Coronavírus muda rotina de trabalho voluntário e artístico em hospitais

Os palhaços da trupe Doutores da Alegria não vão circular pelos corredores dos hospitais

Doutores da Alegria no Imip - Caio Danyalgil/Folha de Pernambuco

Até que a pandemia do novo coronavírus dê sinais de arrefecimento, os palhaços da trupe Doutores da Alegria não vão circular pelos corredores dos hospitais que costumam atender. Para evitar uma possível transmissão da Covid-19 aos pacientes, as intervenções do elenco formado por 33 atores devem se restringir à internet.

As sedes da organização em São Paulo, no Rio e no Recife estão fechadas, e as aulas dos cursos de formação de palhaço foram suspensas. A data estimada pelos artistas para a volta aos trabalhos é amanhã, 31 de março. No entanto, só a partir do segundo semestre o ministério da Saúde prevê uma queda considerável de novos casos de coronavírus.

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As visitas semanais a quartos de crianças e adolescentes hospitalizados devem ser reduzidas a vídeos nas redes sociais da trupe. Outras medidas ainda estão em estudo. "Uma instituição [como a Doutores da Alegria] precisa parar, se revisitar e se reinventar", defende Ronaldo Aguiar, diretor artístico dos Doutores da Alegria.


A pausa sugerida pelo diretor serve para dar fôlego a estratégias que tentem suprir a ausência de olhar, escutar e perceber o outro. Os predicados exigidos dos atores são essenciais para o contato com quem acorda, se alimenta e dorme no ambiente geralmente frio e impessoal dos quartos médicos.

"A arte sempre passou pelos momentos de crise. Estamos estudando como entrar num hospital de uma maneira quem não se perca a potência e a poética de quando se encontra a criança, os profissionais e seus acompanhantes", diz Aguiar. No interior paulista, a associação Compartilhando o Riso, que atende instituições médicas em São José dos Campos, decidiu fazer as visitas "à distância".

Os cem voluntários que atuam vestidos de palhaços vão passar a fazer chamadas por vídeo. As ligações devem ser previamente marcadas pelas redes sociais. De suas casas, uma dupla de "doutores besteirólogos" fará interações de até dez minutos para tentar levar um pouco de graça a quem está internado.

Outro trabalho paralisado por causa do avanço do coronavírus é o de contação de histórias. A associação Viva e Deixe Viver, que tem mais de mil voluntários em 90 hospitais do Brasil, não tem data para voltar a campo. Para não interromper completamente o serviço, foi colocado no ar um site com histórias narradas pelos contadores. Trinta contos já estão disponíveis e outros dez estão em fase de edição. "A gente tem ativado os profissionais de saúde para que, quando entrem no quarto, orientem [pais e crianças] a entrar no site para ver as histórias", conta Valdir Cimino, diretor-fundador.

Um livro digital lançado no ano passado para explicar a lavagem correta das mãos deve receber atualizações nesta semana. Ambientada em um jogo de futebol, a história terá o Capitão Corona como líder do time composto por fungos, vírus e bactérias. Do outro lado, a equipe do Viva e Deixe Viver é chefiada pelo técnico Emílio Ribas, em homenagem ao médico brasileiro que dá nome a um dos mais respeitados institutos de infectologia do país.

SERVIÇO
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