Corredores não impõem limites para criatividade

Adeptos da corrida usam garagem, escadas e até apartamento para manter ritmo em meio a restrições

Alessandra dá 650 voltas diárias em torno do apartamento - Cortesia

Não importa se é no apartamento, nas escadas ou na garagem de casa. O que realmente vale a pena é se manter ativo e tentar ocupar a mente durante este período de quarentena. Com o fechamento de parques públicos, praias e seus calçadões, alguns corredores precisaram se readaptar ao novo cenário de restrições, uma consequência da propagação do novo coronavírus em Pernambuco. Um dos que vem colocando em prática a criatividade é Lula Holanda, fundador do grupo Acorja (Amigos Corredores da Jaqueira) e agora um grande inspirador da corrida em casa. Aos 66 anos, o aposentado lançou recentemente um desafio de correr 100 km em dez dias dentro do próprio apartamento. Ele não apenas alcançou o objetivo como decidiu dar sequência à maratona. Quase um mês depois, o corredor já contabiliza mais de 270 km de percurso, o equivalente à distância entre Recife e Natal, no Rio Grande do Norte.

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“O desafio continua porque o mais importante é conscientizar as pessoas a não correrem na rua. Quando a situação ficou mais complicada, meus filhos sentaram comigo e disseram o quanto era importante permanecer em casa. Por isso me adaptei para correr dentro de casa e estou bastante feliz. Já foram 260 km (até a última quinta-feira) e eu almejo muito mais. Me alegro também em ver alguns pupilos que estão seguindo meus passos e treinando dentro de casa também. Tem gente que está correndo em apartamento como eu, e até mesmo subindo e descendo escadas”, afirmou Lula Holanda, que comemorou seu 66° aniversário na última quinta-feira.

Alessandra Wogeley é uma das pupilas de Lula. Acostumada com os “superlongões”, treinos focados em mais de 21 km, a corredora teve de se adaptar à nova realidade. Durante o período da quarentena, tem dado 650 voltas diárias em torno do apartamento. “Quando começou o isolamento, eu estava fisicamente preparadíssima. Com isso, ter que abdicar das corridas nas ruas não foi fácil. Algumas pessoas, inclusive, não entendiam, diziam que correr em casa não fazia sentido e não iria me ajudar em nada. Porém, reforcei algumas vezes que, mesmo que não mantenhamos o mesmo condicionamento físico, o simples fato de estar praticando uma atividade física, liberando serotonina e endorfina, já estava fazendo muito bem tanto para o físico, como para o mental. Por isso, inspirada por Lula, eu corro 10 km todos os dias”, disse.

A alternativa pela corrida para distrair a mente e se manter em forma também está sendo utilizada pelo jornalista André Albuquerque. Sem poder ir às ruas, ele optou por correr na garagem. “Tenho tendência para engordar, por isso preciso fazer algo. Como academia fechou e o parque da beira-rio também, decidi utilizar os 30 metros que tenho disponíveis na garagem para me exercitar. Todos os dias eu pratico de 25 a 30 minutos, coloco uma música e consigo desligar um pouco do mundo real e esquecer dos problemas. Cuidar da saúde, não apenas por conta do coronavírus mas também para nos mantermos saudáveis, é fundamental para vivermos bem”.

Seja de qual jeito for, a prática da corrida ou de qualquer outra atividade física serão fundamentais para a sustentação de uma boa saúde física e psicológica neste momento de isolamento social. Na falta de locais reservados para os exercícios, a criatividade, assim como foi mostrada na matéria, será fundamental.