Mortes por Srag em Pernambuco crescem 7.631%

Em números absolutos, as mortes no Estado saltaram de 13 no ano passado para 1.005 neste ano, o maior valor notificado de óbitos por Srag no Brasil

Pernambuco representa 28,31% do total nacional,de mortes por SARG no ano, segundo o painel - Ina Fassbender/AFP

Dados do Painel Covid Registral apontam para um aumento de 7.631% no número de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) em Pernambuco. O recorte do levantamento - que compila registros de cartórios civis de todo o País - considera a comparação entre 1º de janeiro e 8 de maio de 2019 e o mesmo período de 2020. A Srag apresenta um conjunto de sintomas respiratórios que pode incluir falta de ar e febre, similares ao da Covid-19.

Em números absolutos, as mortes no Estado saltaram de 13 no ano passado para 1.005 neste ano, o maior valor notificado de óbitos por SRAG no Brasil. A ferramenta do Portal da Transparência do Registro Civil foi apresentada nessa quinta-feira (7) pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil (Arpen-Brasil).

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No País, nos mesmos dias contados, o salto foi de 422 para 3.550. Logo, Pernambuco representa 28,31% do total nacional, segundo o painel. Como a plataforma considera a causa principal da morte, as estatísticas, que são baseadas nas Declarações de Óbitos emitidas pelos cartórios, podem estar associadas a outras doenças, como por exemplo, a Covid-19.

Nos dois primeiros meses de 2019 e 2020 os óbitos pela síndrome respiratória em Pernambuco foram de três para nove, um aumento de 200%. Em março - quando foram registrados os primeiros casos e mortes por Covid-19 - o aumento foi ainda maior: de seis para 43 entre os dois anos, equivalente a uma escalada de 616,67%.

O cenário piora ainda mais em abril. Ano passado, Pernambuco contabilizou quatro mortes pela SRAG no mês. Este ano, o total pulou para 713. Ou seja, um aumento de 17.725%. Em maio, em dados de até dia 8, foram 231 mortes. Em 2019, no mesmo período, não houve nenhum registro.

A disparada de mortes por Srag no Estado coincide com o avanço da doença provocada pelo novo coronavírus. A síndrome respiratória é causada por um vírus, seja o novo coronavírus (Sars-CoV-2) ou os já conhecidos H1N1 e H3N2, e faz o paciente precisar de internação. A diferença pode ser comprovada laboratorialmente pelos testes clínicos. De modo geral, esse aumento das ocorrências de mortes por Srag pode indicar subnotificação de registros da Covid-19.

Dados oficiais da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) mostram a evolução das mortes por Covid-19, desde a primeira confirmada, em 25 de março. Em março foram seis mortes; em abril, 559; e em maio, até dia 8, 368. O total já chega a 927.

De acordo com o secretário estadual de Saúde de Pernambuco, André Longo, os números do Painel Covid sobre as mortes por Srag no Estado poderão ser ampliados à medida que as testagens dos pacientes forem concluídas. Ele ressalta que os profissionais de saúde foram orientados desde o início da pandemia a registrar os casos suspeitos de Covid-19 como SRAG. “Essa orientação foi difundida rapidamente nos níveis municipal e estadual e isso certamente aumentou a sensibilidade dos profissionais para este diagnóstico”, explicou.

“O número de casos de Covid-19 já expressos nos atestados de óbito é menor, porque a orientação é que só se coloque Covid-19 naqueles casos que já há o diagnóstico da testagem laboratorial antes que o paciente vá a óbito. Muitas vezes o paciente morre e a amostra ainda está em processamento”, acrescentou André Longo.

Segundo Longo, muitas vezes as mortes são registradas nos atestados como Síndrome Respiratória Aguda Grave, principalmente nos casos mais agudos, que evoluem mais rapidamente para o óbito. “É preciso considerar essa situação e dizer que, por exemplo, na última vez que vimos esse número tínhamos algo em torno de 1,7 mil falecimentos entre diagnósticos de Covid e diagnósticos de Srag em investigação”, finalizou o secretário.

O painel elenca ainda as mortes por outras doenças respiratórias no Estado, como insuficiência respiratória e choque séptico. Apesar do grande aumento nos números da SRAG, essas outras doenças apresentam, em geral, recuos.

Confira os números no gráfico:

As informações do Portal de Transparência podem apresentar atrasos de até 14 dias, pois as famílias têm um prazo de 24 horas após a morte para fazer o registro em cartório. Em seguida, cada unidade tem até cinco dias para oficializar o procedimento e mais oito para encaminhar os documentos à Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC).

China
Na China, autoridades de saúde passaram a adotar critério clínico para contabilizar as mortes por Covid-19, uma vez que não era possível testar todos os infectados.

Ou seja, os óbitos com sintomas de síndrome respiratória passaram a ser incluídos nos registros oficiais dos números do novo coronavírus. Em 17 de abril, quando o país asiático concluiu a investigação de mortes em Wuhan, marco zero da doença, o total saltou em cerca de 50%.


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