Vida Plena

Como manter uma gestação segura durante a pandemia

Surto de Covid-19 exige de gestantes cuidados redobrados com higiene e alimentação, sem desfazer da rotina de consultas de pré-natal

Jhennifer decidiu manter ida às consultas após receber orientação de profissional - Cortesia

A quarentena tem impactado na rotina de todas as pessoas. O que antes eram simples atividades, hoje exigem dose extra de cuidado. A atenção precisa ser ainda mais redobrada caso a tarefa a cumprir seja fora de casa, como ir à farmácia ou ao supermercado.

Lidar com as condições impostas pelo novo coronavírus não é tarefa fácil, sobretudo quando se está grávida. “Desde sair de casa sem medo nos dias de exames até poder visitar a minha família, que queria acompanhar a minha gestação de perto”, conta Jhennifer Sátiro sobre o que mudou. Ela tem 23 anos e está grávida de seis meses.

Jhennifer, que viveu o início da gestação quando o mundo ainda não enfrentava a pandemia, revela que já pensou até em parar de ir às consultas de pré-natal por medo da doença. “Eu e minha família pensávamos juntos que o ideal seria parar de ir às consultas, por receio de sair mesmo. Mas a enfermeira que me acompanha me instruiu a não parar com as consultas nem com os exames. Afinal, estou gerando uma vida e não posso deixar de saber da evolução dele ou se tem algo de errado. Sigo indo normalmente, mas tomando todos os cuidados necessários”, explica.

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De acordo com a obstetra Adriana Maciel, grávidas e puérperas são consideradas grupo de risco para a Covid-19. Isso, no entanto, não pode fazer com que a paciente mude a rotina de consultas de pré-natal e pós-parto, devendo sempre obedecer à orientação médica. “Os cuidados básicos devem ser voltados para manter hábitos saudáveis. Alimentação equilibrada, boa ingestão de líquidos, lavar as mãos com frequência, respeito às horas de sono e sair de casa apenas em casos imprescindíveis. Sempre de máscara!”, enfatiza.

Ainda segundo Adriana, ainda não há comprovação de transmissão vertical da doença, isto é, dentro do útero. “Após o nascimento, a puérpera pode amamentar normalmente desde que tomando cuidados em usar máscaras e lavar sempre as mãos com água e sabão antes de tocar no bebê. Na impossibilidade de lavar as mãos, usar o álcool para fazer a higienização”, lembra.

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Apesar da série de restrições, alguns procedimentos ainda permanecem intactos. Um exemplo é a escolha da época de dar à luz, que deve ser individualizada de acordo com as condições materna, fetal e do parto, conforme explica a enfermeira obstetra Márcia Souza. “O plano de parto da gestante deve ser seguido e respeitado”, esclarece.

A lei do acompanhante também é algo que deve ser mantido, restringindo-se a uma pessoa saudável por parturiente e que não esteja contaminada pelo coronavírus. “O paciente deve estar devidamente protegido com EPI. Só não terá acompanhante a parturiente que for submetida a anestesia geral, o que é muito raro”, conta. Ainda segundo a profissional, a Covid-19 não é indicação de cesárea. “Para evitar complicações cirúrgicas desnecessárias em pacientes já realmente doentes, o preferível é mesmo o parto vaginal”, revela.

Márcia conta ainda que existem indicações específicas em implantação nos hospitais durante a pandemia. Um deles é a limitação do número de pessoas presentes no parto. Outro é evitar o uso da banheira, uma vez que o parto na água está contraindicado devido à impossibilidade de garantir proteção adequada à equipe, além do risco de contaminação fecal. Também consta no rol de restrições a suspensão das visitas, sobretudo às gestantes de alto risco, puérperas e seus recém-nascidos, a fim de diminuir a circulação de pessoas no hospital e estimular o isolamento social.

“Todos os partos - de paciente suspeita ou não de Covid-19 - durante o período da pandemia devem ser assistidos por uma equipe devidamente paramentada (máscara cirúrgica, gorro, óculos ou protetor facial, avental e dois pares de luvas), pois existe o risco de portadores assintomáticos transmitirem a doença. A equipe deve se proteger ao máximo para evitar contaminação”, conta. “Além dessas medidas, seguimos com a monitorização materna, que inclui temperatura e frequência respiratória. Também devemos repassar informações diárias em forma de boletim, por telefone, aos familiares das gestantes internadas na enfermaria de alto risco”, afirma.

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