Humor

Humoristas se reiventam e fazem o público rir na pandemia

Com a impossibilidade de realizarem shows ou gravarem programas de TV, os comediantes recorrem aos vídeos feitos em casa e publicados nas redes sociais

Gustavo Pardal, humorista pernambucano - Divulgação

Fazer as pessoas rirem, mesmo diante de um noticiário pouco animador, tem sido a missão dos humoristas brasileiros em tempos de pandemia. Sem a possibilidade de subir aos palcos ou gravar programas de TV, esses artistas precisaram se reinventar. Muitos encontraram nas redes sociais e nos vídeos feitos em casa novas formas de levar um pouco de humor ao público que quer fugir do tédio - e da angústia - da quarentena. 

Criar conteúdo para a internet já estava na rotina de Gustavo Pardal, mas após a pandemia o comediante pernambucano passou a se dedicar muito mais a essa tarefa. Com a agenda de apresentações de stand up comedy cancelada, ele viu no meio digital a única forma de manter o contato com os fãs e continuar em atividade. 

“Costumo funcionar melhor sob pressão. Quando me vi em casa, sem poder sair para trabalhar da forma como eu estava acostumado, a única solução que eu vi foi inovar. Passei a fazer coisas que antes eu não fazia tanto. Estou gravando e publicando vídeos novos todos os dias, escrevendo especificamente para esse meio e pedindo mais a opinião dos meus seguidores. Acho que, se você souber usar a internet da forma certa, talvez descubra uma mina de risadas”, afirma.


Antes da pandemia, Pardal costumava preencher sua página no Instagram, principalmente, com trechos gravados dos seus shows e pegadinhas realizadas em locais públicos. Com o confinamento, o ambiente doméstico passou a ser o único cenário possível e o humorista agora conta mais com a ajuda dos familiares. “Cheguei a gravar shows na sala de casa, com esposa, filha, irmão, mãe, pai e avô como plateia”, conta. Os vídeos com melhor alcance de público em sua conta oficial são os em que ele aparece fazendo piada com cidades e bairros pernambucanos. “Deu muito certo essa ideia, porque as pessoas se identificaram com as coisas que eu falo”, diz.
 

TV

No ar com o programa “A Culpa é do Cabral”, no canal por assinatura Comedy Central, o também pernambucano Rodrigo Marques vem se dedicando às lives. “Confesso que tenho feito um bocado e estou adorando, porque consigo trocar uma ideia muito aberta com o meu público. Mesmo recebendo as pessoas no final dos shows, nunca tinha sido algo pegando feedback com as pessoas. Mesmo quando as apresentações voltarem, é algo que vou tentar manter”, revela.

Rodrigo Marques, comediante pernmabucano, tem participado de diversas lives (Foto: Divulgação)


Grandes nomes do humor nacional também estão recorrendo ao mundo digital, utilizando recursos simples em suas gravações. Marcelo Adnet, por exemplo, mantém desde abril o “#SintaSeEmCasa”, exibido nas redes sociais, na plataforma de streaming Globoplay e em programas da TV Globo. Paulo Vieira também grava da própria casa o "Diário do Coronga", nas redes sociais, em que satiriza conversas populares sobre o coronavírus. Nesta sexta-feira (26), Bruno Mazzeo estreia no Globoplay a série “Diário de um Confinado”, contracenando virtualmente com nomes como Lázaro Ramos, Arlete Salles e Fernanda Torres.

Para Gustavo Pardal, o humor ganha ainda mais relevância em tempos de pandemia. “Rir é fundamental sempre e mais ainda quando estamos vivendo momentos difíceis. Mesmo com o isolamento um pouco mais flexível nos últimos dias, as pessoas ainda estão muito carentes. Recebo mensagens de gente que não vê a hora disso tudo passar. Por isso, tento me dedicar ao máximo para que o público se sinta um pouco mais aliviado vendo o meu trabalho”, afirma.