General Villas Bôas defende Bolsonaro e cita 'momento grave' na crise

O general da reserva, que é assessor do Gabinete de Segurança Institucional, disse em sua conta no Twitter que o país passa por um momento "muito grave"

Comandante do Exército, general Villas Boas - Marcelo Camargo/Agência Brasil

No momento em que se acirram as tensões entre governo federal e estados devido à condução da crise do coronavírus, o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro e alertou contra "ações extremadas".

O general da reserva, que é assessor do Gabinete de Segurança Institucional, disse em sua conta no Twitter que o país passa por um momento "muito grave". "Ações extremadas podem acarretar consequências imprevisíveis", disse, lembrando a greve dos caminhoneiros que parou o país em 2018.

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Emulando o discurso bolsonarista, afirmou que a crise pode acabar afetando os mais desassistidos e trabalhadores informais.

"Pode-se discordar do presidente, mas sua postura revela coragem e perseverança nas próprias convicções", escreveu, um dia depois de Bolsonaro ser criticado por fazer uma visita a comerciantes em áreas pobres do entorno de Brasília.

Villas Bôas não fala mais pela ativa do Exército, mas é muito influente e respeitado. Sua postagem reflete um temor presente em diversas conversas nos círculos militares: a de que a crise econômica que invariavelmente seguirá a emergência sanitária acabe por gerar instabilidades sociais graves.

Entre oficiais, circulam relatos de ameaças de saques. Até a semana passada, a cúpula da ativa das Forças temia que o radicalismo adotado por Bolsonaro acabasse a empurrando para gestões de crises indesejadas.

Já os oficiais-generais no governo buscavam limitar os arroubos do chefe, mas aqui houve uma inflexão. Como a Folha mostrou nesta segunda (30), integrantes da ala militar com assento no Palácio do Planalto encamparam esse discurso, distribuindo vídeos alertando para riscos de políticas de isolamento social.

A questão é que hoje esses mecanismos de quarentena, que impõem duras penas às pessoas e à economia, são a única recomendação eficaz conhecida internacionalmente para evitar a sobrecarga do sistema de saúde do países por reduzir a taxa de infecção da população.

A versão parcial da quarentena, somente para grupos vulneráveis, não foi usada com sucesso em nenhum lugar do mundo. O Reino Unido chegou a ensaiar sua aplicação, mas voltou atrás após previsões sombrias feitas pelo respeitado Imperial College, de Londres.