Empresas podem financiar projetos que combatem a crise com o dinheiro dos impostos

Entre as 30 multinacionais cuja gestão fiscal passa pela startup está a Heineken, que já demonstrou interesse pelos investimentos selecionados no Mapeamento.

Entre as 30 multinacionais cuja gestão fiscal passa pela startup está a Heineken, que já demonstrou interesse pelos investimentos selecionados no Mapeamento. - Divulgação / Heinejen

Responsável pela principal plataforma tecnológica do setor de incentivos fiscais no Brasil, a Simbiose Social (www.simbiose.social) lançou nesta segunda-feira (6) o Mapeamento de Impacto, uma seleção de projetos que buscam sobreviver em meio à pandemia e minimizar os efeitos negativos da crise econômica e de saúde.

Com mais de 30 mil projetos captando recursos em todo o país, foram selecionadas para o mapeamento 48 iniciativas de 12 estados brasileiros, aprovadas por nove leis de incentivo federais, estaduais e municipais.

Juntas, as organizações escolhidas têm potencial de arrecadar R$ 84 milhões, a serem investidos a partir de diferentes impostos, com destaque para ICMS, ISS e IPTU. Diferente do Imposto de Renda, também utilizado pela plataforma, estes tributos não dependem do capital da empresa e, por isso, não são afetados pela crise.

Elas se dividem em quatro frentes de atuação: idosos e grupos de risco; comunidades vulneráveis; saúde, medicina e profissionais da área e cultura e conhecimento online. Todos os projetos minimizam direta ou indiretamente os impactos da Covid-19 no Brasil.

De acordo com Marcela Céspedes, gerente da área de atendimento da Simbiose Social e líder do Mapeamento de Impacto, muitas organizações foram obrigadas a interromper suas atividades e, por isso, estão direcionando seus recursos para combater os efeitos imediatos da pandemia.

"O objetivo do mapeamento é captar recursos e patrocínios para que elas não só possam retomar suas ações após a crise, mas também para que consigam minimizar seus impactos negativos", afirma.

Para Marcela, o uso do incentivo fiscal para apoiar iniciativas e públicos mais vulneráveis surge como uma alternativa viável em um cenário de crise mundial, no qual muitas empresas ficam no zero a zero ou têm prejuízos.

"Não é preciso tirar dinheiro do bolso", diz. "Mesmo com a crise, a maioria dos impostos continua sendo paga, o que viabiliza o direcionamento deles para organizações sociais e seus projetos."

Empresas interessadas em apoiar a iniciativa devem preencher o formulário (https://simbiosesocial.typeform.com/to/qLkEkx) e agendar uma conversa com a Simbiose Social. Entre as 30 multinacionais cuja gestão fiscal passa pela startup está a Heineken, que já demonstrou interesse pelos investimentos selecionados no Mapeamento.

"A Heineken reconhece a importância deste mapa como um auxílio às empresas para que cuidem, mais do que nunca, do destino deste recurso incentivado com responsabilidade e transparência, compreendendo o contexto local", aponta Ornella Guzzo, gerente sênior de Sustentabilidade do Grupo Heineken.

Uma das 48 organizações selecionadas é a Escola de Música da Rocinha, cujo projeto "Orquestra de Câmara da Rocinha - Plano Anual 2020" é apresentado no Mapeamento de Impacto.

A instituição é a única na Rocinha e arredores -onde vivem 150 mil pessoas- a oferecer cursos de instrumentos, canto, coral e orquestra para crianças e adolescentes.

Desde o início da quarentena, os professores e demais profissionais da ONG estão mantendo contato constante com os alunos e seus familiares. Eles ministram aulas, indicam conteúdos para trazer arte ao isolamento e acompanham a situação das famílias, ajudando-as através da equipe de assistência social da Escola.

Desde 2015, a principal fonte de captação da EMR é a Lei Federal de Incentivo à Cultura, trabalhada pela Simbiose Social. Neste ano, com o Mapeamento de Impacto, a ONG já arrecadou mais de R$ 400 mil, e pretende bater a meta de R$ 1,4 milhão até o fim de 2020.

Para Gilberto Figueiredo, líder da instituição, a iniciativa é de extrema importância para as organizações, pois dá a elas visibilidade e torna possível que conheçam e apoiem o trabalho umas das outras.

"O trabalho da Simbiose facilita o começo de relações de parceria, e esse é o princípio básico do trabalho social: a cooperação", destaca Figueiredo.

Raphael Mayer, cofundador da Simbiose Social e vencedor do Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2018, acredita que as ações contempladas pelo mapeamento são de suma importância para passar por um momento de crise como esse, assim como as ONGs são essenciais para o equilíbrio social.

"A facilitação no processo de direcionamento fiscal que estamos propondo tem o potencial de mudar a realidade de muitas regiões sem impactar o caixa das empresas", defende Mayer. "Acreditamos que, reduzindo ao máximo o custo de transação das doações, quebramos as barreiras e fortalecemos a cultura de doação no país."