Começa nesta sexta-feira quarentena mais rígida em Caruaru e Bezerros
Apesar de os números apontarem uma estabilização no número de casos e óbitos pela Covid-19 em Pernambuco, o Agreste registrou aumento expressivo na disseminação da doença. Para tentar frear a alta da transmissão do novo coronavírus, moradores de Caruaru e Bezerros, no Agreste de Pernambuco, começam, nesta sexta-feira (25), uma quarentena mais rígida que vai durar dez dias. Os dois municípios foram responsáveis por 71% do aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na região, que pulou de 267 para 358 na última semana.
Até o dia 5 de julho, a população de Caruaru e Bezerros só poderá sair de casa para ir a supermercados, farmácias, padarias, postos de gasolina e serviços de saúde. Também será permitido, ao longo desses dez dias, o funcionamento das atividades industriais, da construção civil (com 50% da capacidade) e de restaurantes para delivery. A expectativa das autoridades sanitárias é que o índice de isolamento social atinja um patamar superior a 60% no Agreste para impactar positivamente os números da doença. Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), ontem a região estava com uma taxa de 41,8%, a pior do Estado.
Para o vice-coordenador do Instituto para Redução de Riscos e Desastres de Pernambuco (IRRD-PE), Jones Albuquerque, já era esperado o aumento de pessoas infectadas pelo coronavírus no Agreste. “A região concentra as maiores cidades do Estado depois da Região Metropolitana e tem vários canais de comunicação, me refiro a BRs e PEs. Desde abril alertamos que a BR 232 era um canal de transmissão pela quantidade de cidades que tem no seu percurso e por ser muito usada pelos pernambucanos”, disse o pesquisador que tem feito análises diárias sobre o cenário da Covid-19.
Segundo Jones Albuquerque, o fim da quarentena mais rígida na Região Metropolitana do Recife (RMR) tem influência direta no aumento dos casos no Agreste. “As atividades comerciais começaram a voltar e com isso o fluxo de tudo, mercadorias, passageiros. Deveríamos travar as duas regiões. Só assim, em bloco, teríamos um melhor resultado. A decisão da quarentena está correta, mas precisaria ser mais abrangente”, disse. Ele defende que ainda não é o momento de relaxar as medidas restritivas de isolamento social. “Estamos em pandemia, ou seja, a doença está em todo lugar”, acrescentou o pesquisador.
A ampliação da rede de assistência aos pacientes de Covid-19 é outro fator determinante no combate à doença. Atualmente, apenas em Caruaru já são 143 leitos dedicados à Covid-19, sendo 74 de UTI. Depois do Recife, é a cidade com mais vagas abertas pela gestão estadual. Para acompanhar o cenário local, o secretário estadual de Saúde, André Longo, visitou ontem o Hospital Mestre Vitalino (HMV), onde foi instalado um Hospital de Campanha, que já conta com 106 leitos efetivamente ativos e abrigará mais 66 nas próximas semanas. “É preciso entender que todo o Agreste deve colaborar. Se o cenário não mudar, poderemos adotar outras medidas, inclusive para outros municípios da região", disse o secretário durante a visita.
Para garantir o cumprimento da medida decretada pelo Governo de Pernambuco, a Secretaria de Defesa Social (SDS) colocará em prática a Operação Quarentena, com o lançamento diário de 274 policiais militares, 64 policiais civis e 30 bombeiros militares para fiscalizar a restrição das atividades econômicas nas duas cidades do Agreste. O policiamento está reforçado nas zonas comerciais, feiras, vias de acesso e áreas rurais para garantir o cumprimento de medidas sanitárias decretadas pelo governador Paulo Câmara. A população pode colaborar denunciando casos de descumprimento, por meio do telefone 190, do Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciods).
“Nosso objetivo é de orientar e fiscalizar as medidas, mas em caso de descumprimento às determinações contidas nos decretos voltados para o combate à pandemia do Novo Coronavírus, as forças policiai podem autuar por descumprimento do artigo 268, do Código Penal Brasileiro”, disse o secretário de Defesa Social, Antonio de Pádua.