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Alemanha, Grécia e Bélgica retomam restrições parciais após novos focos de coronavírus

O surgimento de casos fechou parcialmente três escolas em Bruxelas, na Bélgica

Coronavírus na Bélgica - Kenzo Tribouillard / AFP

Depois da China, chegou a vez de a Europa se preocupar com novos surtos de coronavírus. O surgimento de focos recentes na Alemanha, na Grécia e na Bélgica forçou governos a novas quarentenas pontuais e confirmou o que epidemiologistas vêm pregando desde que países começaram a retomar suas atividades: não é possível baixar a guarda até que haja vacina eficiente, segura e disponível a todos.

Por causa desse risco de novos focos, a ECDC (agência europeia de controle de doenças) recomendou em seu último relatório que medidas como a recomendação de trabalho remoto, a quarentena de quem tenha tido contato com pessoas infectadas e os programas de teste sejam mantidos em todo o território dos países independentemente da evolução da epidemia.

"Nesta fase da pandemia, é vital monitorar de perto a situação epidemiológica e o impacto das intervenções implementadas, com uma estrutura de vigilância robusta e uma forte estratégia de testes, para evitar ressurgimento da Covid-19", diz a agência.

Nas últimas semanas, vários países europeus relaxaram suas medidas de confinamento e, desde segunda, começaram a abrir progressivamente suas fronteiras internas. Na Eslovênia, porém, a equipe que aconselha o Ministério da Saúde sobre o coronavírus pediu a volta do controle nas fronteiras por causa do aumento de casos em países vizinhos.

Três dos novos focos ocorreram na Alemanha.
Em Gottingen, no centro do país, cem novas infecções foram confirmadas em um bloco de apartamentos, colocando em quarentena pelas próximas duas semanas os 700 moradores do quarteirão. Outro edifício da cidade está sob observação, com parte dos moradores em quarentena.

O governo da região estabeleceu como gatilho um índice de 50 casos por 100 mil habitantes para colocar toda a cidade em confinamento -Gottingen tem no momento 44,86.

No sul de Berlim, cerca de 70 moradores contraíram o coronavírus no distrito de Neukolln, colocando em quarentena cerca de 370 famílias moradoras de sete blocos residenciais.

Outro surto, numa fábrica de carne processada, contaminou 657 pessoas, colocou 7.000 em quarentena e fechou escolas no estado da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste alemão.

No norte da Grécia, na região de Xanti, todos os moradores de uma comunidade foram colocados em confinamento por sete dias, após o registro de quatro mortes e mais de 70 novos casos.

O surgimento de casos também fechou parcialmente três escolas em Bruxelas, na Bélgica. A suspensão das aulas é uma das medidas às quais a ECDC faz ressalvas, por considerar que tem pouco efeito sobre crianças menores e pode ter mais custos que benefícios.

O governo belga afirmou que novos casos em escolas e outras instituições já eram previstos, e que os fechamentos devem ser pontuais e, de preferência, sem afetar todos os alunos das escolas.

Segundo o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, novos focos de coronavírus podem aparecer mesmo em países onde a epidemia foi controlada e não significam uma segunda onda da doença, desde que haja sistemas capazes de localizar as infecções e tratá-las, rastrear todos os contatos e isolá-los.

Apesar dos focos recentes em alguns países, a ECDC avaliou em seu último relatório que a probabilidade de infecção por coronavírus é baixa nos países que não registram mais transmissão comunitária e nos que têm programas de testes intensivos.

O risco permanece alto em áreas onde medidas apropriadas de distanciamento físico não existem ou onde há transmissão comunitária acelerada.
Segundo a agência, Polônia e Suécia ainda mostram crescimento no número de casos -o órgão acompanha os 27 membros da UE, mais Noruega, Islândia, Lichtenstein e Reino Unido.

O número de novos casos ficou abaixo de 2 por 100 mil habitantes nas duas semanas anteriores em 28 países. Portugal e Reino Unido tiveram entre 2 e 10 novos casos por 100 mil habitantes, e a Suécia ficou acima de 10/100 mil.

"Continua a haver incerteza quanto à extensão da circulação do coronavírus, por causa de informações limitadas sobre contágios fora das cadeias conhecidas ou pela importação entre países", disse a agência.

Segundo a ECDC, não é possível calcular com precisão o impacto dos confinamentos na redução do contágio, mas elas "parecem ter sido associadas, pelo menos temporariamente, a reduções no número de casos relatados recentemente".

A ECDC informou que, na média dos 31 países acompanhados, a taxa de mortes por 100 mil habitantes até a semana passada era de 32,9, variando de 0,5/100 mil na Eslováquia a 83,9/100 mil na Bélgica.

A seção europeia da OMS afirmou que está acompanhando a trajetória da pandemia e que os países precisam calibrar constantemente a retomada das atividades, para sufocar focos e impedir que o coronavírus volte a se espalhar.