares também devem fazer o acompanhamento médico dessas doenças constantemente e estar com a imunidade em dia. “Quase todos os casos de letalidade pelo coronavírus já estavam doentes antes da infecção. No Brasil, o primeiro caso confirmado - no final de fevereiro - foi de um homem de 61 anos, hipertenso e cardiopata”, lembra Arruda.