Futebol

Para Sport, manter-se na Série A virou necessidade

Clube depende de longa permanência na elitedo futebol nacional para recuperar estabilidade financeira, um grande desafio em meio a tantos problemas e concorrência

Philip durante movimentação no CT do Sport - Anderson Stevens/Sport Club do Recife

Ano passado, quando a torcida do Sport invadiu o gramado para comemorar o acesso do time à Série A, após a vitória de virada por 2x1 sobre a Ponte Preta, na Ilha do Retiro, não imaginava o quanto o ano de 2020 seria difícil para o Leão. No mês passado, a empresa especializada em serviços de auditoria, consultoria e planejamento, Ernst & Young, fez uma análise com os balanços financeiros dos principais clubes do País, referentes à temporada passada. De acordo com o estudo, o Rubro-negro tem uma dívida de R$ 178 milhões, somados os últimos cinco anos. Deste montante, R$ 145 milhões têm que ser quitados a curto prazo. Um problema para uma instituição que tem como meta obter uma receita de R$ 61 milhões até dezembro. Continuar na difícil Série A nos próximos anos será a única forma de aliviar o aperto financeiro. 

A crise financeira acabou se agravando pela diminuição de receitas durante o período sem jogos, em meio a pandemia do novo coronavírus. Além disso, o Sport vem sofrendo com ações trabalhistas na Justiça. São aproximadamente 30 jogadores que passaram pelo clube e cobram valores referentes a direitos que não foram acertados. Um deles é o volante Thallyson, revelado na base leonina, que pede R$ 800 mil na 1ª Vara do Trabalho do Recife. Em maio,  o Leão voltou a ficar proibido de inscrever jogadores, por conta de atraso no pagamento da dívida com Mark González. Em dezembro, o time rubro-negro ficou bloqueado no sistema da CBF por causa do débito com o chileno, o que voltou a se repetir em maio, desta vez por atraso no parcelamento da dívida com o atleta estrangeiro.

De acordo com o vice-presidente do clube, Carlos Frederico, para o Sport voltar a ter estabilidade financeira, a permanência na Série A neste ano será essencial. "Se voltarmos para a Segunda Divisão e voltar a receber algo em torno de R$ 6 milhões será o caos. Então, não há como planejar outra coisa que não seja a permanência na Série A. Continuar na elite eleva nossos ganhos, não só com cotas televisivas, mas também com patrocinadores", relatou o dirigente. 

Com a participação na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro, o Sport teria um aumento significativo nas cotas televisivas. Porém, por causa de adiantamentos de verbas, o clube tem uma dívida de cerca de R$ 16 milhões com a Rede Globo, que vem sendo debitada mês a mês. Com atrasos salariais e a falta de recursos agravada pela pandemia do novo coronavírus, o clube fez uma série de demissões em maio e reduziu salários de funcionários usando a Medida Provisória 936. 

Segundo Carlos Frederico, o trabalho para reerguer o clube terá que ser bem feito, e o apoio do torcedor será fundamental. "É um processo que leva bastante tempo. São no mínimo seis anos de administração pés no chão, sem gastar mais do que pode, como temos feito. É um plano muito audacioso de longo prazo, onde o torcedor também teria que ter paciência", explicou.