Ciro Pessoa, cofundador da banda de rock Titãs, morre aos 62 anos

Pessoa foi músico, escritor e jornalista ao longo de sua vida

Branco Mello e Ciro Pessoa, em foto de dezembro de 2017 - Reprodução

Ciro Pessoa, cofundador e ex-integrante dos Titãs, morreu aos 62 anos na madrugada da última terça-feira (5). A informação foi divulgada nas redes sociais por Branco Mello, atual baixista e vocalista da banda, que o definiu como seu "primeiro grande parceiro".

Pessoa foi músico, escritor e jornalista ao longo de sua vida. Ele participou da composição de alguns dos maiores sucessos dos Titãs, como "Homem Primata" e "Sonífera Ilha".

"Estou profundamente triste com a partida nessa madrugada do meu irmão, músico, poeta e primeiro grande parceiro, Ciro Pessoa", escreveu Mello em seu perfil no Instagram, citando um trecho de "Sonífera Ilha". "Foi dele a ideia de reunir os amigos compositores no começo dos anos 1980 para fazermos uma banda de rock. E assim formamos os Titãs."

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Outros membros e ex-integrantes da banda de rock paulistana lamentaram a morte de Pessoa. No Twitter, Nando Reis homenageou o amigo. "Ele se foi, a vida continua, a música é eterna, e a tristeza me invade", escreveu o cantor. Sérgio Britto disse que Pessoa era um "amigo querido e membro da formação original dos Titãs. Muito triste com tudo isso."

A causa da morte ainda não foi oficialmente divulgada, mas ele estava no meio do tratamento de um câncer. Isabela Johansen, ex-mulher de Pessoa, fez um post no Facebook dizendo que o músico, "nas idas e vindas ao hospital, acabou contraindo a Covid-19, foi internado, mas infelizmente não resistiu".

Ela também disse que o corpo do músico deverá ser cremado e que, quando o isolamento social chegar ao fim, um show em sua homenagem deve acontecer.
Ciro Pessoa fez parte da gênese dos Titãs. Seu nome está nos créditos de algumas das primeiras músicas que o grupo gravaria, em 1984, no disco de estreia, autointitulado. Entre elas estão "Sonífera Ilha", até hoje uma das mais conhecidas dos Titãs, "Babi Índio" e "Toda Cor".

Pessoa integrou os Titãs entre 1982 e 1983, mas saiu antes da gravação do primeiro álbum da banda. Outras músicas que ele havia trabalhado com os amigos acabaram saindo em discos posteriores, como "Dona Nenê" e "Sonho com Você", em "Televisão", de 1985.

"Homem Primata", outro hit do repertório dos Titãs, tem participação de Pessoa. Ele é coautor da faixa, ao lado de Marcelo Fromer, Nando Reis e Sérgio Britto, que saiu no disco "Cabeça Dinossauro", de 1986.

Depois de sair dos Titãs, ainda no começo dos anos 1980, Pessoa fez parte do grupo Cabine C. A banda de pós punk é considerada uma das primeiras de rock gótico do Brasil, e foi comandada pelo ex-Titãs.

Além de Pessoa, o Cabine C teve entre seus integrantes o guitarrista do Ira!, Edgard Scandurra, a baixista das Mercenárias, Sandra Coutinho, e o baterista dos Titãs por décadas, Charles Gavin. O disco do Cabine C -que ficou conhecido na cena underground de rock de São Paulo-, "Fósforos de Oxford", saiu em 1986, com produção de Luiz Schiavon, tecladista do RPM, e teve em "Neste Deserto" sua canção mais conhecida.

Sem sucesso nacional, a banda acabou desfeita e Pessoa seguiu carreira solo, além de ter fundado outros grupos de rock ao longo dos anos, sendo Flying Chair o mais recente deles. Seus álbuns solo são "No Meio da Chuva Eu Grito Help", de 2003, e "Em Dia Com a Rebeldia", de 2010.

Em publicação de 2019 na página do Facebook do Flying Chair, foi anunciado que o jornalista Wladimir Cruz estava produzindo um documentário sobre a história do músico, chamado "Quem é Ciro Pessoa?". Ele também lançou o livro de poesias "Relatos da Existência Caótica", escrito durante 30 anos e publicado em 2015.