Em entrevista à Folha, Formiga exalta origem e conquistas

Um dos maiores símbolos do futebol, baiana fala sobre a sua história, aborda o futuro e enfatiza lutas

Formiga revela desejo de encerrar carreira no Brasil - Ricardo Borges/Folhapress

"Eu sou mais uma guerreira no meio de tantas que estão surgindo". Nada muito difícil explicar a trajetória de Miraildes Maciel Mota, ou simplesmente Formiga, volante da Seleção Brasileira e do Paris Saint-Germain, da França.

As versões de feminilidade a ela imposta, desde muito nova, se tornaram sinônimo de uma herança desprezada com gosto. Hoje, aos 42 anos, a baiana de Salvador comemora mais um alento para quem ainda não consegue ser coadjuvante no futebol, mesmo em meio a uma pandemia. Na última quinta, a meia estendeu o contrato com o PSG até 2021, clube que defende desde 2017. Com a Canarinho são sete títulos de Copa América e três medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos (2003, 2007 e 2015), sendo ainda a única jogadora a disputar seis Olimpíadas e única atleta do planeta a encarar sete Mundiais.

Neste domingo, a partir das 16h, os fãs terão a oportunidade de revê-la em atuação na reprise da final do Pan de 2007, em que o Brasil aplicou uma goleada triunfal de 5x0 sobre os Estados Unidos, no Maracanã. Em entrevista à Folha de Pernambuco, a veterana passeou por sua história, falou do futuro com as Olimpíadas de Tóquio, Mundiais, conquistas da modalidade e da luta constante que é jogar futebol sob o enfrentamento de vários demônios fora de campo.

 

Volante projeta disputa da Olimpíada de Tóquio - Crédito: Ricardo Stuckert/CBF

 

 

Você é símbolo de muitas lutas dentro e fora das quatro linhas. O que representa para você ser mulher, negra, nordestina e jogadora de futebol?

Eu fiquei pensando bastante, por isso deixei essa pergunta por último. Sou muito grata a Deus por ter nascido no Nordeste, por ser negra e pelo dom que ele me deu, que é jogar futebol. O futebol me tornou essa pessoa que sou e eu devo tudo ao futebol, não tenho dúvidas disso. Tive realmente que lidar com várias situações. Por tudo o que eu passei, para chegar onde eu cheguei e estou. Não me sinto, não me vejo e não me coloco num pedestal, sempre (estou) com os pezinhos no chão, mas por eu ter me tornado quem me tornei hoje, só tenho que agradecer a Deus mesmo. Acho que sem ele em nossas vidas nada daria certo, quanto mais para quem é do Nordeste. Às vezes a gente sofre muita coisa, imagina sendo negra e jogadora de futebol. Não tenho dúvidas de que para mim isso tudo representa muito.

A França, local onde você reside atualmente, é um dos países mais afetados pela Covid-19. Como você tem enxergado o cenário no país?

Vejo uma educação que têm os franceses e os europeus, de respeitar as normas e as determinações do governo, de levar as coisas a sério, porque esse vírus não é brincadeira e muitos realmente viram a quantidade de pessoas que veio a óbito. Todo mundo entende essa parte de ficar em quarentena e respeitar, porque querendo ou não, ajuda o país. Até mesmo na questão do esporte, onde os torcedores aqui são muito fanáticos, em todas as modalidades. Eles sentem falta, mas respeitam. As federações também impondo o lado delas, fazendo com que os atletas tenham esse entendimento, e todos tiveram. Eu fico, de uma certa forma, mais segura aqui do que até mesmo no Brasil, pelo o que eu venho acompanhando.

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E já projetando o futuro, existem planos de, quem sabe, encerrar a carreira em solo brasileiro?

De fato, não tenho dúvidas de que o meu desejo é encerrar no Brasil. Espero que até lá as coisas tenham melhorado. Não digo só em relação a essa pandemia, mas eu digo melhorado no futebol feminino, como um todo, no País. Acredito que não só para mim, que tenho o desejo de encerrar, mas para aquelas que estão iniciando também.

Depois do anúncio do adiamento dos Jogos de Tóquio, você confirmou sua participação no evento em 2021, caso seja convocada por Pia. Em quais aspectos a pandemia tem mais atrapalhado sua preparação para os Jogos?

Com o que está acontecendo no mundo, não tinha condições alguma de fazer essa Olimpíada. Foi uma decisão sensata de colocar para o ano que vem. Não vejo que atrapalhou a minha parte física. Na verdade, esse adiamento, de uma certa forma pode ter ajudado em relação à seleção brasileira. No PSG, a gente joga praticamente o ano todo, então dá para manter a parte física. Mas pensando em seleção, deu mais tempo de trabalhar com Pia, para que ela possa colocar o plano dela com as demais jogadoras, porque, até o momento, o grupo não está definido. Então, ela tem mais tempo de ver outras jogadoras, claro, e trabalhar com aquelas que ela já tem em mente para as Olimpíadas. Eu sei que talvez não ajude muito as meninas que estão no Brasil, porque elas começaram ainda agora o campeonato, que com a pandemia acabou parando. Elas vão ter que reativar e vai demorar um pouco, porque elas estavam pegando o ritmo de jogo agora. Eu estou jogando, na verdade, desde o ano passado, então é mais rápido de recuperar o que eu perdi um pouquinho, mantendo o que a gente vinha fazendo dentro de casa, podendo correr uma hora na rua. Então, eu vejo que me ajudou e ajudou a Seleção Brasileira.

Como tem sido sua rotina de treinos na quarentena?

Estou seguindo o plano que o clube mandou e procuro fazer isso da melhor maneira possível para, quando os treinamentos retornarem, não ter que sofrer muito por perda de massa muscular e física. Claro que a gente perde um pouco o contato com a bola, então fica como se tivesse tudo começando agora, uma pré-temporada, principalmente por conta do ritmo de jogo. Em casa, invento as coisas. Não tem barra, pego o cabo de vassoura, encho garrafas d'água para fazer pesinho. Fiz aqui no meio da sala uma escadinha para realizar atividades, vou ao estacionamento do prédio onde moro para fazer as coisas. (Também) Vou à rua periodicamente, (para correr) uma hora só... A gente se vira como pode e com o que tem.

No próximo ano, o velejador Robert Scheidt vai disputar as Olimpíadas com 48 anos. Você também pretende atingir essa marca um dia ou os Jogos de Tóquio 2020 devem marcar seu adeus aos gramados?

Fico feliz de Robert Scheidt disputar as Olimpíadas com a idade que ele tem. Isso só prova que o limite é a gente que determina, não são as pessoas. Se está bem de saúde e pode fazer aquilo 100%, não tem porque parar. Até dou os parabéns por essa determinação dele, de se resguardar tanto, de se cuidar para atingir isso aí. Mas minha última Olimpíada será essa (risos), não dá para ir até 48 não, até porque são modalidades totalmente diferentes. Mas eu pretendo estar, sim, se Deus permitir, do lado de fora e ajudando. Que seja ajudando as meninas a fazerem vídeos ou estando próxima para motivar, estar junto realmente passando um pouco da minha experiência para as que estão chegando, outras já disputaram as Olimpíadas e já sabem a dimensão que têm. Então, com certeza é minha última Olimpíada, assim como foi o meu último Mundial.

A mudança de comando da Canarinho levou novos ares à seleção. São quatro empates, seis vitórias e apenas uma derrota. Como você avalia a metodologia de trabalho iniciada por Pia Sundhage à frente do Brasil?

Com certeza eu daria nota 100 para ela. É bom demais, não que a metodologia de trabalho dos outros que já passaram pela Seleção Brasileira não tenha sido boa, claro que foi. Mas vendo pelo largo currículo da Pia, que dirigiu seleções de ponta, como os Estados Unidos, foi campeã, e a maneira com a qual ela conduz os treinos, o quanto ela facilita para que as atletas entendam o mais rápido possível o que ela quer de cada uma, deixa todas as atletas felizes, à vontade e tranquilas para executarem o que ela quer. Ela simplifica o trabalho. Antes de a gente ir para o treino e para campo, a gente faz uma reunião. Na concentração, seja no hotel ou na Granja, ela chama o grupo, coloca no quadro o que vamos fazer no treino, já para a gente ir do transporte até o campo trabalhando sobre o que vamos fazer. Então, ela já adianta esse serviço e, com certeza, dessa forma com a qual ela vem trabalhando, a entrega de cada uma e a cobrança também que existe, vai facilitar, sim, que a gente brigue pela medalha. Lógico que outras seleções também estão dando o seu melhor. Mas nós aos poucos estamos procurando fazer com que toda a experiência que a Pia está trazendo para o grupo seja positiva e que dentro de campo resulte em bons resultados nas Olimpíadas.

Sua estreia com a camisa da Seleção Brasileira foi aos 16 anos, na Copa da Suécia, em 1995. O Brasil só conseguiu um triunfo, por 1x0, justamente contra as anfitriãs, e não passou da primeira fase. Em 2019, no Mundial da França, o cenário era diferente e você atingiu a alcunha de jogadora mais experiente a disputar a competição, aos 42 anos. Quais foram as principais mudanças vistas de lá até aqui no futebol feminino?

De lá para cá não tenho dúvidas de que muita coisa mudou. Vou até citar uma situação que aconteceu para comparar ao que é hoje o futebol feminino. Fomos fazer um amistoso contra a Holanda, não me recordo o ano, e eles estavam exigindo que a Seleção Brasileira tivesse Sub-20, e nessa época a gente não tinha. Tivemos que fazer “catados”. Tipo, ‘pô, você conhece alguma menina de até 20 anos, que jogue bola, mas que jogue bem’? Então, a gente ficou fazendo esse "catado", porque só assim poderíamos viajar para jogar contra a Holanda. Nessa época, como eu disse, não recordo o ano, a Holanda já tinha Sub-20 e a gente não. Não tinha essa visibilidade toda que hoje tem, são alguns pontos que mudaram, realmente. O surgimento de muitas meninas, que hoje são milhares. O preconceito diminuiu bastante, não digo só em relação às pessoas da rua, porque ainda existe, sim, mas digo dentro de casa. Antes, muitas meninas não iam para a rua jogar não só com medo do que as pessoas lá fora falavam, mas sim pelo o que elas iriam enfrentar dentro de casa quando voltassem, como aconteceu comigo. E hoje em dia eu vejo os pais incentivando suas filhas, os pais pedindo espaço para suas filhas jogarem com as meninas da mesma idade. Infelizmente, em muitos estados do Brasil não tem esses espaços para elas, então elas são obrigadas a jogar no meio dos meninos e algumas pessoas ainda têm esse preconceito e acabam não deixando. Muitas coisas que eu vivia antes para agora realmente mudaram. Hoje temos uma base, claro, que ainda falta muito na parte dos clubes para alimentar a Seleção Brasileira. Os clubes têm que formar atletas, e não a seleção. Mas eu fico feliz que hoje a gente tenha um trabalho de base, porque foi uma coisa que eu não tive.

 

Formiga renovou contrato com PSG até 2021 - Crédito: Divulgação/PSG

 

E no ser humano Miraildes, que saiu de Salvador e assumiu o espaço de luta pela modalidade, o que mudou?

Sem dúvida hoje eu sou uma pessoa bem melhor do que antes. Hoje eu sou uma pessoa bem mais responsável, bem mais experiente do que eu era no meu primeiro mundial com 16 anos. Ao longo desse tempo, eu fui amadurecendo e criando experiência, que eu transmito para as que estão chegando agora. Essas são as fases do ser humano, né… sempre melhorando. E é isso que eu vejo em relação a minha pessoa, porque quando eu era mais nova eu era um pouco rebelde, não tinha 100% de disciplina. Mas ao longo dos anos eu fui adquirindo essa experiência e disciplina.

O Brasil lançou candidatura para sediar a Copa do Mundo de futebol feminino de 2023. Caso a solicitação do país seja concedida pela Fifa, você já pensa na possibilidade de disputar mais um Mundial?

Estou torcendo bastante para que o Brasil consiga sediar essa Copa do Mundo. Meu último Mundial foi na França, e claro que se me chamarem para fazer parte e ajudar de alguma forma, eu vou aceitar. Principalmente no nosso país, uma maravilha e que não tem como dizer não. Logo eu que sou uma pessoa apaixonada pelo o que faço...então se o Brasil ganhar eu quero estar junto com essas meninas, incentivando para quem sabe ganhar essa taça tão desejada por nós do futebol feminino e que deixamos escapar algumas vezes de nossas mãos.

São sete Copas do Mundo, sendo a futebolista com o maior número de jogos pela Seleção Brasileira, entre homens e mulheres. "Formidável" e "de outro planeta" foram alguns dos apelidos que você ganhou durante os até então 25 anos de jornada com a camisa do Brasil. Em que momento você começou a se reconhecer como uma figura forte e de grande importância para o futebol feminino?

Eu sinceramente digo que, da minha parte, ainda não vi esse reconhecimento. Ainda não caiu essa ficha. Costumo dizer que talvez eu venha a ter esse reconhecimento quando eu parar, porque a pessoa começa a refletir mais sobre as coisas e aí vem um: ‘nossa, realmente, hoje eu posso dizer que era isso mesmo que as pessoas falavam’. Mas, ao mesmo tempo, eu não me coloco num pedestal. Sempre mantive meus pés no chão, sempre fui de sentir bem o chão, de não querer flutuar demais com algumas situações e não me perder pelo meio do caminho. Algumas pessoas dizem: ‘você é muito humilde. A sua humildade às vezes não te faz enxergar o que realmente hoje você representa e o que você é para o futebol feminino’. Elogio, eu sei que faz bem para o ego, com certeza faz, mas ao mesmo tempo eu fico envergonhada (risos), eu fico envergonhada. Uma vez uma senhora, lembro como se fosse hoje, em um torneio de São Paulo que teve, disse: ‘você não precisa ter vergonha quando recebe um elogio, porque você é isso’. Eu falei que aquele era o meu jeito e que eu não iria mudar, não tem como. Então, não caiu a ficha ainda e eu tenho certeza que vai demorar bastante para eu aceitar dessa forma.

Existe uma cultura no futebol de supervalorização da posição de atacante e certa falta de reconhecimento com outras posições dentro de campo?

Acho que (para premiações) deveria ser escolhido por posições, não só uma. Porque, claro, os atacantes estão ali para aquilo, tem que fazer gols, tem que ajudar o time. Essa é a facilidade deles, como têm dificuldades também. Às vezes pegam uma zaga que não é brincadeira, né...por isso, eu vejo que, na verdade, (o reconhecimento) deveria ser por posições. Vai muito da temporada que a pessoa faz, então, de uma certa maneira, os atacantes acabam levando certa vantagem. Mas e os demais? E os esforços dos outros? Por que não ser reconhecido também? Então, deveriam mudar isso e pensar em dividir o holofote dos atacantes também para os demais que estão em campo. Eu acredito que essa seria a melhor forma. Espero que com o tempo a Fifa venha a ter um olhar diferente para essa situação, porque eu sei que tem muitos jogadores em outras posições que realmente fazem a diferença em seus times também.

A Copa de 2019 teve um significado muito forte para quem acompanha a modalidade de perto. Ao mesmo tempo, o Mundial teve que disputar espaço com a Copa América masculina. O que falta para o futebol feminino ter reconhecimento permanente, com calendários e datas pensadas também para o benefício da modalidade?

A Copa da França foi muito positiva para o futebol feminino. A organização foi 100%, como um todo, e com certeza quem estava assistindo também ficou maravilhado com o que viu, certo? E mesmo tendo a Copa América envolvida no mesmo período, ainda assim, o futebol feminino deu um passo, deu um salto. Aos poucos a gente vem conquistando o nosso espaço e acredito que o que todas as atletas do mundo desejam é isso, ter o seu espaço próprio, mesmo que tenha jogos no masculino ou em outras modalidades. Então, é bom. Eu presenciei aqui também a massa que teve de torcedor da Holanda, que veio apoiar o futebol feminino. E isso, querendo ou não, incentiva outros países a fazerem o mesmo nas próximas competições. A visibilidade que aconteceu aqui foi ponto positivo para o futebol feminino e espero que daqui para amanhã seja melhor. Que a gente venha a conquistar de uma vez esse nosso espaço, de uma forma saudável, lutando. As atletas sabem muito bem quais são as dificuldades, onde a gente tem que atingir para ter o retorno, patrocínios, etc. Acredito que sendo dessa forma vamos chegar num patamar que muitos antigamente não acreditavam. Até aqueles que diziam que o futebol feminino jamais teria reconhecimento, hoje estão admitindo que é possível sim, viu. Eu digo isso porque eu conheço pessoas que achavam que o futebol feminino, no mundo, jamais iria atingir a marca que atingiu no ano passado, na França. Fora os campeonatos que tiveram aqui na Europa e que bateram recorde de público. Então, a gente vai lutando no Brasil também para conseguir esse feito.

Você acredita que o futebol feminino brasileiro poderia estar em outro patamar se existisse uma maior quantidade de mulheres ocupando cargos na CBF?

Quando ex-atletas estão envolvidas com projetos para a melhoria do futebol feminino, a tendência é melhorar. Porque a ex-atleta tem um olhar diferente de quem está de fora. Mas eu não digo só na Confederação, né…eu digo nas federações também, nos próprios clubes. Hoje temos Aline Pellegrino, que é da Federação Paulista, onde ela está fazendo um excelente trabalho. Então, é uma ex-atleta que tem uma visão totalmente diferente de um presidente ou um diretor que é do masculino. Ela sabe conduzir a situação, e assim deveria ser em outros lugares e em outros estados do Brasil também. Ter treinadoras, ex-atletas para conduzir essas meninas. Não que o masculino não faça isso, mas é uma coisa mais leve para uma menina trabalhar com outra mulher, com uma treinadora. O entendimento é outro e eu acredito que se abrirem as portas para ex-jogadoras, lógico, capacitadas para fazer aquele tipo de serviço, só vai ajudar a melhorar o futebol feminino e a gente atingir o patamar que, não só eu, mas aquelas que já pararam também têm o desejo de ver, que é realmente a modalidade valorizada no nosso país.

Você sempre enfatizou que quando se aposentar pretende permanecer ajudando as jogadoras mais jovens e a modalidade. De que forma você pretende colocar isso em prática?

Que seja para palestrar para elas, para estar envolvida nos treinos, ajudando. Seja em clubes também. De alguma forma estar no meio para ver realmente a evolução e conscientizar essas meninas mais novas a valorizarem o que elas têm hoje, sabe? Antes não tinha um terço do que tem hoje, antigamente era vaca magra mesmo, que eu só via ossos. Hoje a vaca já está com corpo, então elas têm que valorizar isso, tem que dar continuidade ao trabalho de quem parou, assim como dei continuidade ao trabalho das meninas lá atrás, e assim tem que ser... passando o bastão.

Como é servir de espelho para as meninas que estão começando no esporte agora?

Fico feliz de muitas terem se espelhado em mim, de eu estar incentivando elas a buscarem o melhor. Fico feliz de ter me tornado essa pessoa do bem, fazendo o bem, mesmo não conhecendo muitas meninas. Fico hiper feliz só com o fato de eu estar no futebol até hoje e estar buscando melhorias para as que estão chegando agora, em meio a tudo o que está acontecendo. É como eu costumo dizer: sou mais uma guerreira no meio de tantas que estão surgindo, passando só coisas boas.