'Partida', de Caco Ciocler, reflete polarização política no Brasil
O ator e diretor lança seu novo documentário, que narra a viagem para ver Pepe Mujica, em plataformas online
"Partida” é o segundo documentário de Caco Ciocler - Divulgação
O ano é 2018, poucos meses após a vitória do presidente Jair Bolsonaro nas urnas. Ainda mergulhados no clima de acirramento político das eleições, uma equipe brasileira de cinema embarca em uma viagem de ônibus rumo ao Uruguai, com a meta de passar a virada do ano na companhia do ex-presidente Pepe (Mujica). É com essa premissa que o ator e diretor Caco Ciocler conduz “Partida”, seu segundo documentário, que chega às plataformas de streaming no dia 18 de junho.
Depois de passar por diversos festivais nacionais no ano passado, o filme estava previsto para estrear nos cinemas nacionais no segundo semestre de 2020. Com a pandemia do novo coronavírus, no entanto, precisou ser lançado diretamente nos serviços de vídeo sob demanda. Inicialmente, o longa-metragem estará disponível no Now, Vivo Play, Oi Play, Petra Belas Artes à La Carte, Filme Filme e Looke. Posteriormente, entrará em cartaz também no Itunes e no GooglePlay.
Em entrevista à Folha de Pernambuco, Caco Ciocler revelou que um de seus maiores medos era que o longa envelhecesse antes mesmo de estrear. “Cinema tem isso. A gente grava o filme e ele estreia, quando você tem sorte, um ou dois anos depois. Quando filmamos, o Brasil estava muito dividido. Metade das pessoas muito esperançosa e a outra metade meio desesperada. Obviamente, se as filmagens fossem hoje, outros assuntos entrariam na pauta e outros sairiam. Por outro lado, o País continua segregado, embora as porcentagens tenham mudado. Os dois lados continuam se acusando, sem nenhum tipo de escuta”, reflete.
A atriz Georgette Fadel, com uma elogiada carreira no teatro, é o personagem que conduz a história de “Partida”. Foi ao ouvir da boca dela, durante um ensaio, que ela se candidataria à Presidência da República em 2022, que o diretor decidiu realizar o documentário. O ator e empresário Léo Steinbruch surge como um companheiro de viagem e seu antagonista. Com ideologias contrastantes, a dupla representa a polarização política da época. “Senti que faltava uma voz dissonante. Todo mundo naquele ônibus, aparentemente, pensava de uma forma parecida. Por isso, convidei o Léo, que eu conheço há mais de 20 anos, sabia que tinha votado no Bolsonaro e era o único que aceitaria participar disso”, conta Caco. A atriz Georgette Fadel acompanhou a viagem (Foto: Divulgação)
No caminho até a chácara onde mora Mujica, perto de Montevidéu, ficção e documentário de entrelaçam. Propositalmente, nem sempre os limites entre encenação e realidade ficam claros para o público. “Com a câmera o tempo todo em cima da gente, você tende a virar a boa moça, a querer mostrar o quanto é legal. Mas chegou o momento que a gente percebeu que assim não tinha filme. Era necessário trazer humanidade, posições e contradições dentro de cada um de nós. Então a gente foi forçando a barra em algumas cenas, brigas e momentos de fragilidade de ambas as partes, para conseguir trazer todo tipo de público pra ouvir aquelas discussões”, aponta Georgette.
Nova Jerusalém
Se não fosse a pandemia, Caco Ciocler teria passado parte do mês de abril em solo pernambucano. É que ele estava confirmado no elenco da temporada 2020 da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, que precisou ser adiada para setembro. Com a quarentena, o ator confessa que a preparação para interpretar Jesus acabou ficando de lado. “Estou comendo mal. O cabelo e a barba até que estão ficando legais, mas um mês antes vou ter que tomar alguma providência sobre a pança”, brinca.
Depois de passar por diversos festivais nacionais no ano passado, o filme estava previsto para estrear nos cinemas nacionais no segundo semestre de 2020. Com a pandemia do novo coronavírus, no entanto, precisou ser lançado diretamente nos serviços de vídeo sob demanda. Inicialmente, o longa-metragem estará disponível no Now, Vivo Play, Oi Play, Petra Belas Artes à La Carte, Filme Filme e Looke. Posteriormente, entrará em cartaz também no Itunes e no GooglePlay.
Em entrevista à Folha de Pernambuco, Caco Ciocler revelou que um de seus maiores medos era que o longa envelhecesse antes mesmo de estrear. “Cinema tem isso. A gente grava o filme e ele estreia, quando você tem sorte, um ou dois anos depois. Quando filmamos, o Brasil estava muito dividido. Metade das pessoas muito esperançosa e a outra metade meio desesperada. Obviamente, se as filmagens fossem hoje, outros assuntos entrariam na pauta e outros sairiam. Por outro lado, o País continua segregado, embora as porcentagens tenham mudado. Os dois lados continuam se acusando, sem nenhum tipo de escuta”, reflete.
A atriz Georgette Fadel, com uma elogiada carreira no teatro, é o personagem que conduz a história de “Partida”. Foi ao ouvir da boca dela, durante um ensaio, que ela se candidataria à Presidência da República em 2022, que o diretor decidiu realizar o documentário. O ator e empresário Léo Steinbruch surge como um companheiro de viagem e seu antagonista. Com ideologias contrastantes, a dupla representa a polarização política da época. “Senti que faltava uma voz dissonante. Todo mundo naquele ônibus, aparentemente, pensava de uma forma parecida. Por isso, convidei o Léo, que eu conheço há mais de 20 anos, sabia que tinha votado no Bolsonaro e era o único que aceitaria participar disso”, conta Caco.
No caminho até a chácara onde mora Mujica, perto de Montevidéu, ficção e documentário de entrelaçam. Propositalmente, nem sempre os limites entre encenação e realidade ficam claros para o público. “Com a câmera o tempo todo em cima da gente, você tende a virar a boa moça, a querer mostrar o quanto é legal. Mas chegou o momento que a gente percebeu que assim não tinha filme. Era necessário trazer humanidade, posições e contradições dentro de cada um de nós. Então a gente foi forçando a barra em algumas cenas, brigas e momentos de fragilidade de ambas as partes, para conseguir trazer todo tipo de público pra ouvir aquelas discussões”, aponta Georgette.
Nova Jerusalém
Se não fosse a pandemia, Caco Ciocler teria passado parte do mês de abril em solo pernambucano. É que ele estava confirmado no elenco da temporada 2020 da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, que precisou ser adiada para setembro. Com a quarentena, o ator confessa que a preparação para interpretar Jesus acabou ficando de lado. “Estou comendo mal. O cabelo e a barba até que estão ficando legais, mas um mês antes vou ter que tomar alguma providência sobre a pança”, brinca.
Essa é a segunda vez que Ciocler participa do espetáculo local. Em 2012, ele interpretou Judas. Desta vez, o ator acredita que o papel dialoga bem com o momento. “A peça já era emocionante, mas a pandemia ressignificou tudo. As pessoas podem ter a leitura que quiserem dessa história, não tem como discordar que a essência do pensamento de Cristo era a dedicação ao próximo, especialmente aos menos favorecidos. Falar disso com a beleza e o amor que ele falava, hoje em dia, ganha uma outra dimensão”, acredita.