Cuidar dos olhos é tão essencial quanto limpar as mãos para evitar contágio do coronavírus

Lágrimas são uma importante via de transmissão do vírus e a conjuntivite pode ser um dos sintomas apresentados pela Covid-19

Cuidados com os olhos em tempos de coronavírus - Pixabay

Passear, tomar um banho de mar, encontrar e abraçar os amigos já não são atividades corriqueiras para os brasileiros há cerca de um mês. A preocupação com o contágio pelo novo coronavírus fez com que tomássemos medidas de isolamento necessárias.

Dentre elas, é importante salientar que a mania de coçar os olhos também deve ser abolida em tempos de combate à doença. Lágrimas são uma importante via de transmissão do vírus e a conjuntivite pode ser um dos sintomas apresentados pela Covid-19. Não levar as mãos para a mucosa dos olhos, boca e nariz é tão importante quanto o distanciamento social, principalmente para quem segue nas atividades essenciais.

[PODCAST FOLHAPE] Ouça a entrevista do oftalmologista Roberto Vieira à Rádio Folha FM 96,7 e saiba quais os cuidados necessários para se proteger da Covid-19

Pessoas que passam o dia inteiro trabalhando, para garantir que a população consiga atravesar a pandemia, precisaram tomar medidas úteis à garantia da saúde. Lavar bem as mãos e proteger boca e nariz já são cuidados tomados. Mas você sabia que usar lentes de contato, por exemplo, pode aumentar o risco de infecção?

De acordo com a oftalmologista Eveline Barros, usar óculos é mais seguro para evitar o contágio.“Existem várias etapas antes de colocar a lente de contato, pois a pessoa pega em vários lugares. No soro, no suporte, na lente, todo esse percurso antes de levar o dedo ao olho pode levar uma mão contaminada para a mucosa do olho. Nesse período, o melhor é usar óculos”, indicou.

A estudante Maria Eduarda Cavalcanti, 20, tanto se preocupou na prevenção, que parou de usar lentes de contato desde o início da quarentena, no mês de março. “Acho que se cria uma sensação, quando usa óculos, de que ele vai proteger seu olho de tudo. A lente já é uma coisa que você pega, põe o dedo no olho e tem que lavar muito. Depende do quanto se é cuidadoso”, contou.

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O procedimento para uso deve ser o seguinte: lavar, secar e enxugar as mãos; pegar a lente do estojo e lavá-la com a solução própria de limpeza; e, enfim, encaixar a lente no olho. Apenas neste percurso descrito, a mão passa por vários locais, se algum deles estiver infectado com o vírus, o contágio pode ser direto. “É importante frisar que a lágrima é também um fator de risco. Hoje, sabemos que ela contagia. A principal coisa que a gente indica é não botar as mãos no rosto, por conta disso”, ressaltou Eveline Barros.

Redobre a higiene

De acordo com as autoridade de saúde, um dos sintomas que alertam para o novo coronavírus é a conjuntivite. Inclusive, muitos pessoas já atingidas pelo problema apresentavam esse quadro da inflamação. Tanto é o caso, que quem descobriu a Covid-19 foi um oftalmologista chinês, Li Wenliang. O especialista observou que muitos de seus pacientes em consulta por conta da conjuntivite, na cidade de Wuhan, também apresentavam falta de ar e febre.

Ao relacionar inicialmente os sintomas com a Sars (doença viral que se tornou preocupante nos anos 2000), o médico fez um alerta nas redes sociais. A divulgação fez com que Wenliang fosse acusado pelas autoridades chinesas por divulgar notícias falsas, mas o avanço da situação confirmou o alarme dado pelo oftalmologista. O governo chinês se desculpou publicamente com Wenliang, que, infelizmente, foi contaminado pela Covid-19 e morreu em fevereiro deste ano.

O contágio também por lágrimas fez com que os atendimentos oftalmológicos fossem reduzidos para um esquema de apenas urgências em Pernambuco. O oftalmologista Vasco Bravo Filho salientou a importância de procurar as emergências apenas quando houver necessidade. “Às vezes, as pessoas vão para esses lugares reclamando de não ter o exame oftalmológico em dia, por exemplo, mas ela não deve procurar a urgência para um exame cotidiano”, ressaltou.

Ainda segundo o especialista, esse momento de atenção com a higiene vai reeducar uma população que não toma tantos cuidados. “O que eu acho que virá depois do coronavírus é a consciência que as pessoas estão adquirindo com relação à higiene”, pontuou.

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