ONGs processam Trump por repressão violenta a protestos contra morte de Floyd
Os autores da ação afirmam que foram violados os direitos constitucionais dos manifestantes que são garantidos pelas primeira e quarta emendas à Constituição americana
A União Americana pelas Liberdades Civis e outras entidades entraram na Justiça nesta quinta-feira (4) contra o presidente americano, Donald Trump, seu secretário de Justiça, William Barr, e autoridades envolvidas na repressão do governo ao protesto próximo à Casa Branca na segunda-feira (1º).
Os autores da ação afirmam que os réus violaram os direitos constitucionais dos manifestantes que são garantidos pelas primeira e quarta emendas à Constituição americana -liberdade de expressão, e veto a detenções e inspeções arbitrárias, respectivamente.
O ato em questão ocorria de forma pacífica em frente à Casa Branca até policiais e agentes da Guarda Nacional começarem a usar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar a multidão e abrir caminho para Trump.
Leia também:
'Você mudou o mundo', diz ativista durante homenagem a Floyd nos EUA
George Floyd morreu pela "pandemia do racismo e da discriminação", diz advogado
Autópsia encomendada por família de George Floyd conclui que ele morreu por asfixia
O presidente então caminhou alguns metros até a igreja de St. John, onde posou para fotos segurando uma Bíblia -o que irritou líderes religiosos. Os manifestantes protestavam contra o assassinato de George Floyd, um homem negro de 46 anos que morreu em Minneapolis depois que um policial branco pressionou o joelho sobre seu pescoço por quase nove minutos, enquanto ele era segurado contra o chão por outros três agentes.
Antes da dispersão do protesto, Trump fez um duro discurso no qual prometeu restaurar a ordem e ameaçou os estados com a mobilização de militares. Também figuram como autores da ação alguns manifestantes que foram afetados, o movimento Black Lives Matter (vidas negras importam), o Comitê de Advogados de Washington pelos Direitos Humanos e Assuntos Urbanos, o Comitê dos Advogados pelos Direitos Civis Legais e o escritório de advogados Arnold & Porter.
As entidades pedem que a Justiça proíba os réus de violar novamente esses direitos constitucionais, além de indenização pelos danos causados pelas forças de segurança. Assédio a jornalistas A União Americana pelas Liberdades Civis (Aclu, na sigla em inglês), ajuizou também uma segunda ação relacionada à atuação das forças de segurança durante atos sobre o assassinato de Floyd, desta vez contra a polícia de Minneapolis.
A organização argumenta que os policiais assediaram e agrediram jornalistas que cobriam os protestos na cidade, violando assim a liberdade de imprensa. Um dos episódios de tensão entre membros da imprensa e agentes que mais gerou repercussão envolveu o repórter negro Omar Jimenez, da CNN americana. Enquanto transmitia atualizações ao vivo sobre os atos, Jimenez foi detido e algemado pela polícia, assim como um produtor e um cinegrafista de sua equipe.
A câmera seguiu gravando, e a cena inteira foi exibida ao vivo durante um telejornal matinal. Jimenez aparece perguntando aos agentes, várias vezes, se eles gostariam que ele fosse para um outro local, mas ninguém responde. A polícia estadual não ofereceu nenhuma explicação para as detenções.
Não muito longe de onde o grupo foi preso, Josh Campbell, um repórter branco também da CNN, relatou uma experiência completamente diferente. Ele afirmou que conversou tranquilamente com agentes da Guarda Nacional, que pediram "educadamente que eu saísse de um lugar e fosse para outro. Não usaram algemas. Muito diferente do que Omar vivenciou", disse.