Com resultados promissores, dexametasona está disponível para uso
Corticoide mostrou potencial para reduzir a mortalidade em pacientes graves da doença
O anúncio de que os testes realizados pela universidade de Oxford com o corticoide dexametasona apresentaram resultados positivos no tratamento de pacientes com quadros mais graves da Covid-19 representou um sopro de esperança em meio à pandemia. Nesta quarta-feira (17), o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, disse que droga já era utilizada em alguns casos no Estado e que, agora, passará a compor o protocolo de tratamento de forma definitiva.
Segundo Longo, a corticoideterapia, na qual se encontra a dexametasona, substância utilizada para tratar inflamações, sempre foi opção terapêutica e vinha sendo utilizada especialmente nos casos em que havia resposta hiperinflamatória do organismo no combate ao novo coronavírus.
"Uma parte expressiva dos pacientes com a Covid-19 desenvolve uma tempestade inflamatória. Já havia relatos de melhora com o uso de corticoideteparia, entre eles a dexametasona. Esse entendimento da OMS (Organização Mundial da Saúde), mostrando redução da mortalidade de um quinto entre aqueles que precisam de oxigenioterapia e de até um terço para os que requerem assistência ventilatória, reforça essa impressão que já se tinha no manejo clínico desses pacientes e, sim, será alvo de alteração. Como acontece sempre que há evidência científica robusta, atualizamos o protocolo”, explicou, em entrevista coletiva online realizada na tarde desta quarta.
Diferente do Remdesivir - droga em teste nos Estados Unidos, com resultados positivos na diminuição do tempo de recuperação de pacientes graves, porém sem diferença robusta nos índices de mortalidade -, a dexametasona é uma medicação de mais amplo acesso e custo mais baixo.
"É extremamente dinâmica a Covid-19, estamos todos aprendendo no manejo clínico e toda vez que você tem evidência cientifica robusta no sentido de que uma droga traz melhoria quando utilizada em um determinado espectro de doentes, a gente tem obrigação de colocá-la em prática em nosso protocolo. Essa é uma medicação extremamente disponível, de custo muito barato e que tem na rede estadual de saúde para utilização. Os médicos já estão todos atentos para usar”, disse Longo.
O gestor, no entanto, alertou que a medicação não deve ser administrada por conta própria. "É preciso dizer que deve ser usada no momento certo, prescrito pelos médicos, porque toda vez que tem um anúncio como esse, há uma corrida pela medicação que gera desabastecimento para quem realmente precisa."
Casos leves
Membros da OMS, médicos e cientistas, porém, alertam que a dexametasona, assim como outros corticoides, não devem ser usados sem orientação, sobretudo com intenção profilática ou em casos leves da Covid-19. Isso porque a substância diminui as defesas do organismo e, em uma pessoa com quadro mais brando, poderia até ajudar o novo coronavírus a se espalhar.