Como vai ficar o consumo da arte depois da pandemia?

Países da Europa e Estados Unidos já vivenciam reaberturas, Brasil prevê mudanças semelhantes

No Vaticano, a Capela Sistina: pouca aglomeração e máscaras obrigatórias - ANDREAS SOLARO / AFP/DIVULGAÇÃO

Nas últimas duas décadas, a indústria cultural foi marcada por mega shows, grandes bilheterias e um aumento significativo de festivais nacionais e internacionais. Com a pandemia da Covid-19, o setor precisará se adaptar drasticamente para evitar a contaminação em massa. Embora a epidemia ainda esteja no pico no Brasil, a reabertura de equipamentos culturais na Ásia, Oceania, Europa e Estados Unidos indica como será a nova realidade em um cenário sem vacina e métodos de controle da doença.

Uso obrigatório de máscaras, limitação do público, distanciamento e até sensores para controlar a proximidade entre as pessoas estão entre as medidas de reabertura de cinemas, museus, teatros e shows nas nações onde já há uma estabilização ou controle da doença. Espanha, Alemanha, Coreia do Sul, Estados Unidos, Itália e Polônia deram soluções semelhantes para evitar novos contágios, em planos de retomada que vão até começo de julho, a depender da situação epidêmica de cada país.

Nesta sexta-feira (1), o Governo de Pernambuco divulgou o plano de flexibilização em que prevê a liberação de equipamentos culturais - cinema, teatro e locais de exposição -, quando o Estado atingir o Grau 2 (sem contaminação comunitária), com capacidade de 1/3 do seu público. Já os eventos em geral devem ser realizados a partir o Grau 1 (quando há apenas casos importados). Segundo o documento, novos protocolos serão feitos para que isso seja possível.

Cada setor, uma solução

Inspirados na movimentação exterior, empresários e instituições preparam retornos com base nas recomendações sanitárias. No cinema, a principal mudança é para o drive-in (que as pessoas assistem dos seus carros). Nos Estados Unidos, alguns divisões administrativas autorizaram 100% do público nesta modalidade. Em Pernambuco, o Festival Cine PE sinalizou a programação para a modalidade, além de realizar outras atividades sem aglomeração. A rede Cinemark, com salas de exibição nos EUA e na América Latina, pretende retornar em meados de julho com redução de público.

Já no teatro, a limitação de plateia e acompanhamento das pessoas na entrada e na saída dos locais serão tendências apresentadas. A Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco e a Empetur, que administram o Complexo do Centro de Convenções de Pernambuco, elaboram um plano de segurança de acordo com o calendário do Estado. “Seguindo determinação do Governo do Estado, os teatros terão o retorno das atividades apenas quando Pernambuco estiver na fase 2 do controle da pandemia da Covid-19.”, diz a nota.

O Sesc-PE, com 15 unidades, diz que a retomada aos teatros e cinemas é mais cuidadosa. “Para as casas de teatro, estamos mais cautelosos. Tem indicativos para setembro, com da ocupação, com disciplinamento no acesso e saída do público, e também distância de assentos. Isso também vale para as salas de exibição do cinema”, afirma o gerente de Cultura, José Manoel Sobrinho. As medidas também preservam elencos de dança e teatro.

Além disso, inicialmente, as produções serão totalmente locais para evitar contágios de fora daquela região. As galerias de arte terão prioridades, porque oferecem menos risco. Elas seguirão um modelo semelhante aos do exterior, com medidas de segurança e mediadores para evitar o contato entre pessoas. De acordo com Sobrinho, outras atividades, como aulas de música, passarão por profundas transformações. Aulas individuais são previstas para julho, mas também dependem de protocolos oficiais de saúde.

MÚSICA

Os shows e festivais de música passam por uma situação ainda mais delicada, já que sempre aglomeram muita gente. O Festival Guaiamum Treloso, com edição marcada para maio passado, prevê voltar em novembro ou dezembro, mas aguarda decisão dos órgãos sanitários. Já o Coquetel Molotov afirmou que ainda não há uma posição definida.