Preparador físico coral comenta possível retorno dos treinos: 'sem bola não é o ideal'

Na reunião realizada na segunda, através de videoconferência com representantes dos clubes pernambucanos, seguindo protocolo da CBF, a FPF sugeriu retorno aos treinos no fim de maio, antes de um possível retorno do Estadual

Carlos Gamarra, preparador físico do Santa Cruz - Divulgação

Ainda não há definição sobre o retorno das competições nacionais e estaduais, paralisadas em decorrência do novo coronavírus. O que tem-se, por enquanto, são projeções de possíveis períodos para o início da normalização, ainda que a passos curtos, do cenário no futebol local, com a possibilidade levantada pela Federação Pernambucana de Futebol (FPF), na segunda, em videoconferência com representantes dos clubes pernambucanos, da realização de treinos exclusivamente voltados à preparação física dos atletas, entre o fim de maio e início de junho. Caso em um futuro próximo assim determinado, as movimentações devem acontecer sem bola e sem contato físico. Na reunião, a FPF reiterou que deve seguir os moldes de protocolo da CBF, e que um cenário concreto apenas será colocado em prática sob a permissão do Governo Estadual e da PCR.

Na reunião por vídeo, que entre outras questões discutiu possíveis cenários para o retorno do Estadual, o diretor de competições da FPF, Murilo Falcão, disse que a ideia é "encurtar a liberação da volta aos treinos físicos. Não os com bola (e contato), mas sim aqueles que estão sendo feitos na Alemanha e na Bélgica". O preparador físico do Santa Cruz, Carlos Gamarra, comentou o assunto com a Folha de Pernambuco, ainda sob o aguardo da definição de um cenário mais ventilado.

“Primeiro a gente tem que esperar quais serão os procedimentos e as orientações da parte médica de cada clube ou da CBF sobre o modo que eles querem que a gente proceda”, iniciou o preparador físico tricolor. Gamarra não encara a ideia levantada como sendo ideal no momento, destacando os processos que deveriam, inclusive, anteceder a previsão de retorno da competição.

“Quanto ao treinamento, a gente vai dar um jeito. Claro que (treinar somente o condicionamento físico) não é o ideal, porque a bola faz parte de todo o processo, além da parte técnica, tática e lógico, também, até mesmo os amistosos que são imprescindíveis para que voltasse o entrosamento normal da equipe. E aí, sim, depois começar os jogos oficiais e as competições normais. Então, sem bola não é o ideal, mas se for o recomendado a gente tem que aceitar, acatar e achar soluções para melhor proceder nesse momento”, comentou.

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Na Europa
O protocolo de treinamento citado pelo diretor de competições da FPF, em referência aos países europeus (Alemanha e Bélgica), é posto em prática com jogadores realizando os trabalhos físicos nos Centros de Treinamentos em pequenos grupos e separados para evitar aglomerações. Bayern de Munique, Borussia Dortmund e o Bayer Leverkusen foram alguns dos clubes alemães que voltaram à ativa nos moldes dos treinos especiais. Se as previsões sobre o controle da pandemia se concretizarem no país europeu, as Séries A e B serão reiniciadas em 9 de maio, sem a presença de público.

Cidades como Munique começa aos poucos a impulsionar medidas de afrouxamento do confinamento. Segundo infectologistas, no entanto, o país germânico pode agora começar a se preparar para uma segunda onda de contaminação do vírus, salvaguardando leitos já construídos em hospitais de campanha.

Na Bélgica, o RSC Anderlecht, atual oitavo colocado na Liga Belga, voltou aos treinos também sob medidas restritivas. Em 25 de março, a Pro League chegou a anunciar a decisão unânime pelo fim dos campeonatos profissionais, da primeira e segunda divisões do país. Na liderança da Série A, o Brugge seria declarado o campeão da temporada. A decisão, entretanto, acabou sendo adiada após a UEFA interferir ameaçando deixar os clubes belgas fora das competições europeias do próximo ano.

Ainda assim, deve-se levar em consideração o diferente contexto atravessado por cada país em meio à pandemia. Até a publicação deste texto, a Alemanha contabiliza 155 mil casos de pessoas com a Covid-19. A Bélgica registra 45.325 infectados, enquanto o Brasil aparece com 52.995 casos confirmados da doença. Em Pernambuco, o número de pacientes diagnosticados com coronavírus chegou a 4.507- os casos subiram em 508 em 24 horas-, sendo 381 óbitos e 202 casos de cura clínica, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado, neste sábado.

As dúvidas ainda são muitas e cada decisão deve ser meticulosamente estudada antes de posta em prática para o bem das pessoas e do próprio futebol.