Brasil negocia repatriação de funcionários na Venezuela
Governo quer viabilizar retorno de servidores públicos em missão em Caracas e de cidadãos retidos pela pandemia
O Brasil "está em negociações" com a Venezuela para realizar uma operação de repatriação de seus funcionários do serviço exterior e suas famílias em Caracas, no âmbito da retirada total de seus representantes do país vizinho, informou nesta quinta-feira (16) o Ministério das Relações Exteriores.
O Itamaraty "está em tratativas para viabilizar o retorno de servidores públicos que estavam realizando missão em Caracas (funcionários do serviço exterior e adidos militares e suas famílias)", informou a chancelaria brasileira em uma curta nota enviada à AFP.
Como parte da operação que o Brasil negocia, também está prevista "a repatriação de brasileiros não residentes retidos no país em decorrência da pandemia" do novo coronavírus, acrescentou.
Em 5 de março, o governo de Jair Bolsonaro determinou a retirada de "todos" os seus diplomatas e servidores brasileiros na Venezuela, em um endurecimento das relações com a gestão do socialista Nicolás Maduro.
Na ocasião, Brasília anunciou a saída de quatro diplomatas, incluindo o chefe da embaixada, Rodolfo Braga, a cônsul-geral Elza Moreira Marcelino de Castro, assim como uma dezena de funcionários que trabalham em seus consulados.
As autoridades brasileiras também notificaram o governo de Maduro, qualificado por Bolsonaro de uma "ditadura" para que tire seus representantes do território brasileiro.
O Brasil apoia uma proposta dos Estados Unidos para superar a crise na Venezuela, que prevê a saída de Maduro do poder e também do opositor Juan Guaidó, reconhecido por dezenas de países como presidente interino.
Desde a chegada de Bolsonaro ao poder, em janeiro de 2019, o Brasil se tornou um aliado próximo do governo de Donald Trump, com quem compartilha a visão sobre a Venezuela, um país com o qual tem uma porosa fronteira.
Devido à crise sanitária causada pela Covid-19, Bolsonaro ordenou em 17 de março o fechamento "parcial" das fronteiras com a Venezuela diante do temor de uma propagação maior da doença.
Posteriormente, o Brasil fechou todas as suas fronteiras, excluindo o trânsito de mercadorias e a entrada no país de brasileiros, estrangeiros residentes e missões humanitárias, entre outras exceções.
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