Maconha: bem ou mal?

Uso é liberado em alguns países, mas na maioria há restrições

Erva ainda é motivo de discussões médicas - Diulgação

É inegável a existência no mundo de um movimento para que seja liberado o uso da maconha. Também conhecida como marijuana, ela poderia ser utilizada livremente como medicamento e também como droga recreativa. Ou seja, as pessoas poderiam adquiri-la não só como remédio, mas também com a finalidade de de sentir as sensações agradáveis que proporciona.

Grande argumento é que a maconha, além de ter demonstrado eficácia terapêutica para várias doenças, não causa nenhum efeito maléfico importante. Apesar do seu uso só ser liberado em poucos países e, parcialmente, o número dos seus usuários já é assustador: 12% dos americanos dos Estados Unidos, com mais de 12 anos de idade, já consomem.

Este resultado é ainda mais preocupante porque entre os adolescentes este percentual é maior. E existem evidências de que o efeito deletério da maconha é mais grave neste grupo etário. A controvérsia sobre o seu uso é alimentado por pesquisas.
Enquanto a maioria delas, e de maior rigor científico, mostra malefícios do seu uso, outras afirmam o contrário.

Um aspecto interessante é a possibilidade de se tornar viciado, dependente, em marijuana. A probabilidade ao se experimentar por algumas vezes um cigarro de fumo é de mais de 70% de se tornar dependente. Enquanto com relação à maconha a possibilidade é de apenas 9%.

O percentual é maior nos que a utilizam diariamente - e entre os jovens. Mesmo com esta baixa probabilidade de se tornar um viciado, dependente, milhões de americanos sofrem com este problema.

Para agravar a situação, a suspensão do seu uso por um dependente costuma causar sintomas muito desagradáveis, a chamada síndrome da abstinência. Insônia, depressão, irritabilidade e agressividade são alguns deles. Estas condições fazem com que muitos deles voltem ao vício.

Ao contrário do que dizem os defensores da liberação da droga, várias pesquisas demonstraram a existência de efeitos deletérios sobre o nosso organismo. Um deles é a ação sobre o desenvolvimento do nosso cérebro. Este órgão, que obviamente inicia o seu desenvolvimento na vida intra uterina, só o termina em torno de 21 anos de idade. Desta maneira, quando da adolescência ele ainda esta se desenvolvendo e, consequentemente, mais sensível à ação de fatores agressores.

Experiências em animais confirmam que o uso crônico da maconha durante esta fase da vida causa alterações anatômicas desfavoráveis e irreversíveis no cérebro dessas cobaias.

Esta é a possível explicação para que adultos humanos que usaram a droga cronicamente na adolescência, tenham menor inteligência do que a média da população. Um outro ponto que deve ser enfatizado é que o uso de marijuana aumenta o risco de que seu usuário possa também ficar dependente de uma outra droga.

Apesar disso, a maconha é cada vez mais usada como medicamento em dezenas de condições clínicas. Os médicos que assim procedem acreditam na sua eficácia terapêutica.

Epilepsia, alzheimer, glaucoma, artrite, anti náuseas na quimioterapia, como tranquilizante, como estimulador do apetite, HIV Aids, como analgésico, etc. Estas são algumas das dezenas de condições em que ela foi e continua sendo utilizada. Os defensores de seu uso, inclusive, argumentam a existência de pesquisas que corroboram a sua eficiência com poucos ou nenhum efeito colateral.

Os que são contrários ao seu emprego como remédio, a grande maioria, têm vários argumentos contra a sua utilização. A eficiência demonstrada em poucas pesquisas mostra que quase sempre ela é utilizada conjuntamente com outros medicamentos que poderiam ser o responsáveis pela melhoria.

As pesquisas científicas que mostram benefício de seu uso não têm o rigor científico desejado. E por outro lado, os efeitos colaterais existem e são bem documentados. As ações sobre o cérebro diminuem, a capacidade de aprendizado da memória da percepção e de julgamento. Além disso, suas ações maléficas sobre os órgãos da respiração. Além de ter mais substâncias carcinogênicas do que o tabaco.

*É endocrinologista e escreve quinzenalmente neste espaço