Congresso vai acompanhar evolução da pandemia por dados de estados e municípios
A decisão de Alcolumbre foi tomada após a reunião de líderes do Senado no fim da manhã desta segunda (8). À tarde, o presidente da Casa confirmou que o colegiado trabalhará com os dados estaduais
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), confirmou na tarde desta segunda-feira (8) que a comissão mista que acompanha as ações de combate ao novo coronavírus vai trabalhar a partir de agora com os números fornecidos pelas secretarias estaduais de saúde.
No fim da semana passada, o governo Jair Bolsonaro decidiu mudar os parâmetros de divulgação dos números relativos à doença. Neste domingo (7), o governo divulgou dados conflitantes de casos confirmados e óbitos nas últimas 24 horas.
A decisão de Alcolumbre foi tomada após a reunião de líderes do Senado no fim da manhã desta segunda (8). À tarde, o presidente da Casa confirmou que o colegiado trabalhará com os dados estaduais.
"A comissão mista especial de acompanhamento do coronavírus trabalhará com os dados estatísticos da pandemia fornecidos pelos estados e DF. É papel do parlamento buscar a transparência em um momento tão difícil para todos."
Com a perda da credibilidade dos dados oficiais do Ministério da Saúde, os líderes da minoria, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e da maioria, Eduardo Braga (MDB-AM), apresentaram o pedido para que o Congresso faça o acompanhamento paralelo.
Os dados de domingo só foram confirmados pelo Ministério da Saúde mais de 12 horas depois de divulgar dois números diferentes de mortos pela doença. Segundo a pasta, o número correto era de 525 mortes pela Covid-19. A explicação para os números conflitantes na noite do domingo é de que os técnicos corrigiram "duplicações" e atualizaram os dados, resultando em um número menor.
Na semana passada, a pasta adiou o horário do boletim sobre a Covid-19 para as 22h. No início da crise no país, ainda na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, os dados eram divulgados às 17h. Com a chegada de Nelson Teich, o boletim passou para as 19h. Desde a última quarta-feira (3), já na gestão do general Eduardo Pazuello, a pasta passou a divulgação para as 22h.
Na sexta-feira (5), Bolsonaro não confirmou que era sua a ordem de adiar o boletim, mas disse que, com a mudança de horário, "acabou matéria no Jornal Nacional", em referência ao telejornal da Rede Globo. Para justificar o adiamento, o presidente afirmou que os dados sairiam "mais consolidados" às 22h. Em seguida, Bolsonaro citou novamente o telejornal e disse que o governo "não tem que correr para atender a Globo".
"Não interessa de quem partiu, é justo sair às 22h, é o dado completamente consolidado. Muito pelo contrário, não tem que correr para atender a Globo", disse na entrada do Palácio da Alvorada na sexta-feira. Na noite de sexta, a pasta deixou de incluir o total de mortes e de casos confirmados desde o início da pandemia. Apenas os dados das últimas 24h estiveram presentes nos boletins daquele dia, formato que se repetiu no dia seguinte.
Em seguida, uma série de ameaças de sonegação de dados e recuos por meio de notas do Ministério da Saúde causou polêmica e colocou em xeque a precisão dos dados. A primeira nota do Ministério, replicada na manhã de sábado (6) por Bolsonaro em suas redes sociais, indicava que seria permanente a ausência do acumulado de mortes e de casos confirmados nos boletins.
No fim da tarde de domingo, a pasta divulgou uma nova nota informando que estava criando uma nova plataforma, na qual voltaria a oferecer informações mais detalhadas sobre a pandemia. Poucas horas depois, em uma nova e extensa nota, a pasta confirmou que promoveria uma grande mudança na divulgação dos dados da Covid-19, além de confirmar a criação da nova plataforma.O foco central passaria a ser no número de mortes por coronavírus que aconteceram e tiveram a doença confirmada nas últimas 24 horas.