Música Pop

Entrevista: 'Não é isso que irá estragar a magia', diz Pabllo Vittar sobre vazamento de novo álbum

A cantora foi obrigada a adiantar o lançamento da segunda parte do álbum "111" depois que o material vazou na internet

Capa do novo álbum de Pabllo Vittar - Ernna Costa/Divulgação

Pabllo Vittar está sempre em movimento. Em três anos, a cantora e drag queen maranhense, de 25 anos, lançou dois álbuns, fez grandes parcerias internacionais, se apresentou em festivais e premiações pelo mundo, acumulou 10 milhões de seguidores no Instagram e consolidou seu nome como uma das maiores artistas do cenário pop nacional. A artista, no entanto, não para.

Após o vazamento do conteúdo nas redes sociais, Vittar lançou a segunda parte do projeto “111” nas plataformas digitais, na última terça-feira (24). O projeto se conclui depois do sucesso da primeira metade do álbum. Rompendo as barreiras da LGBTfobia e os boicotes das rádios nacionais, todos os singles do projeto emplacaram: “Amor de Que” e “Parabéns”, esta última parceria com o grupo Psirico, foram duas das músicas mais tocadas no Carnaval em 2020; e “Flash Pose”, com a britânica Charli XCX, acumula quase 25 milhões de reproduções no Spotify.

 

O êxito do trabalho de Pabllo é explicável. A cantora trouxe gêneros atuais da música nordestina e mesclou com suas referências eletrônicas nas primeiras canções do álbum. Na segunda metade do material, ela é ainda mais ousada. Em inglês, espanhol e português, Vittar mistura, sem medo, a pisadinha, ritmo derivado do forró, em “Clima Quente”, com Jerry Smith; o reggaeton na bilíngue “Salvaje”; a cumbia e o samba em “Tímida”, canção em espanhol, ao lado da mexicana Thalia; o gospel brasileiro na ótima “Rajadão”; e o arrocha baiano em “Lovezinho”, sua parceria com Ivete Sangalo. Disponível nas principais plataformas de streaming, o álbum deve vir acompanhado da "111" Tour e mais músicas extras em breve.

Em entrevista à Folha de Pernambuco, Pabllo Vittar fala sobre processos, criação e a dedicação ao novo trabalho.

Folha de Pernambuco - Quase seis meses após o lançamento da primeira parte do 111, agora temos a segunda etapa do álbum em mãos. Como surgiu a ideia e por que você decidiu dividir o material em dois processos?

Pabllo Vittar: Explicar esses processos é um pouco difícil pra mim! Vivo num processo criativo constante junto com o time do Brabo, que me acompanha! Tínhamos todas as músicas definidas antes de lançar a primeira parte, lançamos ela e depois, durante o processo de finalização, isso mudou, músicas saíram, músicas novas entraram e assim começamos a era 111 oficialmente! Além disso, temos que pensar na maneira como as pessoas consomem música agora, né? Dessa maneira consegui dar mais atenção a mais músicas que amo e estão no álbum.

Folha de Pernambuco - Qual a sensação de adiantar um material planejado há meses por causa de um vazamento?

Pabllo Vittar: Não é um sentimento prazeroso, posso garantir. Até tuitei hoje sobre. Mas, ainda assim, não é isso que irá estragar a magia e tudo o que eu e minha equipe preparamos para as pessoas. É um álbum muito especial em que experimento diferentes sonoridades.

Folha de Pernambuco - Embora tenha proximidade de gêneros e de participações em ambas as etapas, a segunda, claramente, flerta com ritmos latinos e com o espanhol. Como você planeja a entrada no mercado latino? Há uma agenda de shows internacionais para o futuro?

Pabllo Vittar: Eu sempre foco em produzir música e nos processos criativos artísticos. Não fico muito planejando processos internacionais, embora tenha uma equipe que me dê todo o suporte necessário nesse sentido. As coisas aconteceram de forma natural e isso torna tudo ainda mais especial. “111” traz músicas em três idiomas, espanhol, português e inglês. É incrível como a arte e a música conseguem aproximar pessoas de diferentes culturas e línguas. Acho isso incrível. Assim que tudo isso da pandemia passar, iremos retomar minha turnê no Brasil e internacional com o novo show, “111 Tour”, que ainda está em processo de finalização. Os ensaios serão retomados assim que for possível também.

Folha de Pernambuco - Os gêneros nordestinos sempre estiveram nos outros dois trabalhos seus. Mas, neste álbum em especial, também tem músicas com elementos da música eletrônica. Como você lida e faz para condensar essa mistura de referências?

Pabllo Vittar: Não acho que haja certo ou errado. Gosto de buscar sempre coisas novas. Isso que me motiva como artista. Apesar disso, sempre há na minha música referência de onde em vim, do que eu escuto e daquilo que eu penso.

Folha de Pernambuco - Na faixa Rajadão há uma clara referência ao gênero gospel. Como se deu a origem da música e quais as referências usadas para compor a canção?

Pabllo Vittar: Neste álbum faço vários experimentos e Rajadão é um deles. Não se trata de uma música gospel, mas de uma música que fala de perseverança, otimismo e superação. A batida é diferente e eu amei muito poder contar com ela neste momento de “111”.

Folha de Pernambuco - Anteriormente, você já havia gravado com Lali, uma artista super popular da Argentina, e, desta vez, gravou com a mexicana Thalia. Como foi a sensação de trabalhar com um dos maiores nomes da América Latina?

 

Pabllo Vittar: Foi uma sensação incrível, pois, assim como todos os brasileiros, eu também cresci a assistindo às novelas e dançando suas músicas a cada lançamento. Saber que ela admira o meu trabalho tanto quanto eu admiro o dela foi mágico. Além disso, fizemos uma música incrível e um vídeo que me enche de orgulho. Estou muito feliz.

Ouça o álbum completo: