LGBTQI+

'Aceitação' da homossexualidade no Brasil cresceu de 61% em 2013 para 67% em 2019

Entre os 34 países analisados, o Brasil aparece no 16º lugar, atrás dos outros dois Estados latino-americanos incluídos: México (14º) e Argentina (10º)

Bandeira LGBTQI+ - Janek Skarzynski / AFP

Uma pesquisa do Instituto Pew indica que 67% dos brasileiros dizem acreditar que a homossexualidade deveria ser aceita pela sociedade, um aumento de seis pontos percentuais desde a realização da última edição do levantamento, em 2013.

Entre os 34 países analisados, o Brasil aparece no 16º lugar, atrás dos outros dois Estados latino-americanos incluídos: México (14º) e Argentina (10º). Ambos já apareciam à frente do Brasil no levantamento anterior e tiveram altas mais expressivas: 15 pontos percentuais entre os mexicanos e 10 entre os argentinos.

O país vizinho foi o primeiro entre os três a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em 2010, durante o governo de Cristina Kirchner. No México, esse direito varia de uma região a outra. Na Cidade do México, o casamento gay foi legalizado em 2009, mas só passou a ter validade em todos os territórios após uma decisão da Suprema Corte, em 2010.

Desde 2011, os estados de Coahuila e Chihuahua, ao norte, e Quintana Roo, ao sul, também legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo gênero. Nos pólos extremos do ranking estão a Suécia, onde 94% se disseram a favor da aceitação da homossexualidade, e a Nigéria, na qual apenas 7% dos entrevistados responderam o mesmo.

A pesquisa, realizada em 2019 e divulgada nesta quinta-feira (25), mostra que, embora mais da metade dos entrevistados em 16 dos 34 países pesquisados diga que a homossexualidade deve ser aceita pela sociedade, discrepâncias expressivas entre os índices nacionais persistem.

Segundo o instituto, um dos fatores que influenciou as respostas é o alinhamento político dos entrevistados: pessoas mais à direita apoiam menos o tema do que quem está à esquerda no espectro político. Nos Estados Unidos, 53% dos direitistas responderam a favor da aceitação –33 pontos percentuais atrás dos esquerdistas, que registraram 86%.

No país, pautas progressistas como a legalização do aborto e do casamento gay, e a proibição de discriminação de pessoas transexuais no ambiente de trabalho ganharam terreno graças a decisões da Suprema Corte. Os legisladores federais não conseguiram formar maioria para adotar leis sobre esses temas -nem a favor, nem contra.

Essas demandas seguem sendo altamente sensíveis entre o eleitorado americano –a proibição do aborto, por exemplo, é uma das principais plataformas do Partido Republicano. A preferência política também é acentuada nos países europeus com governos populistas de direita ou nos quais há participação expressiva de partidos com esse perfil na política nacional.

Na Hungria de Viktor Orbán, por exemplo, 40% daqueles que se identificam com a direita responderam a favor, contra 61% daqueles que se alinham à esquerda. Outro fator determinante para a percepção da homossexualidade, segundo o Instituto Pew, é a idade. Em 2 de cada 3 países analisados, os jovens se mostraram significativamente mais propensos a serem favoráveis na questão.

A diferença entre as respostas do grupo de 18 a 29 anos daquelas dos entrevistados de mais de 50 chegou a 56 pontos percentuais na Coreia do Sul, o país que mostrou a maior diferença generacional. O Japão fica em segundo lugar desse índice: a proporção de jovens favoráveis à aceitação é 36 pontos percentuais mais alta. Seul também teve a maior diferença no recorte de gênero: 51% das mulheres se dizem a favor, enquanto apenas 37% dos homens concorda com esse posicionamento.