Série

Segunda temporada de 'Coisa mais linda' traz temas atemporais

Ambientada no Rio de Janeiro dos anos 1960, série da Netflix estreia novos episódios em 19 de junho

2ª temporada da série estreia em 19 de junho - Divulgação
É interessante como algumas séries consideradas “de época” conseguem provocar reflexões muito pertinentes aos tempos atuais. Um exemplo é “Coisa mais linda”, produção nacional da Netflix. Ambientada entre o final dos anos 1950 e começo dos anos 1960, a trama toca em temas que seguem em pauta mesmo com o passar das décadas, como empoderamento feminino e racismo. A segunda temporada, prevista para estrear em 19 de junho, promete aprofundar essas questões, com seis novos episódios. 
 
A primeira temporada da série, lançada no ano passado, deixa no ar o destino das protagonistas. Com a morte de Lígia (Fernanda Vasconcellos), as amigas Malu (Maria Casadevall), Adélia (Pathy Dejesus) e Thereza (Mel Lisboa) tentam seguir em frente, enfrentando cada uma seus próprios dilemas. Quem se junta ao grupo de protagonistas é Ivone (Larissa Nunes), irmã mais nova de Adélia, que deixa a adolescência e se torna uma potencial cantora.
 

“Na primeira temporada, nós construímos tudo meio que do zero, sempre com abertura para opinar e conversar com a direção. Acho que agora isso foi ainda mais forte, justamente pelo que a gente já havia construído. Aquilo que fizemos lá no início se manteve, porque são os mesmos papéis, só que em outras situações”, explicou Mel Lisboa, durante uma rodada de conversas on-line com parte do elenco. Sua personagem opta por dedicar-se à família, mas logo decide voltar a trabalhar, desta vez, como radialista. 
 
 
Já a batalhadora Adélia, vivida pela ex-modelo, atriz e apresentadora Pathy de Jesus, resolve se casar. Antes, ela precisa acertar as contas com o passado e entender o que aconteceu com Duque (Val Perré), seu pai. “O roteiro está um pouco mais rico para Adélia nessa nova fase. Ela tem questões próprias e para de orbitar em torno da Malu”, comemora. 
 
Destaque 
 
As histórias dos personagens negros, de maneira geral, ganham mais destaque desta vez. Para Ícaro Silva esse é um pequeno trunfo na luta por uma melhor representatividade negra no audiovisual brasileiro. “O legal é que a gente fala dos afetos desse homem (Capitão). Não estamos sexualizando, animalizando ou o colocando na linha de frente do tráfico, que é o que ocorre em muitas produções ainda. Ver isso nos apresenta uma nova dinâmica de sociedade”, defende o ator. 
 
Personagens negros ganham maior destaque em 'Coisa mais linda' (Foto: Netflix/Divulgação)
 
Enquanto as mulheres da série ganham ainda mais força e autonomia, os papéis masculinos mudam de postura em diversos aspectos. “Esses caras têm que se virar para manter as mulheres que eles tanto amam, superando pensamentos arcaicos e revendo preconceitos. Acho que essa evolução deles pode ser muito inspiradora para os homens que assistem ao seriado”, diz Gustavo Machado. Ele vive o produtor musical Roberto. “Coisa mais linda” tem como pano de fundo os bastidores da ascensão da bossa nova e a vida noturna no Rio de Janeiro da época. Por isso, a música é um elemento fundamental para o programa. 
 
Através da Netflix, a série é transmitida para mais de 190 países. Para atingir ainda mais o público estrangeiro, o serviço de streaming mudou o título para o mercado internacional de “Most beautiful thing” para “Girls from Ipanema”, aproveitando o reconhecimento que a música “Garota de Ipanema” tem fora do Brasil. Os atores contam que, desde a temporada passada, costumam receber mensagens de assinantes de outros países. 
 
“Uma vez uma menina me mandou um vídeo tocando bossa nova em inglês. É bonito ter esse feedback, saber que você faz parte de um produto global. Como artistas, a gente quer alcançar o máximo de pessoas”, aponta Ícaro. Criado por Giuliano Cedroni e Heather Roth, o seriado conta com direção de Caíto Ortiz, Hugo Prata e Julia Rezende.