PGR investiga Doria e outros sete governadores por contratos durante pandemia

Procuradoria-Geral da República está investigando a gestão de oito governadores por suspeitas de irregularidades em contratos firmados durante a crise do novo coronavírus

João Dória (PSDB), Governador de São Paulo - Divulgação/Gov. de SP

A PGR (Procuradoria-Geral da República) está investigando a gestão de oito governadores por suspeitas de irregularidades em contratos firmados durante a crise do novo coronavírus. A reportagem apurou que estão sendo investigadas as gestões de João Doria (PSDB-SP), Wilson Miranda Lima (PSC-AM), Helder Barbalho (MDB-PA), João Azevedo (PSB-PB) e Wilson Witzel (PSC-RJ), além de outros três mandatários que não tiveram os nomes revelados.

De acordo com pessoas familiarizadas com as investigações, a PGR já fez avaliação preliminar sobre cada acusação contra as gestões estaduais e está encaminhando ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) pedido de autorização para a abertura de inquérito. Alguns requerimentos já estão no tribunal.

Governadores têm prerrogativa de foro e só podem ser investigados depois de autorização da corte. As investigações mais avançadas seriam as dos estados do Rio de Janeiro e do Pará.

Na terça (26), o STJ autorizou operação de busca e apreensão na residência oficial de Witzel e da primeira-dama do Rio, Helena Witzel. O governador nega qualquer envolvimento em irregularidades e diz que sofre retaliações por ser oposição a Jair Bolsonaro. Ele chegou a afirmar que o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), já deveria estar preso.

A operação contra Witzel teve alto impacto no universo político. Ela coincidiu com alterações no comando da PF no Rio depois que o ex-ministro Sergio Moro afirmou que Bolsonaro queria interferir politicamente na corporação.

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Um dia antes da operação no Rio, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-RJ), aliada do presidente Jair Bolsonaro, afirmou em uma entrevista que várias operações contra governadores estavam para ser deflagradas, no que seria um escândalo nacional que poderá ser apelidado de "Covidão".

O ministro Benedito Gonçalves, do STJ, pediu nesta quarta-feira (27) ao Ministério Púbico Federal que investigue o suposto vazamento de ação contra Witzel. Segundo o magistrado, caso seja confirmado o vazamento, seria necessário responsabilizar penalmente o autor da conduta ilícita, como forma de não prejudicar a integridade das instituições.

Além de Zambelli, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também deu a entender que poderia ter conhecimento prévio de novas ações da PF. Na noite de segunda-feira (25), o parlamentar divulgou o vídeo de uma ação de busca e apreensão em Fortaleza, quando sugeriu que outras poderiam acontecer.

Em nota, a Fenapef (Federação Nacional de Policiais Federais) defendeu a apuração de eventual vazamento da ação pela deputada e disse ser "conhecido e notório o vínculo" dela com a associação de delegados. Em resposta, a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) afirmou "repudiar veementemente a irresponsável nota" da federação.

Nesta quarta-feira, ao ser abordado por um apoiador que agradeceu a operação que atingiu Witzel no dia anterior, O presidente Jair Bolsonaro disse que, durante seu governo, haverá ainda mais ações da Polícia Federal. "Vai ter mais. Enquanto eu for presidente, vai ter mais. Isso não é informação privilegiada não. Vão dizer que é informação privilegiada", disse Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada.

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, disse que a PF não age partidariamente. Em entrevista à Rádio Gaúcha, ele também procurou minimizar a suspeita de que a operação contra o governador havia sido antecipada para Zambelli. "E questão de vazamentos, vazamentos sempre ocorrem neste tipo de operação", afirmou.

Mourão afirmou que Bolsonaro vê parcialidade em investigações sobre seus familiares. Segundo ele, a família de Bolsonaro é "extremamente unida" e o presidente é "um farol" para os três filhos políticos: o senador Flávio, o deputado federal Eduardo (PSL-SP) e o vereador Carlos (Republicanos-RJ).

"Não é muito normal isso aí, quando você tem todo um grupo familiar envolvido na política. Da maneira como eu vejo, é óbvio que o presidente muitas vezes sente que está havendo algum tipo de parcialidade no tratamento que é dado a alguns integrantes da família dele e busca se contrapor a isso", disse Mourão.

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