Isabela Moraes: potência elevada a si mesma em disco de lançamento
Artista pernambucana lança nesta sexta (22), pela gravadora Deck, 'Estamos Vivos'
Apropriar-se de si, sem os rompantes do desassossego, está entre as bonitezas que o tempo traz (ao artista). O culminar com um pouco de tudo, de cada e de sempre, construído ao longo de uma carreira, se naturaliza, se impõe e chega com força e personalidade, atributos fincados em cada uma das onze faixas do disco da pernambucana Isabela Moraes “Estamos Vivos” (Deck), com lançamento hoje nas plataformas digitais e, em breve, em mídia física.
E como diria Juliano Holanda, à frente da produção do álbum e das guitarras e violões das canções, todas elas, aliás, compostas por Isabela, “esse disco é uma espécie de ‘correção histórica’, um registro extremamente necessário dentro do cancioneiro brasileiro. A obra de Isabela é grande e única, testemunho forte de mulher do Agreste que vive seu tempo e o traduz de maneira magistral”. De fato, é mesmo.
POTENTE
Do começo ao fim, há Nordeste na pujança da voz e Pernambuco no sotaque e na sonoridade da artista caruaruense que imprime suas raízes desde a música de abertura "Ao Redor do Sol", cujo prelúdio da guitarra galopante de Juliano envereda os ouvidos para os caminhos que vêm a seguir em um trabalho cuja base de instrumentistas traz Lui Coimbra e o seu violoncelo, fazendo as vezes de sanfona no xote "Você Distante".
A bateria de Rapha B, o baixo de Rogê Victor e o dedilhar de Juliano, completam o quarteto entrelaçado ao álbum, tomado também pela percussão de Gilú Amaral e pelo piano de Antonio Adolfo e de Marcelo Jeneci, este último reluzente na faixa que dá nome ao disco.
Isabela segue potente em “Quem Disse”, “Do Contra” e “Quando a Saudade for Te Procurar”, canção levada a capela por ela nos shows, mas que para o disco ganhou contornos que, segundo a própria, a deixaram em transe. “Todas as faixas têm um peso diferente para mim, posso dizer que quando as escrevo tenho um êxtase diferente para cada uma delas. Todas têm uma força e uma história muito particular. O disco tá redondo com todas as canções minuciosamente em seus lugares”, ressalta. “Outra Oração”, “Servi Pra Você”, “Por Nós Dois”, “Vida Real” e a que foi transcrita de um sonho “Pra Nos Perdoar”, cujo mote exalta um “amor ainda em chamas, mesmo depois do rompimento”, completam o disco gestado, “há muitos anos”.
“Mas ele saiu na hora que tinha de ser e exatamente como tinha de ser e com as pessoas que tinham que estar”, completa ela que da foto da capa ao nome do álbum acompanhou tudo de perto e se impôs livre para ser ela mesma em um trabalho maturado pelo tempo, creditado pela gravadora Deck e chegado fluido, pronto e acabado aos ouvidos atentos. "Estamos Vivos" veio para ficar e cravar com maestria nome e o sobrenome de uma artista de peso para a Música Popular Brasileira (MPB). “Foi o tempo todo um disco feito com muita paixão, a paixão da realização da obra", reafirma a cantora, compositora e definitivamente dona de seus próprios palcos.