América Latina supera 80 mil mortes por Covid-19; Europa reabre fronteiras
América Latina tem 81.140 mortes no total, das quais 43.959 no Brasil, o segundo país do mundo em número de óbitos depois dos Estados Unidos
Paciente abraça familiar através de proteção em hospital de São Paulo - Nelson Almeida/AFP
No mesmo dia em que a Europa abria suas fronteiras internas, a pandemia voltou a dar sinais de aceleração na América Latina e no Caribe, onde foi superada nesta segunda-feira (15) a barreira de 80 mil mortes por Covid-19, mais da metade registradas no Brasil.
Em meio ao temor de uma segunda onda de infecções após o registro de uma centena de casos em Pequim, o novo coronavírus soma mais de 8 milhões de contágios e 435.176 mortes no mundo, segundo contagem da AFP, com base em cifras oficiais.
E a América Latina sofre um duro golpe: desde que a doença fez a primeira vítima na região, em março, foram registradas 81.140 mortes no total, das quais 43.959 no Brasil, o segundo país do mundo em número de óbitos depois dos Estados Unidos.
Enquanto isso, os contágios na região alcançaram 1.690.089, a maioria também no Brasil, com um total de 888.271 nesta segunda. Assim, o Brasil sozinho, com 212 milhões de habitantes, supera os 865.013 casos registrados oficialmente em toda a Ásia.
O México, cujo governo considera que o pior já passou e retoma as atividades, segue o Brasil entre os países mais afetados pela pandemia na região: as mortes chegam a 17.141 e os casos confirmados já são 146.837, em uma população de 120 milhões de pessoas.
O Peru, onde 232.992 pessoas se infectaram com a Covid-19, tem a segunda maior quantidade de infecções da região depois do Brasil. Além de ter matado 6.860 pessoas no país, o vírus provocou uma queda histórica de 40,49% interanual do PIB em abril, informou o governo, que está prestes a autorizar a reabertura de shopping centers.
A pandemia tampouco dá trégua no Chile, onde a quarentena foi prorrogada em Santiago, em meio a um crescimento acelerado nas últimas semanas, alcançando 179.436 casos e 3.362 óbitos.
Enquanto isso, no Equador, outro dos países latino-americanos mais impactados, foram retomados os voos domésticos a Guayaquil, epicentro nacional da pandemia.
Oscar adiado
Embora o governo de Donald Trump tenha dito que não voltará a fechar a economia se houver uma retomada das infecções, nos Estados Unidos também se teme uma segunda onda de casos. O país é o que soma mais óbitos (116.114). Ainda que o número de mortes diárias tenha diminuído, cerca de 20.000 contágios são registrados a cada 24 horas, e o total supera os 2,1 milhões de casos.
Nesta segunda, o país registrou menos de 400 mortes relacionadas com a Covid-19 em 24 horas pelo segundo dia seguido, segundo cifras da Universidade Johns Hopkins, referência no acompanhamento de dados da pandemia. Com 385 mortes contabilizadas desde a noite de domingo, o país alcançou o menor balanço diário desde o fim de março.
Na área médica, as autoridades sanitárias americanas retiraram a autorização para uso emergencial da hidroxicloroquina, medicamento defendido por Trump e pelo colega brasileiro, Jair Bolsonaro. A decisão foi tomada em função da falta de eficácia do remédio e da preocupação com seus riscos.
Trump, que planeja celebrar um grande comício em Oklahoma, assegurou que estava prevista a ocorrência de novos casos, diante do avanço do vírus em alguns estados em meio aos protestos antirracistas. "Vamos nos ocupar dos pontos críticos", assegurou.
Enquanto isso, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou o adiamento da cerimônia do Oscar que, tradicionalmente celebrada em fevereiro, no ano que vem foi postergada em oito semanas e será celebrada em 25 de abril de 2021, depois que a pandemia obrigou o fechamento de salas e interrompeu as estreias na meca do cinema mundial.
Do outro lado do planeta, a China deu testemunho da longa batalha que o mundo trava contra o vírus. Os alertas de um ressurgimento da doença, vinculados a um mercado, se acenderam no país asiático, onde a pandemia de COVID-19 surgiu no fim de dezembro em Wuhan (centro).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou nesta segunda que foi detectada uma centena de casos em Pequim.
"Após 50 dias sem nenhum caso na cidade, foram confirmados agora mais de cem casos. Estamos investigando a origem e o alcance do surto", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"Inclusive os países que demonstraram sua capacidade de suprimir a transmissão da COVID-19 têm que continuar atentos para a possibilidade de reaparecimento" do vírus, advertiu. Este novo surto obrigou as autoridades de Pequim a fechar instalações esportivas e de lazer e intensificar os controles para contê-lo.
Na Índia, as autoridades anunciaram um novo confinamento a partir de sexta-feira na cidade de Chennai e vários distritos vizinhos no sul do país onde vivem 15 milhões de pessoas, devido a um aumento dos casos.
Europa, reconectada
A Europa continuou o relaxamento, com a abertura das fronteiras internas às vésperas do verão, após meses de isolamento. Nesta segunda, Alemanha, Bélgica, França e Grécia restabeleceram a livre circulação com todos os países da União Europeia (UE). A Grécia foi mais longe e receberá turistas de países como Austrália, Nova Zelândia, Japão e China.
Os primeiros alemães também chegaram às Ilhas Baleares, na Espanha, em um projeto piloto que receberá 11.000 turistas deste país. A Espanha, que registrou 27.000 mortos pelo novo coronavírus, antecipou para 21 de junho a reabertura de suas fronteiras à UE, com exceção de Portugal. "É um momento crítico para o qual temos nos preparado", disse o chefe de governo, Pedro Sánchez.
A Itália, onde houve mais de 34.000 mortos pelo novo coronavírus, abriu suas fronteiras em 3 de junho e já registrou dois novos focos nestes últimos dias em Roma. Na França, onde houve cerca de 30.000 mortos, o ministro da Saúde, Olivier Véran, avaliou que "o mais difícil da epidemia ficou para trás".