Novelas na América Latina em hiato devido ao coronavírus

Com atores, roteiristas, diretores e figurinistas em suas casas, os principais canais de televisão da região pararam as gravações

Lília Cabral, a Griselda de "Fina Estampa" - Divulgação/Globo

Sem beijos, abraços ou proximidade entre os atores devido ao temor do coronavírus, as novelas entraram em hiato na América Latina, grande produtora de melodramas, obrigando a indústria a redefinir seu futuro na nova era de distanciamento social.

Com atores, roteiristas, diretores e figurinistas em suas casas, os principais canais de televisão da região pararam as gravações de suas novelas, algumas ainda a serem transmitidas e outras já no ar.

"Nossa principal preocupação era a proteção e segurança de nossos funcionários. Além disso, não existe novela sem um beijo, um abraço, brigas ou festas", explicou à AFP o Departamento de Comunicação da TV Globo, que tinha quatro novas novelas no ar e mais três em produção. Na Colômbia, também não há produções ou gravações em andamento. "Os dois canais privados, RCN e Caracol, que lideram o setor na televisão aberta, pararam 38 produções, entre reality shows, dramas e novelas", afirma Tulio Ángel Arbeláez, presidente da Associação Nacional de Meios de Comunicação (Asomedios) da Colômbia.

O panorama é o mesmo nos estúdios de gravação do Chile, Argentina e até mesmo Venezuela, antiga potência na produção de novelas da região e que parou as gravações da única novela que estava em exibição: "Intriga tras cámaras", da independente Quimera Produções.

Indústria a caminho da transformação

Em substituição às novelas, os canais aumentaram o espaço para telejornais e programaram séries antigas para alimentar níveis históricos de audiência em meio ao confinamento.

Mas, como olhar para o futuro da indústria?

"A circunstância em que vivemos oferece uma oportunidade para a televisão, já que as pessoas estão em suas casas e se informam e são entretidas por ela. Elas têm fome de informação e procuram se divertir em espaços de convivência", considera María Eugenia Rencoret, diretora da área dramática do Mega, canal líder no Chile. A pandemia provocou um avanço a níveis inéditos de plataformas de streaming como a Netflix, que ganhou nas primeiras semanas 16 milhões de usuários. As restrições e normas de distanciamento social devem prosseguir por um bom tempo, o que representa um obstáculo difícil de lidar para o retorno das gravações.

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O futuro dependerá, então, da criatividade dos roteiristas, produtores e atores.


"Estamos seguros de que a indústria da novela não vai acabar. As novelas são parte da cultura brasileira, de uma grande paixão dos brasileiros e o principal produto de entretenimento no país", garante a TV Globo, que registrou um aumento de 15% da audiência durante as últimas semanas.