Santa Cruz acerta redução salarial para atletas e funcionários
Medida visa diminuir gastos para conter o impacto da crise em meio à pandemia da Covid-19
O Santa Cruz deu um passo fundamental nesta quarta-feira para amenizar o impacto financeiro em meio à paralisação do futebol provocada pela pandemia da Covid-19. Em uma negociação complexa, o clube bateu o martelo em relação à redução salarial dos funcionários. No que se refere aos jogadores, ficou acertado que 30% será abatido da remuneração mensal e dos direitos de imagem. Para fechar os acordos, o Tricolor ainda aguardou algumas decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a MP (Medida Provisória) 936, o que delineou o formato temporário dos novos contratos até a haver o retorno à normalidade.
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Em conversa com a Folha de Pernambuco, o coordenador do Núcleo de Gestão, Ítalo Mendes, explicou os moldes da negociação para suspender ou não os contratos em determinadas funções. “A gente pegou e enquadrou o clube na MP, logicamente obedecendo àquelas atividades que precisam de alguma forma estarem funcionando. Então a gente fez redução só, sem suspender o contrato. Tem outras atividades que estão 100% paradas, precisamos suspender o contrato e olhar para o subsídio de 70% do teto de seguro-desemprego que o governo irá arcar com esse valor”, disse. Dessa forma, os contratos dos serviços não-essenciais serão suspensos e o Tricolor irá desembolsar 30% do pagamento neste período. Quem continua a exercer a função terá o salário e jornada reduzidos pela metade.
Trabalhadores da cozinha, lavanderia, parte do setor administrativo, manutenção, serviços gerais, patrimonial e membros do conselho deliberativo foram incluídos na resolução. Considerado serviço essencial pelo clube, o serviço de atendimento ao sócio segue ativo e os empregados fazem revezamento. O Governo Federal - seguindo a determinação da MP 936 que prevê a compensação salarial nos dois casos - irá pagar aproximadamente R$ 122 mil ao Santa, cobrindo cerca de 20% da folha salarial avaliada em R$ 600 mil mensais.
No caso do elenco coral, o modelo adotado foi único. “Para os atletas, a gente contemplou uma redução de jornada de 50%, mas acertou uma redução salarial de apenas 30%. Se um atleta recebe, por exemplo, R$ 10 mil, tá garantido ele receber R$ 7 mil. Os 70% entram na composição do valor que o clube vai pagar e o governo vai dar o subsídio que seria 50% no valor teto do seguro-desemprego, que é R$ 1.813,00, então o governo pagaria R$ 906. A diferença é o clube que paga, de forma a garantir que ele receba 70% do vencimento dele.”, discorreu Ítalo.
Outras iniciativas
O Santa Cruz tem tentado, via Justiça, liberar receitas bloqueadas por conta de dívidas trabalhistas, almejando utilizar o dinheiro para pagar os salários de março. Algumas empresas que patrocinam o clube reduziram por três meses (abril até junho) o repasse das verbas, pagando apenas 50% do valor acordado. Além disso, o Tricolor não foi pago de forma integral (R$ 1,7 milhão) pela participação na Copa do Nordeste tendo a última parcela da cota de participação na primeira fase sido reduzida em 50%. Já a arrecadação coral caiu em 40% pós-paralisação.
Em contrapartida, o Santa Cruz foi recentemente beneficiado com a quantia de R$ 200 mil vinda da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), paga também para os demais representantes da Série C e integrantes da Série D.